Capítulo 2

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Que homem.

Era a expressão correta para usar naquele momento.

Ao adentrar na sala, jamais imaginei que ele pudesse me causar uma confusão de sentimentos, arrepios e faltas de ar. Não deixei de olhá-lo com atração, mesmo após tanto tempo sozinha. E ele me retribuiu, penetrando-me com o olhar fixo e profundo. Os olhos verdes claros além de expressarem confusão, também expressavam dúvidas e mistérios que qualquer mulher se sentiria excitada para descobrir. Era alto e tinha cabelos castanhos, assim como seu irmão, e o porte físico extremamente invejável.

O homem era um puta cara atraente que, infelizmente, não poderia me envolver.

Xinguei-me mentalmente por estar admirando a beleza do homem e limpei minha mente de pensamentos ruins. Levantei-me após ele fazer as apresentações e caminhei, fazendo com que o barulho dos saltos sobre o chão de madeira ecoasse pela sala, diretamente para a pequena adega contida no escritório. Apanhei um dos mais caros vinhos da Itália, Bruno Giacosa Collina Rionda o qual tive que sacrificar um homem para conseguir.

Não tinha o que fazer, eu era uma fanática de vinhos.

Servi-me levando a taça à boca para degustar o primeiro gole do líquido.

Magnífico.

Voltei para o lugar onde estava e sentei de frente a mesa novamente, cruzando as pernas e colocando as mãos apoiadas sob ela para que pudesse entrelaçar os dedos.

— O que estava fazendo? — Fiz a primeira pergunta, calmamente. — O porquê estava afastado? — Questionei novamente, sem expressar qualquer emoção com a apresentação dele.

Havia sido treinada para isso e não poderia ser fraca, principalmente ali, para aqueles homens que ainda me tratavam com profunda indiferença, como se não fosse capaz apenas por ser uma mulher.

Ele deu um rápido sorriso de canto de boca, como se achasse graça da situação e continuou olhando de forma penetrante, às vezes, forçando as pálpebras a semicerrarem, testando a minha concentração.

— Você é igual o seu pai. — Ele desconversou, analisando cada traço do meu rosto.

Seu irmão não havia explicado o que ele havia feito nos quatro anos afastado da organização. Anos que levantaram suspeitas de soldados, capos e até de associados, sobre seu compromisso ou real intenção conosco. Não era permitido que ninguém se afastasse por tanto tempo, porém, ele tinha um dom de nunca ser encontrado, falhando miseravelmente com todas as tentativas de caça dos capos.

— Responda. — Rosnei, levantando uma das sobrancelhas, em tom de ameaça enquanto o encarava com os olhos semicerrados.

Ele não alterou em seu tom, pelo contrário, continuou com aquele falso humor e o sorriso no canto da boca. Parecia que ele havia lidos meus pensamentos no momento que entrou na sala e estava só me provocando para avaliar por quanto tempo eu ficaria em defesa ou ataque.

— Temos reunião com a família em uma hora. — Avisou, ignorando completamente a pergunta anterior, de forma descontraída. — É importante irmos ao compromisso. Eles gostarão da minha presença já que fiquei ao lado do seu pai por anos — Passou uma das mãos pelos fios que insistiam em cair em seus olhos. — Além do mais, minha experiência conta nas negociações... — Parou de falar quando foi interrompido.

— Não irá responder? — Questionei, irritada por ser ignorada.

Havia treinado meu psicológico o suficiente para ser pacífica ao tratar de negócios, pois, dinheiro era tudo o que importava para os associados. Mas ser tratada daquela maneira por um homem que havia acabado de chegar, causava-me ódio. Raiva por perceber que ele também seria igual aos que já convivia.

O Perigo FascinaOnde histórias criam vida. Descubra agora