Londres, 1828. Meses depois...
Leslie estava frustrada, irritada e tudo o que desejava era colocar ácido na bebida de alguém. Por mais que não admitisse, sabia o motivo para estar daquela forma: estava se sentindo sozinha. Suas irmãs mais velhas casaram-se e foram morar juntas, e agora ela estava sozinha. Estava feliz por elas, é claro. Mas não podia deixar de estranhar estar sozinha e se sentir abandonada.
E, para deixar tudo ainda mais estranho, estava recebendo bilhetes e cartas de um admirador secreto. Claro que a jovem desconfiava de quem eram as cartas, mas não tinha certeza, e detestava aquela história de se esconder atrás de bilhetes românticos. Por que ele não lhe falava tudo aquilo pessoalmente? Não era difícil.
Conhecendo à si mesma, Leslie sabia exatamente como ficaria quando descobrisse quem era o autor das cartas. E, levando em conta os últimos meses, mataria August se não fosse ele. E estrangularia, se fosse.
Era controverso, mas em sua cabeça, fazia total sentido. Talvez apenas pelo fato que ela almejava que fizesse sentido. Mas, aquilo não importava para Leslie. Suas desconfianças e raiva já estavam demais para ela.
Não era que não gostasse das cartas e dos bilhetes, ela amava. Mas não entendia o motivo que fazia com que ele se escondesse e não falasse tudo o que escrevia para ela, olhando em seus olhos. Por mais que pensasse, não conseguia chegar a um motivo aceitável ou plausível. E aquilo estava deixando-a no limite, em todos os sentidos possíveis.
Claro que já havia falado sobre aquele assunto com August. O Visconde aparentou surpresa e até um pouco de ciúmes. Mas Leslie não conseguia acreditar naquilo. Para ela, era ele quem mandava as cartas. Precisou se controlar muito para não o confrontar e perguntar o porque de estar se escondendo atrás de cartas e bilhetes. Porque, em seu interior, tinha certeza de que ele era o autor de tantas palavras que tocaram seu coração.
Leslie balançou a cabeça, dispersando os pensamentos, e saiu da frente da janela da habitação. Não aguentava mais ficar ali sozinha. Era deprimente. Precisava de ar e conversar. Porque espaço era o que tinha de sobra sozinha ali. Pegou suas luvas e capa, e saiu da habitação.
Desceu as escadas amarrando a capa ao pescoço e colocou as luvas ao chegar no andar debaixo. Procurou a mãe pelos cômodos até achá-la lendo na biblioteca. Entrou sem fazer muito barulho, mas a Condessa levantou a cabeça antes que Leslie chegasse muito perto. A filha caçula abriu um meio sorriso.
- Vai sair, querida? - A Condessa de Mercy indagou, se levantando e deixando o livro em cima do sofá.
- Gostaria de ir visitar Annabell, se não houver problemas. - Leslie respondeu. Já fazia algum tempo que não via a amiga, sentia falta dela e de conversar com alguém que a entendesse e, acima de tudo, não a julgasse ou repreendesse.
- Não vejo problemas. Desde que leve alguém com você e não volte tarde. - A mãe autorizou, colocando uma mecha do cabelo da filha atrás da orelha. Leslie balançou a cabeça.
- Obrigada, mamãe. Levarei alguém e não voltarei tarde. - A jovem garantiu, antes de dar meia volta e sair da biblioteca.
Leslie entrou na carruagem acompanhada de uma criada e passou o caminho, até a casa dos Walker, em completo silêncio. Sempre detestara andar acompanhada de alguém que não fosse suas irmãs ou sua mãe. Mas não podia sair sozinha, concordava com aquilo.
Felizmente, o caminho foi curto, e logo a carruagem estava parando na frente da casa. Leslie saiu do veículo, com a criada seguindo-a.
Foram recebidas por um lacaio, que foi chamar Annabell. A jovem de cabelos chocolate e olhos castanhos logo estava descendo as escadas da casa.
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O Coração do Visconde (DEGUSTAÇÃO)
Historical Fiction5 capítulos não revisados disponíveis pra degustação. A versão completa, revisada e com bônus está disponível na Amazon. Livro 1 da Trilogia Nascidos Para Amar, SpinOff da Série Feitos Para Amar. A história de Leslie e August. Quando os irmãos mais...