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Essa era a primeira vez que me encontrava fora do Reino Unido, mais precisamente, da Inglaterra - e já estava a adorar como tudo é mais charmoso e diferente em terras italianas.
O calor comum dessa época do ano apenas me deixava ainda mais ansiosa; estava prestes a bater na porta de Sra. Chalamet, minha antiga professora de teatro. Sra. Chalamet foi, na verdade, minha primeira professora de teatro, tendo me dado aulas durante 6 anos e só parando ano passado, quando decidiu voltar a viver em seu país natal junto a seus familiares. Trouxe consigo seu marido, Sr. Chalamet, e os dois filhos - ambos também artistas, tendo assim o amor pelo teatro e pela atuação passado de mãe para filhos. Apesar de conhecer Clarisse e até cultivar uma amizade com a mesma, pouco sei de seu outro filho, Timothée. Confesso não saber muito dele.
Enfim bati a porta, e logo alguém a abriu: era Clarisse
- Quanto tempo não te vejo! - disse me abrançando.
- Clarisse, que saudades senti de você, não tem ideia - falo retribuindo ao abraço.
Logo que adentrei a enorme residência, não deixei de reparar como era bonita e elegante: não era extravagante, mas sim rústica e simples, o que me encantou ainda mais.
Sra. Chalamet estava a minha espera sentada na cozinha:
- Bella, que bom te ver! - disse enquanto me abraçava - Fiquei muito feliz quando você aceitou passar as férias de verão aqui; tenho certeza que vai aproveitar muito!
- Tenho certeza que sim, e muito obrigada por me receber aqui. Sabem que são como uma família para mim, vou amar passar essas férias com vocês - Digo sorridente, enquanto sento ao lado de Clarisse à mesa.
Depois de alguns minutos conversando com Sra. Chalamet e Clarisse, ouço um barulho, provavelmente um carro chegando - E segundos depois vejo Sr. Chalamet e um garoto, que até então suponho ser Timothée, adentrando a casa:
- Bella, que bom que chegou! - Disse Sr. Chalamet enquanto me cumprimentava - Queríamos ter chegado a tempo de lhe receber, mas aposto que valeu a pena demorar mais um pouco: comprei alguns livros junto a Timothée, certamente poderão todos ler juntos e dividí-los - Ele diz enquanto aponta para uma sacola a qual Timothée segurava. - Sei que gostas de ler peças clássicas, Timothée também as aprecia, logo poderão atuar juntos.
- Agradeço muito por isso, Sr. Chalamet. - falo sorrindo e então olho em direção à Timothée - É um prazer te conhecer. - Estendo a minha mão e o mesmo retribui o cumprimento.
- Digo o mesmo. - Ele diz e dá um rápido sorriso, logo se dirigindo as escadas, provavelmente indo ao seu quarto.
[...]
Ainda fiquei por mais algum tempo na cozinha, na companhia de Clarisse. Conversamos sobre assuntos aleatórios, mas por algum motivo, eu frequentemente me pegava pensando em Timothée.
Não posso negar que sinto uma leve ansiedade ao pensar em ler ou até mesmo atuar alguma obra com ele - Ele me intimidou só com três palavras, imagino se conseguiria atuar em conjunto com ele, olhando em seus olhos. Provavelmente não.
Isso porque sou a pessoa mais tímida que já pisou neste planeta - inclusive, esse foi um dos motivos pelos quais comecei no teatro; meus pais acharam que me ajudaria a melhorar neste quesito. Mesmo apaixonada pelo teatro, isso não mudou muita coisa em relação à timidez. Simplesmente aprendi a conviver com isso.
Desvencilhei-me de meus pensamentos quando Clarisse me chamou, e em seguida fomos em direção ao segundo andar da casa, onde ficam os quartos.
- Este será o seu quarto, é logo ao lado do meu e ao do Timothée também - ela diz abrindo a porta, e fico feliz ao notar que o quarto não é tão pequeno quanto julguei que seria. - O único problema é: você terá de dividir o banheiro com Timothée, isso porque o meu fica do outro lado, mas olhe, se quiser pode ir lá para utiliza-lo, eu não ligo.
- Não, imagine, eu não me importo de dividi-lo, sério. Eu também tenho um irmão mais velho, se lembra? Tudo bem para mim. - Falo enquanto abro minha mala e começo a organizar minhas roupas no pequeno armário de madeira.
- Sendo assim, tudo bem. Eu lhe ofereceria ajuda para arrumar suas coisas, mas prometi a mamãe que a ajudaria a preparar o jantar hoje, então já vou indo. Mas se precisar de algo é só nos chamar. - Ela fala caminhando até o corredor. -
- Tudo bem, obrigada. - Digo sorrindo e ela se retira do 'meu' quarto.
[...]
Quando termino de guardar todas as roupas no armário e já estou tomada banho, devem ser seis horas. Olho pela janela e vejo o sol começando a se pôr - uma visão incrível.
Reparo então em algo um tanto inusitado
Timothée, sentado ao chão, com um dos livros comprados por ele e por Sr. Chalamet hoje mais cedo. Ele estava realmente imerso à tudo a sua volta, pois sequer notou quando me aproximei e sentei ao seu lado
- O que está lendo? - Perguntei sorrindo tentando parecer simpática e mentalmente me perguntando porquê eu fui lá fora, até ele.
Ele se assusta de leve ao me notar mas logo responde
- As Troianas. Um clássico. - ele fala, mostrando-me a capa do livro. - Já o leu?
- Sim, acredite se quiser, sua mãe já me presenteou com um. - digo sorrindo, lembrando de quando o ganhei no meu aniversário de 15 anos, dois anos atrás.
Timothée apenas sorri e volta a ler o livro. E Deus, seu sorriso é realmente bonito. .
Devo apenas ficar aqui? Devo voltar para dentro de casa? Não faço ideia, mas em segundos ouvimos Clarisse nos chamar para a janta, e dou graças aos céus por isso, assim não tive porque tomar alguma outra atitude a não ser levantar, abanar meu vestido branco e ir caminhando até a cozinha, percebendo Timothée fazer o mesmo poucos passos atrás de mim.
