𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸

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𝚂𝚎𝚞𝙽𝚘𝚖𝚎

"Temos um novo aluno, Senhor Josh Beauchamp." Senhor Hubbard falou apontando para o rapaz loiro "Veio do Canadá, certo?"
"Que merda." Krys falou soltando uma risada.
"Ao contrário de você nem todas as pessoas de países diferentes são babaca, e por sinal o Canadá é um ótimo lugar para se viver." falei sem me dar ao trabalho de olhar para ele.
"Alguém tá na TPM?" perguntou rindo e fazendo um hi-five com Bailey "Sabe eu acho que você deveria começar a tomar o seu remédio da TPM antes de vir pro Colégio."
"Wow." falei debochada "Qual é a sua mentalidade para achar que menstruação ainda é uma piada válida? Parou na puberdade?"

Krys me encarou levemente confuso e eu escutei o Senhor Hubbard suspirar, e eu já previ oque viria a seguir.

"(SeuNome)..." falou "...nem preciso dizer."

Assenti puxando a minha mochila para o ombro e pegando o meu livro de cima da mesa e então sai de sala. Era quase costumeiro o Senhor Hubbard me colocar para fora da sala dele, era quase como uma piada interna nossa.
Parei na parte de fora da sala da Senhora Karlberg, que agora estava aos gritos sobre não poder colocar fogo nas bolas de futebol.

"E que isso não se repita!" gritou enquanto o garoto saia aos passos rápidos da sala.

Encarei o menino sumir pelo corredor e então entrei na sala da Senhora Karlberg, que tinha uma gota de suor escorrendo pela testa enquanto o seu rosto estava vermelho de raiva.

"Já fez alguém chorar hoje?" perguntou rapidamente.
"Não, mas ainda são dez horas da manhã, ainda consigo antes do intervalo." falei me sentando.
"Sabe..." falou se virando para mim com um sorriso "...muitas pessoas têm vindo falar sobre você (SeuNome), elas te definem como uma pessoa..."
"Espirituosa?" perguntei de forma debochada.
"Na verdade uma completa vaca, e se você quer saber o Senhor Doherty retirou as acusações contra você."
"Eu já disse, ele acertou o nariz dele, não fui eu." tentei me defender.
"Com um taco de beisebol?" perguntou arqueando as sobrancelhas.
"Não é minha culpa se ele não tem uma boa mira."

Ela respirou fundo como se pedisse a Deus um pouco de paciência para não perder o réu primário comigo, nessa situação, oque me fez sorrir, tinha essa enorme capacidade de fazer as pessoas ficarem ou muito irritadas comigo ou muito irritadas, era quase o melhor dos dois Mundos, eu era a Hannah Montana das odiadas.

"Mais alguma coisa?" perguntei com uma pitada de ironia.
"Vá logo." mandou.

Agradeci e sai da sala seguido para a aula de biologia, onde possivelmente iríamos ficar analisando fígados de porco que o professor conseguiu no mercado do bairro.

"Soube que você foi mandada para orientadora." Sina falou se sentando ao meu lado.
"Ela falou que eu sou uma pessoa espirituosa." falei de modo dramático.
"Você não quis dizer uma vaca megera?" falou me fazendo revirar os olhos.
"Algo do gênero." resmunguei "Eu só precisava de um café, forte."
"Soube?" perguntou séria.
"Qual fofoca adolescente eu fiquei de fora?" perguntei me inclinando em direção dela.
"Noah Urrea está de volta." falou de modo mórbido.
"Eu achei que ele tinha ido para o corredor da morte." falei rindo "Ou algo do gênero."
"Ele me dá arrepios." falou ainda séria.
"Tudo te dar arrepios Sina." falei ainda rindo um pouco.

Tentei desvencilhar o olhar quase mórbido que havia invadido a feição de Sina, ao mesmo tempo que Noah entrava na sala de aula, e consegui reconhecer ele brevemente como sendo o garoto que havia colocado fogo nas bolas de futebol mais cedo.
Desviei o olhar colocando em minha mente o quão idiota era aquilo, com toda a certeza que eu tinha ele não havia sido preso, e muito menos havia vendido um pedaço do fígado no mercado negro e não havia comido um pato vivo deixando apenas as patas e o bico, ele era um rapaz normal que as pessoas gostavam de inventar fofocas.

[...]

"Woah, we're half way there" cantei baixo enquanto guardava os livros na prateleira "woah, livin' on a prayer."

Terminei de colocar os exemplares de monstros clássicos no lugar que eram seus por direito e comecei a empurrar o carrinho em direção da entrada da biblioteca, onde eu passava a maioria dos meus dias trabalhando.
Levantei uma das sobrancelhas ao ver Any parada a alguns metros de mim articulando de forma exagerada, como se falassem alguma coisa realmente importante.
Ergui um dedo pedindo silêncio e dei pause na música que eu estudava, que agora era I Want To Break Free, do Queen, e fiz um sinal para que ela falasse de uma vez.

"Estava comentando que você canta muito bem." falou sorrindo "E que você deveria tentar uma vaga no teatro, ou no coral."
"Okay." falei me virando para ela de forma bruta "Oque você quer?"
"Tá, vai ter essa festa..." falou fazendo uma breve pausa "...e você sabe como os nossos pais são, então você poderia sair na sexta pra fazer qualquer coisa pra eu ir na festa?" pediu.
"Vou pensar." falei voltando a empurrar o carrinho.
"Como assim?" perguntou vindo em minha direção.
"Any... você veio até o meu trabalho falar de uma festinha qualquer que fazem todos os finais de semana, eu posso ser demitida, sabia?" falei.
"Você não precisa trabalhar aqui."
"Mais eu gosto, então dá pra vazar e me deixar fazer o meu trabalho?"

Any apenas assentiu saindo do meu campo de vista me deixando sozinha com a minha música e os meus fones de ouvido, deixando agora o som do Radiohead me levar para longe dali.

Use SomebodyOnde histórias criam vida. Descubra agora