Prologue

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Vamos a mais essa aventura. Espero que gostem... 

OBS: Capítulo um sai assim que eu terminar de postar Fetish With The Boss. 

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Três anos foram necessários para uma mudança drástica acontecer e minha vida. Não daquele tipo: conseguir um emprego, mudar de casa, casar, ter filhos, não... Longe disso. Em três anos eu vivi emoções que são complicadas de explicar. Desde a perda, à superação, do amor ao ódio, da vingança ao perdão, da fantasia ao realismo, sim... Fantasia. Porque tudo que aconteceu em minha vida só pode ser magia.

Não sou uma mulher que tem tudo fácil. Sou apaixonada pela escrita, mas ela não me dava a melhor das condições financeiras, mas ainda assim era minha paixão, e com ela consegui um emprego em uma editora. Com ela consegui superar o desejo de vingança. Não, mentira, ela me ajudou, mas essa sensação nunca havia saído de mim verdadeiramente.

Depois de sete meses, sete longos meses da perda, a sementinha do ódio ainda estava florescendo... Sendo cultivada pela lembrança, pela solidão. Tentei evitar, mas chega um momento que não se pode controlar, é preciso agir. Esse momento chegou, porém nada havia me preparado para o que eu encontraria.

Meu nome é Michele Guimarães, hoje com trinta e três anos estou diante desse computador para lhes contar a minha história, não só um romance, não só uma vingança, de amor, de ódio, na verdade ela tem tudo, até a compaixão, pois foi através dela que eu consegui conhecer o amor da minha vida, a mesma pessoa que "a" tirou de mim.

Depois de tentar tanto escrever algo que seja "comercial" e não conseguir, vou fazer diferente, agora vou lhes contar a minha história, uma que é cheia de drama e superação. Pode até não ser rentável. Mas sinto que chegou a hora de ela ser exposta.

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TRÊS ANOS ATRÁS

Já se perguntaram o que pode acontecer em um minuto? Amar, sofrer, viver, gozar, morrer... Eu vivi todas as sensações citadas, e nessa última trouxe consigo algo mais aterrorizante, algo que nunca tinha sentido antes, ódio, eu senti ódio. Queria "sangue", precisava me vingar.

- Deixa ver se eu entendi. – Digo ao olhar para o lado e observar Amanda. – Você me tirou do meu trabalho em plena três da tarde, já com malas prontas, na quinta-feira, para irmos passar o fim de semana na casa dos seus pais?

Escuto sua risada, a que mais amo na vida. Eu a amo completamente. Cada detalhe. Sua perseverança, seus momentos, seu estresse, juro, amo o seu estresse. Ela com certeza é a minha pessoa. Podemos ter uma vida simples, cheia de lutas. Para uma escritora sem sucesso e uma professora de ensino médio, com certeza conseguimos passar pelas dificuldades.

Seu cabelo ondulado e sua pele morena bronzeada me deixam louca. Ainda me pergunto o que ela viu em mim. Não que me menospreze, mas... Caramba... Amanda é uma mulher incrível.

- Basicamente, amor. A gente merece... Trabalhamos bastante. Troquei uma folga para termos esses dias livres. Ah, qual é Michele? Vamos lá...

É disso que estou falando, é dessa alegria, dessa aventura, dessa sua visão positiva e otimista de tudo. Eu amo sua forma mágica de ver o mundo.

- Eu sei, querida.

Pego sua mão e levo até a boca, beijando. Nossos olhares se cruzam. Quero aquela mulher para sempre, desejo ser sua, pertencer ao seu coração. Viver a ardência daquela sensação de amar e ser amada. Mas lembram-se das possibilidades do que pode acontecer em um minuto? Lá estava uma, a morte.

- Eu te amo.

Foram as últimas palavras que escutei. Essas foi a última vez que escutei sua voz. Aquele carro, aquele maldito carro que levou o último suspiro da mulher da minha vida. Da mulher que escolhi para ser a mãe dos meus filhos.

Nada, escuto nada. Ou quase isso. Posso escutar os sons das sirenes perto da gente. "Nós". Olho para o lado e ela está lá. Seu corpo todo ensanguentado, pressionado pela lataria do carro, que está de cabeça para baixo.

