Acordo encolhida no canto da cama e minha cabeça está doendo demais e os meus olhos estão inchados e minhas costas estão doendo também. O meu dia começa assim sempre. Me levanto à contra gosto e sigo para o banheiro e lavo o rosto, escovo bem os dentes e coloco uma calça jeans clara e a camiseta do uniforme.
Sento na cama e meus olhos pousam sobre minha gaveta e sobressalto da cama. Hoje é o dia que eu coloco fim à minha vida. Um medo me assola, mas, este é o único jeito. Resolvo arrumar o meu cabelo para que meu irmão e minha mãe lembre de mim arrumada e melhor do que os outros dias. Passo brilho labial e esguincho perfume.
Será rápido e preciso. Espero não amarelar.
-Não posso amarelar.-murmuro pegando a mochila e espalhando as cartas em cima da cama.
"Você não vai Susana"
Meu interior estremece e minhas pernas ficam moles.
"Dessa vez ela tem que ir mesmo"
Deixo à porta aberta de propósito e sigo para à cozinha onde meu irmão toma café de cara fechada e minha mãe bebe suco de laranja enquanto mexe em seu celular com uma cara nada boa. Também ela chegou eram quatro e cinquenta e sete da manha e ainda discutiu com Eduardo.
-Bom dia.-desejo e ninguém me responde de imediato.
Me sento à mesa e coloco meu café pensando que daqui há algumas horas eles vão receber a notícia sobre a minha morte e talvez assim sintam remorso e a minha falta.
Pena que será tarde demais.
-Bom dia filha.-ela expressa depois de longos minutos.-Dormiu bem?
-Dormir.-minto como sempre.
-Que bom.-diz somente e eu suspiro bebericando meu café.
Começo a lembrar dos nossos cafés e meus olhos se enchem.
-Estava lembrando dos nossos cafés da manhã de anos atrás.-começo mesmo sem me importar se estão prestando atenção.-Quando éramos felizes e unidos, lembra Eduardo?
-Cala a boca Susana.-diz irritado.-Éramos duas crianças idiotas e os nossos pais fingiam que se amavam por nossa causa, isso não me faz falta e mesmo que fizesse não iria voltar. Para de bancar a babaca sofredora. Aceita que nada vai ser como antes porque as coisas mudam e as pessoas também.
Se levanta batendo na mesa e minha mãe fica de olhos arregalados e eu permito as lágrimas descer.
-Eduardo!-minha mãe se levanta e ele olha para ela mortalmente.
-Me deixa em paz, sua mulher da vida.-profere com fúria.-Você não é exemplo e não manda em mim. Você nunca cuidou bem da gente e agora finge que se preocupa quando saio de casa sendo que você faz o mesmo e nem lembra da Susana chorando vinte e quatro horas dentro dessa casa, não lembra dos longos meses que ela deixou de viver e parou de sorrir pra fazer tudo dentro de casa porque você nos virou as costas. Ela é a única pessoa que eu amo nessa vida e desculpa irmã por todas essas palavras que disse, mas, é mais fácil você esquecer e passar por cima do passado ou isso vai te matar. Se eu ficasse aqui dentro com ela, nem estava mais aqui.
Minha mãe simplesmente vira as costas e vai para o sofá beber mais ainda e ele sai porta à fora me deixando sem palavras e em soluços.
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Não É O Fim (Concluído)
Short StorySusana era uma garota divertida e alto astral que iluminava por onde passava até um dia perder a vontade de viver. Quase nada mais lhe tirava um sorriso sincero, tudo parecia muito sem graça e seus pensamentos emaranhados tomaram conta de seus dias...