“Algo que vi ou fiz que me deixou assim. Você poderia me ajudar? Precisamos voar antes que alguém nos diga como.”
|Onde as almas colidem|
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|4 heure|Max não pensava muito bem, ele não sabia de onde tinha tirado coragem o suficiente para se levantar de seu assento minutos depois que viu a garota seguir até o banheiro, ele não esperava que realmente fosse capaz daquilo não depois de todos aqueles anos e tudo o que tinha acontecido, mas quando se deu conta já estava beijando novamente a garota.
— Max... – ela arfou sentindo todo o peso de suas emoções e sentindo um leve arrepio desde o seu ventre até um pouco acima da nuca, simplesmente pelo aperto que era distribuído pelo rapaz que apertava sua cintura. – Eu também não consegui esquecer você... – admitiu com a voz quase embargada, não queria admitir mas ele realmente tinha sido seu primeiro amor e esse tipo de coisa não se esquece tão rápido.
Eles voltaram a se beijar dessa vez com mais intensidade, mas antes que as coisas pudessem se tornar mais fora do controle eles pararam tentando se recompor para sair daquela cabine minúscula. Afinal, não podiam esquecer que ainda estavam no avião e que outras pessoas poderiam querer usar o banheiro antes que o avião pousasse.
— Acho que fizemos a coisa certa? – Rose indagou depois de alguns minutos em silêncio.
— Não sei... Só sei que eu precisava fazer isso, eu não quero continuar com magoado com você. – admitiu. – Eu também não fui a melhor pessoa com você. – falou enquanto olhava para as nuvens no céu com as mãos entrelaçadas.
— Nenhum de nós fomos totalmente. Mas quem é afinal? – sorriu fracamente.
— É verdade... – concordou.
Os dois seguiram em silêncio o resto da viagem, mas dentro de cada um tudo estava mais calmo.
De alguma forma eles estavam mais leves por terem sido francos um com o outro pela primeira vez, a verdade é que os momentos que passaram juntos ainda adolescentes foram uma das lembranças mais bonitas de suas vidas e mais marcantes, eles só tinham se esquecido disso e deixado o sentimento de mágoa afeta-los tão drasticamente que por alguns longos anos eles continuaram infelizes, angustiados por dentro e sem saber exatamente o porque.
No fundo, eles buscavam desculpas para culpar o outro e nunca a si mesmos. Era uma busca incessante de camuflar aquela ferida aberta, mas o problema não foi exatamente por Rose ter ido embora para se casar com outra pessoa e também não fora o fato de Max ser apático demais em relação a certas coisas.
Ambos erraram, ambos tiveram escolhas durante suas vidas e a primeira que tiveram foi fingir que não tinham cometido erros também e guardar mágoas do que já tinha passado a muito tempo. Mas o primeiro amor, as vezes faz isso com a gente porque somos jovens demais para tomar as decisões totalmente certas e orgulhosos para aceitar que erramos também.
Mas naquele momento, aquilo já não existia mais no coração de ambos. Eles estavam leves, como se tivessem tirado um peso de suas costas e não era como se eles fossem o verdadeiro amor um do outro, ainda existia a paixão isso era um fato mas amor era uma palavra muito forte para distinguir o que existia entre aqueles dois, mas o carinho era imensurável.
— A gente podia brincar de alguma coisa né? – Rose falou depois de algum tempo já entediada.
— Brincar? Você é criança por acaso? – sorriu encarando a garota.
— Sim? – franziu o cenho quase indignada com a fala do rapaz.
— Tá bom! Guerra de dedões? – sugeriu.
— Prefiro pedra, papel e tesoura.
— Então, não! – deu de ombros virando-se como uma criança mimada.
— Ha! Quem é a criança agora? – implicou sorrindo vitoriosa.
Ela acabou concordando com a tal guerra dedões, e Max ficou assustado pela competividade da garota que mais parecia querer assasina-lo com seu dedo e o rapaz não conseguiu segurar o riso e acabou gargalhando em alguns momentos.
— Assim não vale, você não precisa matar o meu dedão! – o rapaz reclamou.
— Pena, né? – sorriu debochada vencendo o garoto mais uma vez.
— Senhores passageiros, vamos aterrissar.
— Nossa já? – Rose murmurou.
— Passou mais rápido do que eu esperava. – Max sorriu consigo mesmo. – Até que não foi tão ruim, né? – encarou a garota.
— É, não foi! – sorriu.
Quando o avião se preparou para pousar Max sentiu-se enjoado mais uma vez, todavia desta vez ele segurou sem hesitar nas mãos de Rose que sorriu levemente ao olhar o rosto pálido do rapaz, que mesmo com medo também mantinha um sorriso pequeno no canto dos lábios.
As vezes, é necessário não somente perdoar mas também nos perdoar, porque a erros que permanecem tanto em nossas mentes nos acusando como criminosos que nos fazem perder a essência do melhor que guardamos dentro de nós. Eles não disseram aquilo em palavras, as vezes pedir desculpas não muda muita coisa porque a lista de coisas que fizemos para a outra pessoa ainda está lá e é difícil de esquecer. Mas quando se beijaram naquela cabine minúscula, eles sentiram alguma coisa algo que não era possível explicar em palavras, algo que os fizeram se sentir bem e cheios de fôlego novamente.
O fôlego da vida e do perdão. Não existiam mais mágoas.
Quando desceram do avião ajeitando suas malas para seguirem seus caminhos até em casa, se olharam mais uma vez como imãs pararam frente a frente com os olhos um no outro acompanhados de um sorriso sincero e sem ressentimentos.
— Você vai ficar por muito tempo. – Rose perguntou. – Talvez... Podíamos tomar um café um dia desses. – sugeriu e o garoto sorriu ao lembrar da cafeteria que sempre passeavam quando jovens.
— Não... – lamentou. – Eu tenho que voltar logo para Londres pra organizar novos trabalhos de início do ano. – explicou.
— Oh, eu entendo. – assentiu. – Foi bom ver você de qualquer forma. – sorriu.
— Também foi bom ver você.
Os dois se despediram com um abraço apertado para em seguida darem as costas uma para o outro seguindo seus caminhos, estavam aliviados sentiam-se jovens outra vez. Rose parou por alguns instantes e virou-se novamente na direção de Max que já estava um pouco distante.
— Max! – chamou e o rapaz se virou arqueando as sombrancelhas. – Mantenha seu coração aberto, vou manter o meu também! – disse colocando as mãos em seu coração.
— Prey, não é? – sorriu ao reconhecer a letra da música da banda favorita de ambos. – Precisamos voar antes que alguém nos diga como. – concluiu e os dois se olharam por uma última vez dando de costas mais uma vez para finalmente seguir os caminhos que estavam trilhando.
Dessa vez, sem ressentimentos ou tristezas.
Porque onde as almas colidem, era onde estava aberto o coração daqueles dois.
★★★
Roi, gente!
Quanto tempo neah, mas finalmente chegamos ao fim da nossa viagem!Claro, que ainda vamos ter um epílogo e talvez um capítulo bônus, mas por enquanto não prometemos nada!
Por hoje é só gente, beijinhos!
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4h in Translation
Romance[concluída] Max e Rose foram o primeiro amor um do outro... Um primeiro amor que não terminou bem, repleto de mágoas, ressentimentos e culpa. Porém, após anos vivendo atormentandos por lembranças de arrependimento, eles se reencontram em um avião qu...