- Amanda...

Não sei se minha voz saiu forte o suficiente, ou só pensei em chamá-la e não chamei. Mas ela não se mexe. O desespero começa a tomar conta de mim. Olho para o lado e vejo fumaça. Talvez o outro carro. O maldito carro. Mas não agora, nesse momento só quero tirar a mulher da minha vida dali. Tiro o cinto, mas antes que eu saia, escuto vozes.

- Não se mexa. Vamos tirá-las daí.

Posso ver as cores fortes da sua roupa. Bombeiros. Isso quer dizer que apaguei mais tempo do que pensei. Mais homens aparecem. Aquilo me desespera ainda mais. Sinto meu corpo ser tirado e colocado em uma maca.

- Amanda.

- Calma, senhora, vamos tirá-la de lá, estão levando as duas para o hospital.

Ele não me olha, aquilo não é bom. Aquilo é péssimo. Naquele dia... Naquele momento eu soube. Eu perdi o amor da minha vida. O olhar daquele homem me diz isso. Eu sei decifrar as pessoas, ele me lança pena, pode não saber o que somos, mas minha voz "grita" a verdade, eu a amo e ele entendeu, eu a perdi.

Porém não consegui mais me lembrar de nada. Algo foi injetado em meu corpo, talvez para a dor ser menor. Talvez para a morte também não me levar. Ah, se eles soubessem... Se imaginassem o mal que me fizeram em salvar minha vida... Não julguem... Não ousem julgar quem nunca sentiu essa dor. Não ousem levantar a voz para quem sofre esse tipo de perda. Vocês não sabem e digo do fundo do meu coração, espero que nunca saibam.

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Tum... Tum... Tum... Queria que aquilo fosse o som das máquinas dizendo eu estou morrendo. Mas a quem quero enganar? Não terei essa sorte, pelo menos penso assim naquele momento, aquilo é o meu coração afirmando que a vida não será tão bondosa comigo.

Sobrevivi. Ao abrir os olhos e ver Glória ali, seus olhos desesperados, seu cabelo sempre arrumado, agora completamente desalinhado, sua vida tirada dos olhos, não estão brilhantes, alegres, assim como eram os dela. Eu tive a fagulha de esperança tirada do meu peito. Ela se foi, nossa Amanda se foi.

- Não, não, não...

Dor... Aquela dor que não pode ser explicada, nem ousaria tentar. Minhas lágrimas inundam a almofada. Glória nem tenta me consolar, ela está da mesma forma. Minha perna dói, meu braço dói, meu corpo todo dói, mas nada se compara a aquela sensação. É como se todo o futuro não tivesse mais sentido. Essa é a explicação mais notória. Porque meu futuro era ela. Minha vida era ela.

Nunca tive nada. Desde bens materiais a amor. Colegas me faziam sorrir, mas ela... Amanda era meu tudo. E agora? Agora ela se foi. Tudo por conta de um bêbado, devia estar bêbado, naquela velocidade...

- Ela foi embora, Michelle. Ela nos deixou.

Minha sogra, ou ex sogra, não sei mais. Ela encosta sua testa na minha barriga, deixando que suas lágrimas caíssem em mim. Minha dor é grande, mas imagino a dela. Aquilo me faz perder mais as forças... Pi... Pi... Pi... Máquina filha da puta.

Ela chama os médicos. Eles entram e a afastam. Glória está tão sem forças quanto eu. Sempre disse que eu era como uma filha para ela. A prova disso é estar aqui, ao meu lado nesse momento. Seja como for, a vida, o destino, aquele carro... O maldito carro levou a pessoa que mais amamos na vida.

- Não...

Mais uma vez eles me doparam. Ainda tentam salvar a minha vida. Mas só eu sei o quanto queria estar morta. Daria qualquer coisa para trocar de vida com Amanda. Não me importo. Eu só tinha ela. Agora... Meus olhos começam a se fechar... Agora eu só tenho uma coisa... Adormeço... Agora eu só tenho o desejo de vingança dentro de mim. 

SurpreendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora