Shooting Star || kth + pjm

Colors

Ouvi o despertador tocar e o desliguei. A claridade vinda da janela mal fechada deixou meus olhos doendo por não estarem acostumados.

Me sentei na cama e senti as ânsias de vómito matinais aparecerem mais fortes do que o habitual. Abri a gaveta do criado mudo retirando de lá uma cartela de remédio e tomei um em jejum bebendo a água que se encontrava em cima do mesmo.

Depois disso olhei em volta com o copo ainda em mãos, já me sentia cansado só de pensar no dia fatigante que iria enfrentar hoje.

Quando levantei senti minhas pernas fraquejaram e isso me levou a segurar no armário grande para não cair. Encostei minha testa na madeira fria e suspirei, já sabia que dia era hoje.

Todos os anos nesse mesmo dia eu ficava ainda mais fraco do que o normal, maldito 1 de Outubro.

Fui cambaleando até ao banheiro e peguei numa outra cartela que se encontrava dentro do armário das toalhas. Desde meus 5 anos de idade que tomo remédio, meus pais falam que foi por ter nascido com uma doença ou algo assim, nunca me disseram qual, apenas diziam que era perigoso ficar sem ele, então essa segunda cartela serve para reforço neste dia em específico.

Depois de respirar mais um pouco, enquanto me apoiava na pia do banheiro, finalmente olhei para cima, mais propriamente para o espelho médio pendurado na parede. Meu rosto estava deplorável, as olheiras profundas denunciavam as noites mal dormidas e em cima da minha sobrancelha dava para ver uma pequena cicatriz que fiz nessas férias.

Peguei um corretivo que tinha 'roubado' de minha mãe (já que as olheiras eram algo bem comum em mim) e passei pela cara, tentando disfarçar ao máximo as marcas.

Quando fiquei minimamente satisfeito com o meu trabalho resolvi pentear meu cabelo deixando um pouco da testa descoberta.

Depois escovei meus dentes, troquei de roupa e finalmente peguei minha mochila para ir para a escola.

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O letreiro 'Welcome to Busan High School' se assemelhava a 'Welcome to Hell'....pelo menos em minha cabeça.

Caminhei lentamente em direção a lanchonete visto que não tinha tomado meu café da manhã, mas, no meio do caminho, acabei reparando num armário com a porta quebrada.

Um flash-back veio em minha cabeça repentinamente, eu sabia bem quem tinha feito aquilo...Min Yoongi.

Dois anos atrás meus dois melhores amigos foram embora. Foi triste vê-los entrando no carro e sumindo no fim da rua, eles estavam comigo desde que éramos crianças. Nós crescemos juntos, partilhamos os nossos medos, as nossas melhores e piores experiências, as nossas inseguranças e até as memórias mais profundas.

Nunca esperei ter eles tão longe de mim.

Min Yoongi e Jung Hoseok....só Deus sabe quantas noites fiquei sem dormir por pensar que nunca mais os iria ver.

Lembrava de quando eles ficavam em minha casa. Se eu estava com insónia Yoon fazia um cafuné em meu cabelo rosado enquanto que Hobi me abraçava por trás. Me sentia protegido com eles.

E foi para me proteger que aquele armário da escola fora partido.

Era uma manhã muito quente, eu tinha ido com uma bermuda colada ao corpo para a escola e algumas pessoas começaram a me olhar estranho. Realmente não entendia o porquê de estarem me olhando daquele jeito...era muito inocente na época.

Conforme ia andando encontrei com os meninos no corredor que tinha aquele armário e ficamos por lá, conversando sobre coisas banais.

Entretanto passou um outro menino entre nós que me segurou pelo queixo e falou 'Com que então a putinha começou a dar as caras..sua bunda é gostosa Park'. Depois disso só lembro de sentir ele se afastar de mim e então ouvir um baque que me deixou assustado.

Quando olhei para o lado vi Yoongi prensando a cabeça dele naquele mesmo armário com uma força absurda. Infelizmente nesse momento o diretor passou pelo nosso corredor e levou os dois para a diretoria. O menino que me assediou saiu impune, já Yoongi teve de fazer trabalho comunitário na escola. 

Meu maior sonho é revê-los mais uma vez, pelo menos para compensar tudo o que já fizeram por mim.

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A primeira aula foi logo ed. física, a pior de todas!

Nunca consegui entender o que tem de interessante em correr de um lado para o outro e fazer montes de exercícios estranhos que a única coisa que geram é suor e mais suor.

O lado bom é que a aula de hoje foi mais teórica, eu sou um bom ouvinte, decoro facilmente as matérias

Lógica e raciocínio é o meu forte, muitas vezes consigo chegar rapidamente em conclusões que para outros é super difícil. Mas isso também tem o seu lado mau...não sei usar a força.

Força e impulso são duas coisas que pessoalmente nunca fui muito fã. Não gosto de ver pessoas agindo por impulso e usando a força em situações que uma pequena conversa já ajudaria.

Gosto de paz, não de guerra.

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Fim das aulas e eu fui andando lentamente para fora da escola.

Tudo estava ruim como sempre. As ervas que em tempos foram de um verde vivo já se encontravam cinza, o velho ônibus amarelo continha uma cor mais esbranquiçada agora, até mesmo as pessoas estavam perdendo sua cor.

Tudo estava descolorido, como os filmes de Charlie Chaplin.

Junto com a cor, a felicidade também ia sumindo. Era visível o cansaço e a tristeza nos olhos de todo o mundo. Nem mesmo as crianças tinham motivação para brincar.

Essa conversa de que a pessoa só dá valor quando perde não é verdadeira. Cada um sabe exatamente o que tem. O problema é que ninguém acredita que um dia vá perder.
Esse é o mal do ser humano, pensar sempre no agora e nunca no depois.

Meu grande sonho era fugir de Busan, conhecer algum sítio em que a vida ainda exista de verdade. Um sítio em que as pessoas tenham o brilho que antes tinham no olhar. Um sítio com cor.

Eu sei que ele existe, só não sei onde.

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Chegando em casa jogo minhas coisas no sofá da sala e vou direto para a cozinha preparar algo para o almoço.

Meus pais estavam fora por isso ficou tudo sob meus cuidados. Mesmo que eles ultimamente não tenham sido muito presentes eu sinto falta de os ter aqui comigo.

Minha mãe nunca teve emprego fixo porque durante minha infância eu tinha muitas crises devido às minha doença.

Essas crises geravam muita febre, delírios, pesadelos e até alucinações. Era horrível sentir aquilo e era horrível também saber que dava montes de trabalho para minha mãe.

Conforme fui crescendo e tomando aquele remédio, meus pais começaram a ficar mais distantes de mim. Eu sabia que precisavam de tempo para eles mesmos, eu já tinha dado muito trabalho, mas não esperava que esse tempo se convertesse em anos sem me dar toda a atenção que uma criança merece.

Eles apenas me perguntavam se eu estava tomando meus remédios direitinhos e me alertavam sobre as consequências de eu não os tomar.

Realmente estava cansado disso, mas também sabia que não os poderia deixar de lado....

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Olá amores, tudo bem com vocês??

Esses dois primeiros capítulos foram uma introduçãozinha para vocês conhecerem um pouco mais os personagens e tudo mais.

Espero que estejam gostando da história, mesmo que ela ainda esteja bem no princípio. Prometo que ainda vem muitas surpresas pela frente, inclusive coisas que vocês não estarão nada á espera.

Então é isso por hoje, se vocês gostarem votem porque ajuda muito mesmo ^^

Amare nimis!