- chapter 05

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O Sol era a melhor lente a qual poderia-se usar para admirar as flores bem cuidadas e as grandes árvores da casa dos Chalamet. Eram apenas sete da manhã quando me levantei e sentei-me na grama verde, abaixo de uma das árvores do espaço aberto, onde eu e Timothée havíamos feito um piquenique dias atrás.

Ninguém havia acordado ainda exceto por Sr. Chalamet, uma vez que o mesmo se encontrava no trabalho, como de costume.
E, no silêncio da manhã, mais uma vez meus pensamentos me levaram ao moreno de olhos esverdeados - não era mais tão incomum me pegar pensando nele.
Temia que estivesse me apaixonando e que isso estragasse nossa amizade.
Bem, poderia chamar nossa relação de amizade? Agíamos como amigos, mas as vezes parecia-me que ele flertava comigo. Ou era isso mero fruto da minha mente?


Chacoalho a cabeça, resolvendo não me questionar tanto sobre o assunto, sabendo que isso me causaria ainda mais dúvidas. Levantei-me do chão e passei as mãos em meu vestido branco a fim de tirar quaisquer sujeiras de grama, e então fui em direção a cozinha da casa, com o intuito de preparar um café da manhã para os Chalamet que ainda não estavam de pé.

Ao chegar na ampla e aconchegante cozinha, vi que Clarisse estava ainda de pijamas, com uma expressão de completo sono e bocejando, procurando algo na geladeira.

Sentei-me em cima do balcão que ficava do lado de onde estava a garota e disse sorrindo:
- Bom dia, cara mia. - Ela então levantou uma sobrancelha e respondeu-me:
- Buongiorno, não sabia que já estás a aprender a falar italiano, Bella. - Sorrimos uma a outra - Timothée está a lhe ajudar? - Então a vejo botar um olhar sugestivo sobre mim.

- Não, tenho usado meu dicionário. Por que fizeste essa cara? - Questionei cerrando as sobrancelhas e olhando em sua direção.

- Ora, mia cara, não diga que não sabes que meu irmão tem uma queda por ti, não é? Quero dizer, vocês dois parecem ter uma queda um pelo outro. Estão a passar tanto tempo juntinhos. - E então ela gargalha enquanto senta na mesa da cozinha. - Dou meu total apoio a relação! Apenas aviso-lhe que ele é um tremendo chato. Acredita que quando fui questioná-lo sobre sua paixonite por ti, ele jogou-me um travesseiro à cara? Muito mal educado, isso ele é. - Levanto-me do balcão com um pulo e vou em sua direção.

- Clarisse, por que questionou-o? Agora ele há de pensar que mandei-te perguntar isso! Ah, ele vai me considerar uma boba. - franzo o cenho e suspiro.

- Ele não há de pensar tal coisa; ele pode ter uma grande quantidade de chatice em si, com toda a certeza, porém, quando se trata de ti, ele é quem é o bobo, um bobo apaixonado! - Ela dá risada de si mesma e nós duas continuamos a conversar sobre o garoto, e eu sorria discretamente a ouvir Clarisse dizer-me com indubitável certeza que ele e eu ficaríamos juntos logo logo.

Logo depois de conversar com minha amiga sobre seu irmão e de preparar o café da manhã, Sra. Chalamet e Timothée desceram as escadas e servi-os a comida que fizera. Comemos todos panquecas com mel, ovos e bacons, e tomamos um suco natural que fiz naquela mesma hora, com laranjas do pé que ficava no quintal da casa.

- O café da manhã estava divino, Bella. És uma ragazza tão prestativa - Sra. Chalamet falou enquanto sorria em minha direção e se levantava para se retirar da cozinha -, fez-nos mais em três semanas como visitante do que estes dois fizeram em anos, posso assegurar-lhe. - Ela então brincou e Timothée pôs-se a rir e Clarisse fingiu mágoa, mas também riu em seguida.

Os Chalamet eram extremamente gentis comigo, refleti naquele momento. Faziam eu me sentir como parte da família, e eu sem dúvidas estava a aproveitar o tempo em sua casa e em suas respectivas companhias.

- Vou a cidade agora de tarde, queres ir comigo? Podemos passear, posso lhe mostrar o museu e levar-lhe para experimentar gelato. - Timothée me disse discretamente enquanto estávamos no sofá da sala, assistindo a um programa de tv aleatório que aparentava entreter Clarisse totalmente.

- Claro, anseio descobrir se gelatos são tão bons quanto vocês costumam dizer-me. - Então sorrimos um ao outro e levantamo-nos caminhando em direção à porta, e vi de relance Clarisse percebendo-nos e piscando um olho para mim enquanto sorria.

O dia foi de extremo divertimento para nós. Timothée comprara um gelato pra mim e ainda, depois, deixou-me pegar colheres do seu também. Enquanto estávamos saboreando o sorvete, conversamos por o que pareciam horas sobre assuntos diversos, para nos familiarizarmos mais um com o outro, como sobre quais obras gostávamos e não gostávamos, livros favoritos, instrumentos que sabiamos tocar, sobre nossos melhores amigos etc.
Aprendi que o moreno era um fã da mitologia grega e romana, apreciava ler qualquer obra do romantismo, escutava bandas italianas que eu nunca sequer ouvira falar antes, sabia tocar o piano - como eu já tive a oportunidade de ouvir -, e que seu melhor amigo desde a infância chamava-se Adriano.

Quando chegamos ao museu, conclui que, apesar de aquela cidade não ter muitos habitantes, tinha com certeza muita cultura. O museu tinha quadros e mais quadros, muitos deles feitos há anos, sendo cuidadosamente preservados. Quando víamos algum retrato que julgávamos engraçado, o imitávamos e dávamos risada de nossa própria idiotice em seguida. Enquanto caminhávamos pelo museu, nossos olhos pousaram num belíssimo quadro, onde um casal se beijava apaixonadamente.
E então, como num transe onde ambos não éramos mais capazes de enxergar ninguém senão nós dois neste mundo, nós nos aproximamos, senti nossas respirações se misturarem, meus olhos castanhos e os seus verdes se conectaram, e senti sua mão carinhosamente pousar em meu rosto. Fechei os olhos e finalmente senti seus lábios contra os meus, e poderia jurar que, naquele momento, não me importava mais nada que não fosse nós.

 𝐔𝐓𝐎𝐏𝐈𝐀 ─ 𝘵𝘤𝘩𝘢𝘭𝘢𝘮𝘦𝘵 Onde histórias criam vida. Descubra agora