porque eu gosto de sentir você me tocando, crowley

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— Mas Crowley, você tem certeza? - perguntou o anjo apreensivo.

— Ah por favor, anjo, você vai adorar! - o demônio animou-se.

O rosto de Aziraphale denunciava sua boba relutância. Nunca havia feito nem pensado em fazer tal coisa em sua extensa vida, mas sempre observou Crowley usando e, de certo modo, achava muito belo. Não que fosse algo extremamente proibido, ele estava ciente, mas que era incomum, era.

— Eu nem acredito que vou fazer isso… - sorria para o amigo entusiasmadamente.

— Aziraphale, é só um esmalte!

Esmalte. Aziraphale iria pintar as unhas e estava tão animado quanto uma criança ao ganhar um presente dos pais. Crowley achava graça do anjo, nunca imaginou que dar a ideia de enfeitar suas unhas lhe deixaria feliz. O demônio não reclamaria, afinal, iria adorar ver sua reação perante a novidade.

— Mas eu nunca fiz isso, querido - disse já estendendo suas mãos para o amigo, que delicadamente as pegou e as puxou para mais perto.

Estavam sentados um ao lado do outro no enorme sofá da livraria. Era uma manhã agradável quando combinaram de se encontrarem ali, e depois de um tempo, à tarde, o tédio já os enchia. Foi quando Crowley propôs a ideia ao anjo, e então chegaram àquele momento.

— Agora chega de enrolação - o ruivo ditou por fim - Que cor?

Em sua frente, o anjo podia visualizar vários tons de bege, um degrade perfeito desde o mais escuro até o mais claro. Aziraphale se viu em um dilema, pois em sua percepção todas as cores eram tão lindas que poderia, sem sombra de dúvidas, usar cada uma delas.

— Eu não sei… - o anjo olhou ao outro, mirando seus próprios olhos nos deslumbrantes amarelos alheios - Eu realmente gosto de todas elas...

Crowley teve que rir.

— E que tal pintar com todas elas?

— O que?

— Eu posso usar todas as cores, ficaria lindo em você - falou sincero, arrancando um riso de Aziraphale.

— Me parece trabalhoso.
Crowley deu de ombros.

— De certo modo. Mas tudo bem, no final vai ter valido a pena.

— Tudo bem, então. Me convenceu - sorriu.

A sensação era de certa maneira estranha, mas o anjo estava amando como sua mão parecia com a tinta. Aziraphale estava eufórico, mas tal não o impedia de olhar atentamente cada movimento que o demônio fazia, encantando-se com tamanha sutileza com que Crowley lhe segurava a mão. Era no mínimo engraçado o fato de que um demônio, um ser criado para o caos e destruição, poderia ser tão amável enquanto pintava suas unhas, sem contar a expressão que ele fazia enquanto concentrado - Crowley tinha as sobrancelhas ligeiramente franzidas, podendo ser facilmente confundido com alguém irritado. Não pôde deixar de soltar um riso baixo diante de seus pensamentos.

— Do que está rindo, anjo? - perguntou o demônio curioso, parando o que estava fazendo por um momento para olhar ao amigo.

— O seu rosto.

— Ele está sujo, por um acaso?

— Não, querido…

— Então o que?

— Eu não sei, é engraçado.

— Ah, eu sou um palhaço agora? - Crowley fingiu-se de ofendido, vendo Aziraphale fazer uma careta confusa.

— Não, Crowley, você não é um-

— Eu estava brincando, anjo - apressou-se, interrompendo o outro.

esmalte - ineffable husbandsOnde histórias criam vida. Descubra agora