Supremacia

God Bless The Child

Segunda-feira, 25 de março de 1991

- Você tem certeza que quer vim meu amor? - ele me pergunta com sua voz calma - É que, o médico pediu para você ficar de repouso, é uma gravidez de alto risco, Pilar... - ele suspira

- Sim eu tenho! Eu já estou farta de ver meu marido nas mãos de uma e outra toda semana - ele ri

- Mas você sabe que é apenas Marketing minha querida

- Eu sei querido, mas, sinto que já podemos mostrar a todos que vamos ter um bebê, falta apenas alguns dias e eu quero desfilar com a minha barriguinha - ele suspira mais uma vez

- Tudo bem minha rainha, eu te espero aqui! - ele diz e desligo 

 Dou uma última olhada no espelho antes de sair, minha barriga esta enorme, é surreal, eu nunca passei tanto tempo grávida, eu estou gerando uma vida

- Oi minha pequena Paris, mal posso esperar para te conhecer e abraçar! - passo a mão por minha barriga - Por você espero ansiosa e feliz. Eu te amo, minha filha, hoje e para sempre! - a sinto chutar.

 Visto um sobretudo comprido de camurça azul marinho, pego minha pequena carteira, saio do quarto e caminho até as escadas, desço o primeiro degrau, sinto um frio na barriga, o ignoro e continuo devagar. Paro por um segundo, não estou me sentindo muito bem, não sei explicar, vamos lá Pilar, falta poucos degraus, desço um degrau, sinto uma tontura, tento me segurar mas não consigo, tudo fica escuro. Estou no chão, de bruços, tudo esta rodando, Dayse esta gritando algo, não consigo ouvir, esta um silencio absoluto, não consigo me mexer e manter os olhos abertos e um desafio

Jéssica Cooper

 Paro meu Concept S-Class Coupe e um dos seguranças logo vem me ajudar a sair do carro, sorrio graciosamente para ele, o doce som das músicas infantis ecoam pelos alto falantes da majestosa Neverland, é uma noite calma, o vento uiva por entre as árvores, um pé na frente do outro, sigo com as mãos no bolso do meu casaco o caminhozinho que da na casa, escuto um grito estridente, corro junto com vários seguranças que passam por mim como vento, passo pelas enormes portas, Pilar esta caída ao chão de bruços, esta desacordada, os seguranças falam em código em seus rádios, há sangue em todo o chão, o desespero de todos os funcionários me é compreensível, Pilar é uma pessoa incrível e muito humilde, como melhor amiga eu tenho propriedade para dizer isso.

 Eu não consigo dar um passo, minhas pernas estão pesadas, estou chocada, os paramédicos correm em direção a Pilar, checam seu pulso e a viram devagar e a colocam em uma especie de maca, assim que vejo sua enorme barriga me espanto mais ainda, por alguns minutos havia me esquecido, ela pode ter perdido o bebê?

 Escuto a voz de Patrice do lado de fora da casa, ela entra, olha para o chão onde Pilar ainda esta na maca e onde ela estava

- Todo esse sangue - ela devagar, pálida, vai até Pilar com as mãos sobre a boca, olha para a empregada mais velha da casa que esta perto de Pilar desde que cheguei - O que aconteceu Dayse? - com a voz embargada ela diz e Dayse se vira para ficar de frente para ela

- Eu escutei um barulho, vim correndo quando eu cheguei a dona Pilar já estava caída de bruços no chão - ela chora e Patrice também, ela vem até mim e eu a abraço

- Vai ficar tudo bem! - digo a ela baixinho. Eles a levam e Patrice vai com eles, pego o meu carro e sigo a ambulância.

 Eu havia ficado encarregada de levar Pilar até a premiação do Oscar onde Michael seu marido já estava esperando por ela, Pilar queria anunciar sua gravidez ao publico, ela parecia tão empolgada por telefone, meu coração se aperta toda vez que a imagem dela em cima de todo aquele sangue vem a mente, me sinto culpada por não ter aproveitado com ela esse momento tão especial, eu sempre fui muito viciada em trabalho e ficamos por muitos anos longe uma da outra. Me perdoe por ser uma péssima amiga Pilar passo as costas das minhas mãos para limpar as lagrimas, tudo vai ficar bem, digo a mim mesma e tento me concentrar na direção, o hospital esta próximo.