You Made Me Begin

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"Dias em que você odeia ser você
Dias em que você quer desaparecer
Vamos fazer uma porta no seu coração
Se você abrir essa porta e entrar
Eu estarei lá, esperando por você
Tudo bem se você acreditar, isso vai te confortar, essa loja mágica"

Ainda eram apenas 10h da manhã. Ao ler aquela carta, decidi ir ao endereço indicado, eu precisava do emprego. Por nunca ter ouvido falar naquela loja, imaginei que fosse nova e estivessem contratando, e devo dizer que é uma maneira criativa de oferecer um emprego a alguém, a Magic Shop - só pelo nome já dava a entender que talvez seria algo como uma loja de brinquedos, ou talvez de mágica, ou mesmo algo referente a decoração -, era a única oportunidade que poderia me dar uma resposta positiva em duas semanas, e seja como fosse, conseguiria aquele emprego!

Pego minha bolsa e saio trancando a porta do apartamento, indo pelo elevador até a saída do prédio. Júlia ainda dormia, e eu deveria estar em casa para fazer o almoço. Atravesso a rua correndo passando na frente de um carro com buzina alta, mas não presto atenção, indo apressada até o ônibus que estava parado no ponto. Eu poderia ir andando por ser perto, mas pela pressa optei pelo transporte, já que levaria em torno de dez minutos.

Confiro o endereço ao parar em frente a loja, acreditando agora que seria uma loja de mágica só pelo que estou vendo. A frente é rústica e talvez até bruta, mas muito linda, é como uma porta de um casarão antigo, com vidros azuis, sendo impossível enxergar dentro do local. Não tinha nenhuma placa indicando algo, exceto pelo nome Magic Shop escrito acima da porta dupla.

Respiro fundo antes de entrar, mas prendo a respiração quando meus olhos vêem o interior do lugar. É um espaço amplo, com muitas prateleiras - como em uma biblioteca, exceto por serem baixas possibilitando a visão de todo o local -, cheias de livros, bolas de cristal, pequenas caixinhas e vários outros objetos. Tem um corredor enorme que segue pelo meio das fileiras de prateleiras e as interliga. O teto é alto e nos cantos das paredes, em um nível acima, há um mezanino por volta de toda a loja, prateleiras e mais coisas espalhadas. As paredes tinham um tom de azul escuro opaco contrastando com a madeira escura e o piso liso e claro.

Dou alguns passos enquanto olho para todos os lados a procura de alguém, mas paro por me assustar com a porta batendo, e não vejo ninguém perto dela. Por um segundo, reconsidero a ideia de estar ali, mas a questão de precisar de um emprego me faz permanecer.

"Eu sei que você está hesitante
Porque mesmo se eu te contar a verdade, ela voltará em forma de cicatriz"

Viro rápido, de costas para a porta outra vez, ao ouvir alguém murmurar algo. Procuro com os olhos de novo, e dessa vez encontro uma pessoa com uma capa comprida com capuz preto, mexendo em alguns livros no mezanino.

"Com licença."

Falo percebendo que ele ainda não tinha me notado, e pigarreio tentando chamar sua atenção, enquanto ele ainda murmurava.

"Senhor!" Chamo-o outra vez. "Ei!"

Chamo mais alto e ele se vira rapidamente, finalmente olhando para mim. Ele solta os livros no chão de qualquer jeito, logo andando pelo mezanino apressado e entrando por uma portinha. Alguns segundos depois ele surge ao meu lado, e enquanto falava, retirava o capuz com uma expressão surpresa.

"Olá Letícia! Desculpe minha má recepção, não imaginei que você viria agora. Me chamo Jungkook."

O garoto que parecia muito mais novo sem o capuz faz uma breve reverência e quando levanta está sorrindo para mim. Em minha mente só se passava uma coisa com esse momento:

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