007 - saturday night.

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Era comum uma garota como eu ficar em casa sábado a noite. Desde que era menor existe a regra que sábado é o dia da família, ou seja; almoçar com a família, jantar com a família, jogar jogos de família com a família.

Crystal e eu ganhavamos quase todos os jogos contra nossos pais. Já era como uma "rotina" pra gente.

Em um feriado, que resolvemos viajar, papai teve a ideia de expandir o jogo e permitir que outras pessoas fora da família jogassem, todos eram do trabalho do meu pai.

Eu não me lembro muito daquele dia - o tanto que me culpo por isso - mas tenho alguns flashes. Eu e Crystal ganhamos as 3 rodadas de Monopoly. Ela sorria como nunca, ganhar sempre foi o nosso forte.

Após isso, um homem mais velho cujo figura não reconhecia - porém sabia que havia jogado conosco e era amigo do nosso pai - a chamou de canto, junto com o namorado da Crystal. Céus eu odiava o namorado dela, ela merecia muito mais do que um merdinha como Michael. Pena que só eu enchergava isso, todos achavam que eles iam se casar e ter filhos. Coisas clichês que me deixavam enjoada só de pensar, se minha irmã tivesse um filho com aquele cara, era bem capaz de o feto contrair algum tipo de radiação.

Logo, eu escutei alguém anunciando que uma pessoa muito especial viria cantar, e para a surpresa de todos - confesso, me surpreendeu também - era a minha mãe, Lana subiu numa espécie de palco improvisado e cantava alguma música das The Chordettes.

Os holofotes agora só focavam nela e todos da "platéia" ficaram maravilhados ao ouvir sua esplêndida voz, quase como se fosse uma espécie de hipnose onde só conseguiríamos focar na voz dela.

Menos eu, meus olhos curiosos se voltaram para uma sombra movimentada na cortina, três pessoas que pareciam estar discutindo, até que vejo uma das mãos da sombra acertar em cheio a outra. Uma sensação ruim me invade, porém logo sou distraída com minha mãe atingindo uma nota alta da música. Um quase grito, me faz dar um pulo da cadeira e me assustar.

Logo, quando tomo um copo de água tentando me acalmar, olho de volta para cortina e agora não existe mais ninguém.

A última memória/constatação de fatos que eu tenho disso, é que depois dessa noite, nunca mais tivemos um sábado a noite em família.

Don't tell your mother · canceladaOnde histórias criam vida. Descubra agora