Chapter Four

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Dizem que quando estamos dispostos a alguma coisa nosso corpo reage pela gente, transparecendo nossas vontades, quem disse? Não me perguntem, talvez nem seja verdade, talvez seja apenas eu tentando explicar minhas próprias ações.

Não naquele momento, não. Eu sabia, meu corpo sabia que tinha muito a perder. Agora tenho certeza que ela está aqui. Preciso entender porque todos ali parecem nunca falar dela, nunca a veem, nunca pensam nela. Beatrice Gomes ainda é uma incógnita para mim, seja como for, o que importa é sua culpa.

Depois daquela troca de olhares incontrolável, desvio e saio com rapidez para meu quarto, que, diga-se de passagem, é mais confortável do que o lugar que estava morando desde a morte de Amanda.

Pensar em Amanda agora faz meu coração disparar ainda mais. Posso sentir meus pés formigando. Só me faltava ter uma crise. Ainda tem isso, as vezes tenho crise de ansiedade, mais uma consequência daquele maldito dia.

Sento na cama e respiro fundo, deixo que meu corpo sinta minha calma, mentira ou não, até então ele está seguindo meus comandos. Está mostrando-me a realidade, estou ali por um motivo, nobre ou não, ainda é meu.

Mas eu olhei em seus olhos, um primeiro contato que me deixou impactada, paralisada até. Estou suando, tremendo, mas me acalmando aos poucos, me deixando liberar daquela tensão. Estou sentindo a raiva de sempre, a mesma vontade de vingança, mas agora sinto que esse encontro está cada vez mais próximo, só preciso conseguir um modo de entrar lá, pois pelo jeito ela nunca sai.

- Beatrice, eu vou te enfrentar, essa sua vidinha de luxo vai acabar.

Então deito, deixando me levar pelo sono. Talvez eu tenha sorte nesse jantar e consiga algumas informações sobre essa mulher, o plano agora é colher toda e qualquer informação, pois parece que tudo que eu sabia se perdeu com a realidade daquele lugar maravilhoso, e mais ainda, com o olhar penoso que todos dão ao falar dela, principalmente Francisca, que demonstrou ser uma pessoa magnífica.

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Queria acreditar que seria fácil, mas nunca é. Conheci as outras pessoas, todos parecem gostar dali, assim como eu gostei, admiram Francisca, até entendi porque Caio me alertou sobre Carla, a garota é assanhada, não importa que seja homem ou mulher, ela dar em cima sem nenhum acanhamento.

Mas nada de falarem de Beatrice. Quando senti alguns olhares desconfiados, resolvi não questionar mais sobre o assunto. O jantar estava maravilhoso, acho que entendo porque admiram tanto Raissa também, além de linda, assim como sua filha é, também é gentil.

Aquilo chega a me irritar, porque todos naquele lugar parecem ser gentis, apesar de Caio e Pedro terem aquela carranca na cara, quando estão perto das esposas e dos filhos tudo muda. Eles sorriem, fazem carinho, acariciam, é incrível como o amor pode ser tão... Avassalador. É isso, no fim se trata disso, para o bem ou para o mal, o amor é aterrorizante. Pelo menos para mim é.

Depois do jantar e todos me fazerem perguntas, saio de perto e caminho para um lugar distante, posso ver um grande lago, está escuro, acredito que durante o dia deve ser magnífico. Tem um banquinho debaixo de uma árvore, o ar puro toma conta das minhas narinas, apesar da possibilidade da quietude, escuto um galho se quebrar, olho para trás rapidamente, então o corpo sensual de Carla aparece.

- Desculpa se te assustei. – Ela sorri fraco. – Você está bem?

Ela senta ao meu lado. Não me importo com isso. Não me importo de ela querer transar com todo mundo, o corpo é dela, talvez essa seja a sua visão de felicidade, ninguém deveria julgar, assim como não farei.

- Não me assustou, mas sou nova aqui, preciso me adaptar com essa quietude.

- Muito diferente da cidade grande, não é?

SurpreendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora