4h in Translation

3 • Essayer et échouer

“Por que se eu te quero não vou recuar, não vou pedir espaço. Porque espaço é apenas uma palavra inventada por alguém que tinha medo de ficar.”

|Tentar e falhar|
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|3 heure|

Max um tanto corado, se afastou sentindo seus batimentos cardíacos cada vez mais forte, mas sabia o quanto aquilo lhe fazia mal de qualquer forma, carregando o peso de todo o ressentimento que ainda guardava do passado.

— Obrigada. – ele murmurou quase inaudível, olhando para todos os lados menos para a garota.

— Não precisa me agradecer, você está melhor? Quer que eu peça um copo d'agua? – Rose disse preocupada.

Ele negou com a cabeça sorrindo leve, sem olhar para Rose.
— Está bem. Qualquer coisa me avise. – ela falou docilmente.

E por fim, os olhares dos dois se encontraram mais uma vez e sorriram levemente uma para o outro.

— Você tem medo de altura? – a garota perguntou não querendo que o silêncio se instalasse entre eles.

— É, digamos que sim...Tenho medo de aviões em si. – ele respondeu já mais calmo.

— E mesmo assim viaja, você é corajoso. – ela comentou sorrindo fraco.

— Orgulhoso, não gostaria que meus pais soubessem o quanto nervoso fico nesse monte de metal, que pode cair a qualquer momento. – ele respondeu enquanto a garota sorriu levemente.

O silêncio inevitável se fez presente entre os dois, e assim permaneceu por alguns longos minutos que pareceram intermináveis.

A garota sentia falta dos tempos em que assuntos tão facilmente se criavam entre os dois, e agora até aquele pequeno detalhe era difícil, ela sabia que um recomeço naquela altura seria quase impossível, ela estava casada com um homem que sequer amava, e mesmo com processo de divórcio em andamento sentia que Max não a perdoaria tão fácil assim.  Afinal, nada na vida é fácil. Todas as escolhas que fazemos nos trazem sua bagagem de consequências, e talvez a sua consequência fosse não tê-lo mais.

Ela se perguntava, o porque de ter escolhido aquele caminho, ela poderia conseguir ser bem-sucedida em sua profissão sem condições a serem impostas e aceitas. Não fora um dia sequer feliz com o "marido", nunca se sentira confortável em o chama-lo assim por mais que fosse assim, de algum modo, ela via como um sinal aquele reencontro com Max justo naquela altura de sua vida, afinal, Rose acabara de se divorciar do ex-marido e estava voltando para sua cidade natal na esperança de fazer as coisas do jeito certo e como ela planejara.

Mas o tempo passava cada vez mais rápido, e ela já não tinha esperanças que Max realmente fosse perdoa-la, nem ela se perdoaria, mas tentar era uma forma de acreditar que estava fazendo os momentos de sua vida valerem a pena, sejam lá quais fossem.

— Quanto tempo você vai ficar em Marselha? – Rose perguntou.

— Até semana que vem, depois volto para Londres. – ele respondeu.

— É uma pena que você vá voltar... – ela disse sem pensar, e se xingou internamente por ter dito aquilo em voz alta. – Quer dizer... os seus pais ficariam felizes se você ficasse... – continuou tentando se corrigir, Max sorriu levemente pelo jeito que a garota tinha quando se atrapalhava com as palavras.

— É...eu até queria ficar de vez em Marselha, com os meus pais, em família sabe? Seria bom, mas...acho que a minha vida toda já está feita em Londres. – ele pensou em dizer que não teria nada que mudasse isso, mas de alguma forma ele mudaria se as circunstâncias fossem outras, e a dor da mágoa não fosse tanta em seu peito, aos poucos ele percebia que jamais sentira raiva de Rose, apenas ressentimento, ressentimento por não ter sabido direito seguir sua vida amorosa, porque sempre ela estava em seus pensamentos.