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Ananda Mendes

    Eu continuava insatisfeita com o fato do meu vizinho ser o meu mais novo colega, mas não podia fazer nada, a não ser aceitar. Isso não era a pior coisa do mundo. As coisas continuarão normais, se eu simplesmente ignorar a existência dele e ficar na minha.

- Amiga, você já começou o trabalho de português? - Anne perguntou debruçada sobre a mesa. O intervalo já havia acabado, mas continuávamos no pátio, pois estavámos de aula vaga.

- Já olhei o assunto por cima, mas vou começar amanhã. - respondi sem ânimo.

- E o de Biologia? Sei que temos bastante tempo para entregar, mas é bom dividirmos em partes pra cada um já ir pesquisando, para que no dia da apresentação dê tudo certo. - concordei.

- Nem me fale nesse trabalho. - bufei, por lembrar que meu vizinho poderia fazer parte dele. - Será que o novato vai mesmo fazer com a gente? - eu ainda tinha um pingo de esperança de que ele desistisse e fizesse com outras pessoas.

- Acho que sim. Ele veio de outra escola, deve precisar de nota e estamos no 3° semestre, não dá pra vacilar.

- Ok, depois vemos isso. Mas devemos deixar o André resolver, afinal, foi ele que o chamou pro grupo.

- Não vai ser algo difícil, você viu que eles estão ficando próximos. - revirei os olhos.

    Eu amava o André, éramos amigos desde o primeiro ano, ele é uma pessoa maravilhosa, mas essa qualidade dele de ser amigo de todo mundo, as vezes virava defeito, como era o caso.

- Desde de que mantenha o riquinho longe de mim, tudo bem. - falei e vi os dois conversando com mais alguns garotos, não muito longe da li. Eles riram de algo que um deles falou, então André notou que eu os olhava e me mandou um beijinho no ar, o que chamou a atenção do novato. O ignorei e sorri para André, mandando outro beijo.

- Então eu pesquiso tópicos e depois dividimos.

- Sim, pra mim tá ótimo.

    Anne ficou em silêncio e eu permaneci olhando para onde André estava com seu novo amigo. Por algum motivo que eu não sei explicar, meus olhos se focaram no meu vizinho.

    Ele contava algo e parecia bem confortável, tendo em vista sua expressão descontraída. Seus cabelos de tom claro estavam meio dessarrumados, devido a sua mania de penteá-los para trás com a mão. Vendo ele assim, até parece ser uma boa pessoa.

- Eita, que olhar fixo é esse? - ouvi Anne questinar e voltei meu olhar para ela.

- Que? - me fiz de desentendida.

- Você estava olhando pro menino como se fosse fuzilar ele.

- Nem era a intenção. Mas se meu olhar ferisse, ele já estaria bem machucado.

- Ananda, você é péssima! - balançou a cabeça negativamente.

- Tenho a ligeira impressão de que vocês estavam falando de mim, estou certo? - André questionou ao se aproximar.

- Esta sim, senhor André.

- Presumo que bem. - ele deu um sorriso convencido.

- Ai já não tenho tanta certeza.

- Nós estávamos falando da sua amizade com o novato. - Anne.

- Ah, o Guilherme. Moleque gente boa. - fiz careta. - O que foi, Ananda?

- Ela não gosta dele. - explicou Anne e André fez uma expressão confusa.

- Ué, aconteceu alguma coisa entre vocês? Depois daquele dia não conversamos sobre. - perguntou com curiosidade. Será que ele estava pensando que eu já tive algo com o tal Guilherme? Credo!

Entre Nós (Em Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora