Taemin me encarava sem reservas no restaurante italiano do centro, com aquele olhar intenso que parecia atravessar minha alma. Ele estava bronzeado, mais do que na última vez que nos vimos, e o tom dourado de sua pele acentuava ainda mais o brilho dos cabelos loiros. Seus braços, definidos por anos de estudo dedicado à dança, descansavam sobre a mesa, mas havia uma energia inquieta neles, como se estivessem sempre prontos para o próximo movimento. Apesar do tempo que passou, ele ainda era o mesmo.
Ele ainda era ele.
- Achei que, com seu romance, não seria eu quem precisaria estar aqui - comentou com um sorriso enviesado, enquanto me analisava. - Não que eu esteja reclamando, babe, mas você ainda continua por aí se escondendo como um gato molhado?
Aquelas palavras me atingiram em cheio, mas não foi só pelo tom ligeiramente provocador. Era o jeito de Taemin, doce e ao mesmo tempo afiado, a mistura perfeita entre um encanto quase ingênuo e o perigo que parecia correr em suas veias.
Taemin era irresistível. Ele sempre foi.
Nascido e criado no subúrbio de Colúmbia, aprendeu desde cedo a navegar as durezas da vida com esperteza e determinação. Era como se cada passo de dança que ele ensaiava fosse também uma luta para escapar da realidade que o prendia. E ele conseguiu. Cresceu, se destacou, fez de si mesmo um exemplo.
Ele foi meu primeiro.
Meu primeiro namorado, meu primeiro beijo, minha primeira vez. A primeira pessoa a provar minha droga, meu primeiro (e último) copiloto em aventuras que nos levaram a lugares que ninguém deveria ter ido. E, mais importante, a primeira pessoa a me apoiar na busca pela minha verdade, aquela que sempre esteve enterrada sob camadas de dúvidas e convenções que eu nunca soube como romper sozinho.
Eu não sabia o que me trouxe até aqui, de volta à presença dele. Talvez fosse a nostalgia, ou talvez algo mais profundo, algo que eu não queria encarar. Mas Taemin, com toda a sua intensidade, parecia disposto a me fazer confrontar tudo isso.
E, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti vulnerável diante dele.
Taemin havia sido quem me indicara Jackson, o homem que agora caminhava em nossa direção entre as mesas de madeira polidas, um contraste entre o ambiente acolhedor e a gravidade que ele trazia consigo. O detetive parecia deslocado, com seu paletó formal e uma expressão tensa, como se carregasse o peso de algum segredo importante.
- Olá, rapazes. É uma honra estar com vocês nesta noite agradável - cumprimentou, sentando-se à mesa. Ele pigarreou, retirou algo do bolso e me entregou com cuidado: minha tornozeleira. - Tive bons frutos nas buscas. Boas o suficiente para fazer a investigação progredir.
Meu olhar ficou fixo no brasão arredondado, tão delicado quanto um diamante bruto, embutido no metal. Toquei-o com cuidado, sentindo um arrepio na espinha.
- Diga-me o que encontrou - pedi, minha voz quase um sussurro, mal me reconhecendo pela intensidade de minha ansiedade.
Conversar sobre aquilo era como caminhar por uma corda bamba. Era emocionante, mas também angustiante.
- Vens de uma família tradicionalmente rica. Herdeiro de um grande empório farmacêutico - Jackson iniciou, com a voz firme.
- Empório farmacêutico? - questionou Taemin, levantando uma sobrancelha.
- Seus pais eram donos da SM, uma empresa fabricante de remédios. - Ele empurrou uma fotografia sobre a mesa. A imagem mostrava um casal diante de uma pequena farmácia com o mesmo brasão no letreiro. - É o seu emblema, percebe?
Assenti lentamente, meus olhos presos na foto como se ela pudesse falar.
- Eram famosos desde os anos 70. Aparentemente, é um comércio que vem de gerações.
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LÓTUS (pjm+jjk)
Fiksi PenggemarPark Jimin e Jeon Jungkook são competidores rivais nos times de natação do colégio East High School, e dividem a mesma tensão para garantir a tão sonhada vaga de estudos para a Universidade de Stanford, e finalmente orgulhar os pais. A contagem reg...