De: Susana

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Olá para você que encontrou essa carta, sente-se e leia com atenção, pois, vou te contar uma breve história:
"Era uma vez uma jovem menina cheia de sonhos e alegria, em seus dias, em sua vida. Seu sorriso era doce e encantava a todos que lhe conhecia. Ela crescia em bondade e carisma. Seus pais eram os seus amores mais preciosos, o abraço deles era seu lugar favorito no mundo inteiro. Seu irmão era seu parceiro em todas as horas, o amor era a base dessa história. Ela tinha bons amigos e era a mais engraçada do grupo, ela colecionava sorrisos e por isso amava vê-los sorrindo. Ela era espontânea e todos gostavam desse seu jeitinho. Só que um certo dia ela ganhou um celular e seu irmãozinho um tablet, à partir dali as brincadeiras poderiam esperar, com certeza. Os dois estavam muito ocupados aprendendo a manusear os seus aparelhos tecnológicos e quanto mais se aprendia, mais se queria aprender. Seus pais também tinham celular e agora a familia toda estava atualizada.

O tempo foi passando e as crianças amadurecendo, quase não brincavam mais e os pais quase não abraçavam mais. Passavam horas e horas em frente a tela do celular e quando percebiam era a hora de trabalhar, de estudar ou alguma coisa arrumar. A jovem menina entrou no ensino médio e estava viciada em seu smartphone. Os amigos da infância nem a visitavam mais, tudo era mais prático tendo o whatsapp e outras redes sociais. Ela já não saía como antes e nem sorria para os outros como anos atrás. Só gargalhava de memes e coisas em seu celular; seu irmão crescia e com isso aprendia a jogar jogos violentos e cheios de sangue e morte. Seus pais brigavam muito por conta de ambos estarem sempre exaustos. Quando o pai estava na sala assistindo, a mãe estava cozinhando, ninguém mais almoçava na mesa ou na sala assistindo. Era cada um no seu quarto ou em algum canto com seu celular.

O tempo parecia correr e a jovem com toda a pressão de se tornar adulta e criar responsabilidade vivia ansiosa e frustrada. Ela estudava e estudava, mas, nada entrava em sua mente. Tudo o que ela queria era mexer em seu celular. O irmão começou a ficar irritado com tudo o que lhe pediam, nada mais lhe agradava. Os pais viviam discutindo o tempo todo e as vezes até parecia ser culpa da jovem e do irmão.

Sua vida fora virando uma bagunça de sentimentos que lhe causava medo, insônia, insegurança, ansiedade, tristeza contínua e com isso o seu sorriso já não existia e se existia não era genuíno. Seus amigos não apareciam com frequência e a mesma se sentia sozinha. Dentro de casa ninguém conversava muito e ficar sem o celular era estranho. Quando resolviam conversar tudo virava uma discussão em questão de poucos segundos. Tudo estava um caos, os pais se separaram e a mãe ficou deprimida por longos meses. O irmão fazia tudo reclamando e quase não parava mais em casa. Ela não sentia vontade de fazer mais nada, porém, fazia mesmo assim. Ela sabia que seria pior se não fizesse.

No colégio suas notas caíram e ela se afastou dos amigos. Vivia dormindo em sala de aula e nada lhe alegrava. Ela chorava incessantemente na praça da cidade antes de ir para casa. Sua mãe estava melhor do que antes, porém, agora vivia no serviço ou saindo com uma amiga onde voltava um tanto alterada o que fazia a jovem chorar em seu quarto lamentando tudo o que estava acontecendo. O irmão vivia em festas e quando estava em casa só gritava e xingava bastante, não queria ajudar com nada e só ficava jogado em sua cama mexendo no celular.

Ela arrumava as coisas e se trancava em seu quarto e assim cada um ficava num canto. Ela não sentia prazer em absolutamente nada, ela só queria dormir o dia inteiro e ficar quietinha no escuro de seu quarto sem ser incomodada. Chorava baixinho para ninguém escutar.

Não É O Fim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora