Monica's POV
Aeroporto Internacional de Dallas/ Fort Worth, 18h35
Acordei com o bater das rodas na pista, e agarrei a mulher que estava ao meu lado, por reflexo. “Desculpe” disse para ela, com um sorriso, mas ela se esquivou um pouco. Provavelmente me achou uma louca.
Assim que o comandante nos deu a permissão para levantar, aquele mesmo senhor me ajudou a retirar minha mala do compartimento de malas. Voltei a ligar o meu celular e fui bombardeada com 40 mensagens e 9% de bateria. “Já estou em Dallas” digitei rápido para minha mãe, que provavelmente mandaria a notícia para Leslie e Rex.
Voltei a subir aquela rampa emborrachada olhando em volta. Eu amo esse sentimento de subir essa mesma rampa, mas de estar em um lugar novo. Tanto na descida da rampa, como na subida.
O lugar nem sempre vai ser novo, né. Às vezes você tá subindo e descendo para casa, mas você não é o mesmo. Da última vez que tinha descido/ subido uma rampa em Dallas, tinha acabado de chegar aos EUA. Eu estava nervosa, ansiosa. Tensa. Feliz. Meio trêmula, com vergonha e medo de tudo. Agora, pareço outra pessoa. Será mesmo capaz que um mês (e um pequeno trauma em Los Angeles), tinham me mudado tanto?
Sim.
20h10 era o voo para o Rio de Janeiro. Isso sim que era conexão. 7% e meu celular continuava firme e forte na bateria. Andei com minha mala um pouco, até entrar em uma espécie de bondinho/ trem que iria me levar até o meu portão. Um homem barbudo, vestindo um chapéu de cowboy e um rolex, que poderia pagar uma cobertura na praia do Leblon, entrou comigo. “É uma blusa muito bonita que você está vestindo” ele falou, sorrindo de lado e apontado para a blusa de mamãe. Era uma blusa de seda pesada com um tom perolado, costurada como se fosse um casaco de tricô, que ia até um pouco abaixo da minha cintura e com umas franjas caídas até a metade da minha coxa. Foi o primeiro presente que meu pai deu a ela, quando eles começaram a namorar. Minha blusa favorita. Sorri para ele e dei um obrigado bem sincero.
Meu celular começou a tocar e logo vi um “Kaká” na tela. Minha mãe. Olhava para a tela decidindo ou não se atenderia. Decidindo se era melhor retornar a ligação depois, do que a ligação desligar do nada, e minha mãe achar que eu desliguei na cara dela.
"Mãe, eu to sem bateria," nem Oi, nem nada. Queria que ela entendesse que ligaria para ela quando estivesse com mais bateria.
"Onde você está Monica?! Quer me matar é, garota?" Obvio que ela não entenderia.
"Eu to no tre..."
"TREM?! INDO PARA AONDE?! MONICA PELO AMOR DE DEUS!" Podia imaginar ela gesticulando e gritando ao mesmo tempo. Soltei uma risada, sem querer, vendo ela revirar os olhos. "Ah, que bom que você tá se divertindo com o meu desespero, filha," ela voltou a um tom mais sereno, mas carregado de ironia.
"Calma, dona Kaká. É um trem de extensão. O aeroporto de Dallas é enorme! To indo para o meu portão e só tenho 5% de bateria, posso te ligar depois que carregar um pouco?"
"Que susto, menina. Tá tá, depois me ligue." Nem um tchau, nem nada. Deve ser de família.
Primeira coisa que fiz depois de sair daquele trem foi procurar uma daquelas cabines para carregar meu celular. Pluguei o celular na tomada, e sentei logo em frente. 19h04. Ainda dava tempo de falar com minha mãe e comer. E depois ir embora."Mãe?" Algumas vezes eu queria só ter silêncio. Mas hoje não.
"Oi filha," ela parecia distraída, "que anjo Darowen foi esse?"
Expliquei para ela o que Darowen fez. Podia sentir o alivio na voz dela.
“Ainda bem que você fala bem inglês e virou desinibida nos Estados Unidos,” ela falava para mim, soltando um riso nervoso. No fundo, eu podia sentir que ela estava aliviada.
"Ainda bem, né?" Minha atenção virou para uma mensagem de Ellie.
“Te criei bem, né” disse ela, rindo de novo, tomando crédito pelas minhas ações. E eu sabia que era verdade. “Não deixe que o medo de errar, impedir que você jogue” a voz da Hilary Duff inundava minha mente aleatoriamente, enquanto eu respondia a mesagem para Ellie que não lembrava o que aconteceu em Los Angeles.
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Coisa de Cinema
Romance“‘Ah, vai! Se a gente tivesse planejado, não teria dado certo!’ Falei sorrindo e deslizando meus dedos pelos cachinhos dele. Não existe frase mais certa para mim, que essa. Ele se mexeu um pouquinho, tentando achar uma posição confortável para a cab...