8. O Conselho

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Capítulo 8

O Conselho

A pequena cidade que ficava para além do caminho para a escola era simplesmente maravilhosa. Todas as pessoas pareciam simpáticas quando falavam para nós, embora continuassem a olhar para as nossas mãos apertadas uma na outra. Era um lugar simplesmente encantador com pequenas lojinhas e cafés acolhedores. Virámos da rua principal para uma mais estreita e entrámos na segunda porta. Tratava-se de uma pensão gerida apenas por uma mulher já bastante idosa e o seu neto de dezanove anos, Bill. O último acompanhou-nos até ao nosso quarto com um sorriso no momento em que entramos, fazendo conversa de circunstância enquanto subíamos. Deduzi que o Luke já tivesse tratado daquilo também e que eles já nos esperavam desde o dia anterior.

Quando entrei na pequena divisão, atingiu-me como um raio.

- Luke, só há uma cama... – observei, um pouco admirada.

- Ah, devem ter-se confundido quando vim cá ontem! Mas não te preocupes. Eu posso dormir no sofá. Tem ar de ser confortável – respondeu-me, atrapalhado.

Olhei para ele de sobrolho erguido, desconfiada. Teria sido mesmo só um engano ou teria ele feito aquilo de propósito? Decidi simplesmente não responder. Sentei-me na beira da cama e, depois, deitei-me, deixando o meu corpo afundar-se no colchão. Estava a pensar no quão suspeita era aquela situação do quarto quando ouvi o meu estomago fazer barulhos estranhos. Ele também os deve ter ouvido, visto que olhou imediatamente na minha direção e perguntou:

- Está na hora de te levar a jantar, não está? – questionou em jeito de convite, levantando-se do sofá.

- Só se pagares – afirmei.

- Feito. Agora levanta esse rabinho lindo da cama e vamos. Não és a única a morrer de fome – declarou, saindo porta fora.

Fui atrás dele.

- Está a dizer que gostas do meu rabo, Luke? – brinquei. Ele corou. – Sendo assim, vamos comer pizza. E não podes dizer nada.

- Mas eu queria… - tentou dizer, mas eu interrompi.

- Shiu, não querias nada. Agora, vamos! – exclamei, o meu apetite a comandar as minhas pernas a uma velocidade acima do normal.

Encaminhamo-nos pela rua principal até um restaurante simpático com janelas grandes  e praticamente a abarrotar. Sabia que o Luke conhecia o dono, ele já mo tinha dito, mas nunca imaginei que fosse o seu melhor amigo. Esperava, se ele tivesse um, já ter ouvido falar nele.

Brian Stevenson parecia uma fotocopia do Luke. Era ambos altos e bem musculados, de pele e olhos cor de chocolate e os dois transportavam no rosto um sorriso brincalhão que derretia qualquer rapariga com facilidade. Podiam ser irmãos, ninguém desconfiaria que não eram se assim afirmassem.

Quando chegámos à beira dele, abraçou-me de imediato com bastante força.

- Então tu és a miúda que tem posto a cabeça do nosso Lulu às voltas? – brincou.

- Hey, parem com isso! Detesto quando tu e o Eric me chamam assim! – exclamou, fingindo-se de zangado.

- Hum… Lulu… – pensei em voz alta. – Sim, acho que é oficial. A partir de agora não te chamo outra coisa – afirmei, de propósito para ver a expressão frustrada que fazia.

- Não, tu também não, por favor! – implorou. – Eu compro-te cheesecake para a sobremesa. Tens, não tens Brian?

- Já sabes que aqui não falta nada – declarou de imediato.

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