Girassóis para Haru

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  - "Precisamos voltar Aki, nossa missão está cumprida por hoje, vamos ?" - Haru me estende sua mão e eu a seguro, Natsu pega minha outra e entrelaça seus dedos nos meus.

As flores de Haru nos envolvem e aos poucos sinto as mãos de meus amigos se esvaindo... Não consigo não me sentir um pouco triste toda a vez que isso acontece, parte de mim deseja ficar ali com eles, mas sei que existe um mundo para onde devo voltar.

Acordo e minha mãe está em meu quarto, o sol bate contra a janela anunciando mais uma manhã de calor.

- "Bom dia querida, achei que estivesse tendo um bom sonho e não quis te acordar." - ela sorri calorosamente fazendo carinho em meus cabelos antes de se afastar.

- "Estava mamãe, mas agora preciso ir para a escola e encarar o mundo real." - me levanto e vou até ela enroscando meus braços em sua cintura.

-"Assim como precisamos dos sonhos, também precisamos saber o que é real. Você é uma garota extraordinária meu bem, pode lidar com qualquer coisa. – ela beija a minha testa e segue até o parapeito da porta. - O café está na mesa, vou para o trabalho, seu pai voltará hoje a noite então teremos um jantar especial, passe em uma barraquinha e compre o jornal de hoje, você sabe como ele é doido por notícias." – a porta se fecha atrás da mamãe e os pensamentos me invadem, com meu cérebro semiacordado.

Meu pai é um diplomata e está constantemente viajando, já minha mãe cuida de sua floricultura logo abaixo da nossa casa, não consigo imaginar pessoas mais diferentes uma da outra que se completem tão bem quanto os dois, a doçura e bondade da mamãe junto com a calma e sinceridade do me pai fazem com que eu volte para casa, eles são minhas ancoras, minha força.

Coloco meu uniforme e desço para o café da manhã, as flores escolhidas para a mesa hoje são girassóis, Haru os adora então eu resolvo levar um para ela, e só de imagina-la sorrindo meu coração já pula dentro do peito. Termino meu café e me despeço de minha mãe que já está na loja, então vou em direção à casa de Haru para surpreende-la.

Fico encarando as gotas de água nas pétalas do girassol, tão pequenas e belas, mas tão frágeis.

- "Girassóis me lembram do verão, e verão me lembra calor, calor me lembra sorvete, sorvete me lembra você... Apenas coisas boas." - escuto a voz familiar de Natsu ao meu ouvido direito me fazendo sorrir.

- "Bom dia Natsu." -sorrio para ele que retribui com os olhos brilhantes.

- "Bom dia Aki." -ele diz em um tom mais baixo próximo ao meu rosto, seu hálito tem cheiro de menta e seu corpo quente próximo ao meu, me causando arrepios e um sentimento de paz ao mesmo tempo.

E então um vento repentino anuncia a presença de Haru, com seu cheiro inconfundível de flores misturado com o cheiro do shampoo.

- "Bom dia, Natsu San, Bom dia Aki Chan." - ela fiz sorridente vindo em minha direção.

Quando me dou conta entrou envolta em seus braços calorosos, e seu cheiro floral toma conta de mim inundando minha alma.

- "Bom dia Haru Chan." - digo me enfiando em meio aos seus cabelos, toda vez que recebo os abraços de Haru sinto-me bem, como se meu lar não fosse uma casa mais sim seus braços, eu viveria alegremente enquanto estivesse ali.

- "Vocês duas vão além da amizade, ás vezes penso que querem fazer algum tipo de fusão com esses abraços, já não basta serem fisicamente parecidas ? Aaah são garotas bonitas de mais para apenas um Natsu." - ele diz sorridente passando a mão por seus cabelos.

Haru bate suavemente na testa de Natsu e olha por alguns instantes diretamente em meus olhos antes de me soltar, as vezes me pergunto se ela pode ver dentro de mim, para me olhar com tanta intensidade, o sentimento que ela conhece o que á de mais profundo no meu ser.

- "A batalha de ontem foi cansativa, mas eu gostei. Acordei essa manhã com a sensação de dever cumprido, como a maioria das vezes." - Haru segura em minha mão e começa a caminhar.

- "Prefiro as comemorações das batalhas, claro que ou muito bom em campo, mas é bem mais divertido depois que colocamos nossos inimigos em seu devido lugar." - Natsu retruca com um sorriso de lado.

- "Haru..." Eu digo em voz baixa, e lhe estendo o girassol, ela me olha por alguns instantes antes de abrir seu enorme sorriso fazendo meu coração pular dentro do peito.

- "Perdoe me Aki Chan, sua beleza escondeu a flor dos meus olhos, obrigada pelo girassol eu os adoro, tanto quanto adoro Aki Chan." - ela passa seus dedos pelo meu rosto e sinto minhas bochechas queimarem, toda vez que ela diz seus sentimentos assim tão facilmente me tira toda a estrutura e as palavras. Gostaria de ter a mesma facilidade para expressar o quão importante ela é para a minha existência.

- "Não julgo você Haru San, não há como medir a beleza de Aki, com certeza ela é a garota mais linda de todo o Japão." - Natsu sorri e pisca para mim, me deixando ainda mais vermelha.

Continuamos pelo caminho da escola, Natsu pega minha mochila e Haru segura minha mão, e toda vez que eles fazem isso me sinto uma garotinha mimada... Mas não digo nada pois no fundo gosto da atenção que recebo de ambos, me sinto amada... Importante, o que de certa forma me deixa ainda mais confusa com meus sentimentos por ambos.

- "Aki Chan, hoje teremos educação física, trouxe seu uniforme?" - diz Natsu distraído com a copa das flores de cerejeira.

Então me dou conta que não o coloquei na mochila, minha cara deve ter denunciado meus pensamentos, por que Natsu e Haru se divertem com meu esquecimento.

- "Eu trouxe um extra pois sabia que ia esquecer Aki Chan, você é tão dedicada com algumas coisas, mas quando se trata de outras é mais distraída que eu... rsrsrsrsrs." - Haru arruma a mecha de meu cabelo atrás da orelha e sorri.

-"Ainda bem que tenho vocês dois, e principalmente você Haru minha salva vidas. A batalha de ontem me deixou cansada, não tivemos muito tempo para descansar, e nosso professor iria infernizar minha vida se eu entrasse na quadra sem uniforme. Obrigada Haru, terei certeza de te recompensar." – aperto levemente sua mão levemente sentindo uma felicidade pura e transparente.

Quem nos vê juntos não imagina que somos mais que pessoas simples, somos guerreiros, estamos em constante batalha com ambos os mundos, lidando com mudanças constantes e batalhas internas para seguir no caminho do bem, mesmo que nossas almas estejam enterradas na tristeza e destruição do lugar que aprendemos a amar.

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