Dreams Word

O mais fraco dos seres

Acordo e tento me levantar, sinto como se meus ossos estivesses estraçalhados, meus olhos pesam, mas me forço a focar minha visão e do outro lado da sala vejo Natsu, posso sentir a tenção mesmo á distância. Procuro por Haru, mas não á vejo em lugar nenhum, me levanto com certa dificuldade e nesse exato momento Natsu se vira e vem até mim, como se ele tivesse lido minha mente faz sinal de não com a cabeça, minhas pernas fraquejam e a dor me atinge em cheio.

-"Cuidado, você ficou três dias dormindo, estava prestes a chamar seus pais, ainda bem que acordou Aki." – ele diz e me ajuda á sentar.

-"O que houve com Haru? Por que ela não está aqui?" – pergunto sentindo que não vai ser o que eu realmente queria ouvir.

-"Ela foi levada pela sombra, tentei seguir os passos, mas simplesmente sumiu na escuridão... Sinto muito por não poder salva-la, realmente tentei, mas você também precisava de mim, ele jogou com todos nós." – Natsu visivelmente abatido senta ao meu lado.

-"Precisamos salva-la, mas antes precisamos descobrir o que fazer para encobrir o desaparecimento dela em nosso mundo. Ela tem família, poderíamos até explicar, mas isso deixaria as coisas ainda mais confusas. Alguma ideia? O que disse nos últimos dias á nossas famílias?" – sinto meu cérebro voltar a funcionar e as preocupações tomam minha mente.

-"Disse que fomos á um passeio da escola e decidimos terminar nossas tarefas em uma fazenda, mas não vai mais funcionar. Precisamos voltar e descobrir como ajudar Haru sem chamar a atenção. Aki, só você pode nos salvar, estava com medo de que não acordasse mais ou que estivesse presa em algum lugar." – abraço Natsu sentindo o quão perdido estávamos nesse momento.

Haru

Existem aqueles raros momentos de paz em que nos sentimos leves como as folhas que voam levadas pelo vento, tive alguns desses bons momentos e todos eles foram com Aki e Natsu. Nesse momento o medo está entranhado em minhas veias, ele sempre esteve ali, mas agora não eu estava sozinha nesse mar de escuridão, presa por correntes rasgando meus tornozelos e pulsos em uma jaula úmida e fria. Á alguns dias atrás estava com medo de morrer e não ter a chance de dizer a Aki o quanto eu á amo, mas agora só queria que chegasse ao fim, meu corpo dói de todas as formas possíveis e mesmo com um esforço gigante não posso ignorar... Não á como.

Ouço vozes desesperadas ao meu redor, gritos de sofrimento latente, á única forma dessas pobres almas desabafarem diante do medo, e a fraqueza que nos torna humanos é presente, não somos nada diante da sombra que nos transforma em seres vazios, sugando nosso medo, se alimentando de nossos piores lados, a luta se torna constante para não morrer ali mesmo.

Luto contra minha mente, preciso focar em minha missão, descobrir o que está por trás de tamanho mal e ajudar Aki e Natsu a trazer a paz de volta á esse reino.

E isso me faz pensar se a morte não seria uma libertação afinal, sem mais guerra, sem mais sangue derramado, sem mais dor...

Porém quando me pego pensando nisso, o rosto de Aki me vem a cabeça, com seus cabelos brancos e curtos, sorrindo ao brincar nas flores de primavera, seu rosto está iluminado e as pétalas que voam com a brisa acariciam seu rosto, como se tudo ali estivesse apaixonada pela garota corajosa e bondosa que doa ao mundo sua pureza.

Pura...

Linda...

Como a primeira neve dos invernos mais frios.

E então a recordação da primeira vez que vi Aki, a primeira vez que ouvi sua doce voz toma minha memória.

  - "Você tem cheiro de flores, me lembra o perfume da minha mãe" Ela tinha apenas 4 anos e seus olhos brilhavam e cintilavam como flocos de neve.
 
  - "Seu cabelo é branco... Como a neve, eu adoro a neve". Eu respondi pegando uma pequena mecha de seu cabelo.

Aki então pega um tesoura sem ponta e de um jeito desajeitado corta a mecha em que eu havia tocado.

  - "Pegue... Eu dou ele a você para que tenha um pouco de inverno com você sempre, mas por favor sempre traga um pouco da primavera para mim, promete ?"

Eu pego a mecha de cabelo e a coloco junto ao meu peito, ali meu destino havia sido alterado para sempre e eu apenas acenei com a cabeça, já não era necessário mais palavras...

A dança das estações estava para começar, haverão flores no inverno, haverá neve na primavera.