Tequila!

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Jennifer

Já era tarde da noite quando acordei com gritos vindos do outro lado da parede. Me levanto assustada. Por algum motivo, me sinto mal por ouvir a conversa. Vou até a parede e encosto minha orelha para poder escutar melhor. Não é completamente eficaz, mas funciona um pouco.

— Pare de defender aquela vagabunda!

Era a voz de uma mulher, provavelmente a namorada de Colin. De repente me dou conta de quem era a vagabunda a quem ela se referia. Eu. No dia anterior eu era apenas Jennifer Morrison, a atriz apaixonada por um homem que não conhecia. Hoje, ainda sou Jennifer Morrison, mas também a vagabunda que era xingada pela namorada que não sabia que ele tinha. Uma reviravolta e tanto, devo dizer.

Não posso dizer que fico feliz em ouvir o que ela diz, não fico mesmo. Mas o que posso fazer? Não posso bater na porta ao lado e me defender. Dizer que não sabia onde estava me metendo, que ninguém havia me contado nada.

Apenas continuo a ouvir. Um silêncio perdura por um momento, até que uma voz masculina baixa e calma começa a falar.

— Não a chame desse jeito!

Era Colin me defendendo. Não faz mais do que sua obrigação, afinal, era ele quem havia me colocado nessa situação. Só de ouvir sua voz, meu coração dispara, está dividido. Parte de mim quer odiá-lo, a outra parte? Quer perdoá-lo.

Resolvo dar privacidade a eles me afastando da parede. Tudo parecia ter ficado calmo, mas não por muito tempo. Minutos depois, uma porta se bate furiosamente e dou um pulo com o barulho. O que será que aconteceu? Quem saiu furioso daquele jeito?

Abro minha bolsa e pego o celular. Rapidamente envio uma mensagem desesperada.
"Precisamos conversar. Agora"

Em questão de segundos vem a resposta.

"Você tem sorte de que eu sou uma pessoa extremamente paciente. Eu deveria te matar por me acordar"

Convenço-a de que preciso muito conversar com ela e que era urgente. Felizmente, ela concorda e começo a me arrumar para ir à sua casa.

De dentro do banheiro, escuto batidas na porta. Quem poderia ser a essa hora? Visto minha roupa o mais rápido possível e atendo a porta.

— Posso entrar?

Era Colin.

— Acredito que não seja a melhor ideia — digo na esperança de convencê-lo de que estava certa, e a mim também. Luto contra todos os meus instintos ao sair do meu quarto e encará-lo no corredor.

Aqueles olhos azuis, de novo. Estavam diferentes dessa vez. Normalmente estão cheios de vida, brilhantes como estrelas e acesos como o Sol. Agora, seu olhar escuro mostrava tudo o que estava sentindo. Ele não conseguia se manter inexpressivo nem se quisesse, seus olhos inchados e bochechas úmidas entregavam o que ele esteve fazendo. Colin chorou. Nunca tinha o visto assim.
— Eu sei que sou a última pessoa que você gostaria de ver agora, mas preciso fazer isso — Colin se mantinha imóvel enquanto falava.

Fazer o que? O que ele quer dizer?

— Eu sei que errei com você, errei com muitas pessoas a minha volta recentemente. E também sei que já me desculpei antes, só espero que um dia você possa me perdoar pelo que te fiz passar. Por isso, ficarei fora do seu caminho. Essa era a última coisa que eu queria, ficar longe, mas por perto eu te machuco e não quero isso — Colin diz esboçando um sorriso fraco. Tenho certeza que ele se esforçou muito pra fazer isso porque em questão de segundos seu rosto se fecha novamente.

Colin se vira e anda em direção ao elevador antes que eu possa dizer algo.

— Mas, Colin...

A porta do elevador se abre. Ele olha pra trás e nossos olhares se encontram, vejo uma lágrima escorrer por seu rosto até que ele some aos poucos enquanto as portas se fecham. Por que está triste, Jennifer? Não era isso que queria?

Like Magic - 𝐂𝐨𝐥𝐢𝐟𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora