Are you afraid of some fire?

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Helen

Depois do casal maravilha ir embora, volto para a minha mesa e continuo tranquilamente a tomar meu café. Reflito sobre o que havia acabado de acontecer e sinto apenas ódio pulsando em minhas veias. Só de lembrar da cena, os dois juntos bem na minha frente, sinto vontade de jogar o copo que estava em minhas mãos na parede. Até teria pena do Colin se não o odiasse tanto, o amor não correspondido ou o amor impossível doem tanto quanto um coração partido. Não se engane, não há dor em meu coração, deixei de ter esse sentimento há muito tempo. Foi a melhor decisão que já tomei na vida, as coisas ficam muito mais claras quando não há o seu lado emocional bloqueando o seu racional.

Interrompendo meus pensamentos, dois homens encapuzados entram na cafeteria. Me preparando para um possível assalto, começo a guardar as minhas coisas e me levanto discretamente de onde estava sentada. Para minha surpresa, os dois homens cujos rostos não eram visíveis vinham em minha direção. Um deles fez um movimento com a mão me mandando sentar, o que obedeci. Os dois sentaram na minha frente e tiraram os capuzes pretos, finalmente revelando suas identidades.

Uma cicatriz que atravessava o olho esquerdo do homem a direita era a única coisa que o distinguia do à esquerda. Gêmeos, eu suponho. Seu rosto era tomado por marcas de expressão, já seu irmão tinha muitas tatuagens, a que mais me chamava atenção eram duas lágrimas, uma em cada olho. Mesmo com essas características, seus traços asiáticos eram perceptíveis. Pareciam ser indianos, ou algo parecido.

Arrumo minha postura na cadeira para fingir segurança, mas, na verdade, estava arrepiada. Encaro os dois com a melhor expressão impassível que poderia fazer naquele momento.

— Quem são vocês?

O homem tatuado solta uma risada debochada.

Nois é o Tico e o Teco — ele ironiza. — Quem tu acha, madame?

— Por favor, desculpe o meu irmão senhora Helen. Meu nome é Tahir e ele é Amir — o homem com a cicatriz diz apontando para si e para o irmão. — Nós conversamos por telefone hoje mais cedo quando a senhora nos contratou para aquele serviço.

Agora tudo fazia sentido, sei exatamente quem são.

— Ah, então são vocês... os incompetentes. Sabia que não deveria confiar em pessoas indicadas pelo imbecil do meu irmão.

— Nós pedimos desculpas, senhora. Não tínhamos como saber que...

— Não me interessa! — eu o interrompo. — Vocês tinham UM trabalho e falharam. Incompetentes!

— Eai, tiazona? Vai continuar falando com nois desse jeito?

— Como você ousa? Eu te contratei, você me deve respeito — digo perdendo um pouco do autocontrole.

— Por favor, não vamos nos exaltar. O fato é que, sim, nós falhamos, mas não tínhamos como prever que um cara apareceria para ajudar a tal mulher loira — Tahir diz com uma das mãos segurando o irmão e a outra em minha direção, na tentativa de nos acalmar.

— Por que não continuaram? Ele não é nada!

— Por que a senhora pagou por uma surra, e não por duas — Amir observa.

— Além do mais, ele seria uma testemunha — Tahir continua — E nós não queremos problemas, certo?

— Irrelevante... — digo impaciente. — Como vocês falharam nesse trabalho, terão que fazer uma coisinha diferente por mim, afinal, ainda os paguei por um serviço.

Like Magic - 𝐂𝐨𝐥𝐢𝐟𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora