Capítulo 12 - JM ✨

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Treinar à tarde sempre tinha seu charme. O colégio estava quase deserto, e esse era, sem dúvida, o maior privilégio de quem treinava mais tarde. A quietude me permitia andar pelos corredores com um certo senso de liberdade, o som dos meus passos ecoando de forma suave. Aproveitava esses breves momentos para me alongar, puxar o pescoço e as costas com aquele estalo satisfatório, sentindo as juntas liberando a tensão. Era como um ritual, uma maneira de me preparar para a próxima parte do meu dia, como se o tempo fosse meu aliado por aqueles poucos minutos.

Mas algo estava diferente naquele dia. O clima estava carregado, a tensão no ar era quase palpável. Sussurros e olhares furtivos se espalhavam pelos corredores, e a sirene lá fora denunciava que algo mais grave estava acontecendo. Não era normal. E, de alguma forma, tudo isso parecia me afetar também, como uma pressão invisível que começava a pesar nos meus ombros.

Segurei o copo de café com força, o calor queimando a palma das minhas mãos, mas eu não conseguia largá-lo. A temperatura do líquido parecia contrastar com a sensação de frio que estava começando a se espalhar por dentro de mim. As líderes de torcida, sempre tão compostas e confiantes, estavam próximas à janela, observando a bagunça lá fora com um olhar quase clínico. Seus rostos estavam imperturbáveis, mas havia algo na postura delas que denunciava um desconforto. A curiosidade me puxou para mais perto.

Aproximei-me delas com passos lentos, querendo entender o que estava acontecendo. Algo me dizia que o que eu encontraria nos próximos momentos mudaria o ritmo do meu dia, talvez até mais do que eu gostaria de admitir.

O cenário do lado de fora estava caótico, como uma pintura distorcida de emergência e confusão. Policiais estavam conversando com grupos de alunos, enquanto professores e seguranças tentavam controlar o crescente interesse daqueles que não conseguiam se conter. No meio disso, uma ambulância apressada cruzava a cena, levando alguém em cima de uma maca, suas rodas cortando o asfalto de forma urgente. O caos era palpável, e minha visão, embaçada pela miopia, tentava absorver cada detalhe com dificuldade. Foi só quando um dos membros do time, com o uniforme do Wildcat, entrou rapidamente no carro da assistência que o medo realmente se instalou.

— Alguém do time se machucou nos treinos? — perguntei à garota de tranças ao meu lado, tentando manter a calma, embora minha voz saísse carregada de ansiedade.

Ela parecia em estado de choque, seus olhos vagando como se ainda não tivesse processado o que havia acabado de ver. A loira no meio, que até então estava em silêncio, finalmente falou:

— Um integrante do time de natação sofreu agressão no estacionamento... — a voz dela era fria, mas havia um toque de preocupação, como se estivesse tentando entender o que havia acontecido também.

Meu coração batia tão rápido que parecia estar prestes a sair do peito. A pressão no meu peito era como se eu estivesse prestes a desmaiar.

— Mas por que um de vocês subiu na ambulância? — minha voz tremia, embora eu soubesse a resposta. Só precisava ouvir para tornar tudo real. Era só uma coincidência bizarra.

A garota de tranças não desviou o olhar da cena do lado de fora. Sua expressão estava vazia, como se o impacto daquilo tudo tivesse a paralisado.

— Para acompanhar o moço até o hospital. Parece que o rosto dele ficou irreconhecível... — ela engoliu em seco antes de continuar. — Sorte que o Hoseok se atrasou para sair para trabalhar. Caso contrário, ele teria sido deixado na emergência como indigente.

Minhas pernas estavam em movimento antes mesmo de terminar de ouvir suas palavras. Sem esperar por mais explicações, deixei as garotas para trás, a adrenalina me forçando a descer rapidamente a escada. O copo de café caiu da minha mão, espalhando um líquido quente e amargo sobre o mármore branco do corredor. Meu corpo estava trêmulo, e a respiração parecia não chegar aos meus pulmões, como se a ansiedade tivesse dominado completamente meu ser. A sensação de pânico subia pela minha espinha, e a adrenalina que pulsava nas minhas veias me fazia sentir como se estivesse correndo para um abismo, com uma certeza fria de que nada seria mais como antes.

LÓTUS (pjm+jjk)Onde histórias criam vida. Descubra agora