2 - O seu mundo está prestes a ficar bem maior

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— O que você quer dizer isso? Aliás, por que o seu número de telefone está escrito em um dos arquivos do pendrive do meu amigo? Você conhece ele de onde? — Insegura, Mel questionava. Sua mente estava a mil por hora. Haviam tantas dúvidas que ela mal sabia o que perguntar primeiro.

"— Hey, calma! Primeiro de tudo você precisa me falar exatamente o que aconteceu com o Icaro e o Deplyz." — Disse Hany do outro lado da linha. Mel respirou fundo em uma tentativa de acalmar-se para poder se lembrar de todos os detalhes do ocorrido trágico de minutos atrás.

— Icaro veio em minha casa agora pouco e começou a me contar varias coisas sobre um hacker chamado Deplyz que ele estava investigando. Ele disse também que Deplyz havia o rastreado e sabia onde ele estava, e então um homem misterioso invadiu minha casa, baleou Icaro e... o levou embora dentro de um carro preto. — Mel disse tudo de uma vez, se quer parando para respirar.

— Sim, eu sei que Icaro estava investigando Deplyz. Eu estava o ajudando a investigar os sites ilegais de Deplyz na deep web. — Comentou Hany, deixando Mel surpresa. — Eu já sabia que, mais cedo ou mais tarde, Deplyz iria atrás de Icaro para se vingar, mas não imaginei que seria tão rápido assim...

— E agora? Você acha que este homem pode voltar aqui para atirar em mim também? Oh, céus!

— Não se preocupe, ele não voltará. O alvo dele era somente o Icaro. Mas então, você chegou a vê-lo?

— O tal de Deplyz? S-Sim.

— Diga-me como ele era. Quero saber as características físicas dele, assim será mais fácil de encontra-lo.

— Não deu para ver, infelizmente. Ele estava todo vestido de preto e uma máscara branca tampava seu rosto. A única coisa que eu vi foram os olhos verdes dele.

— É... — Hany suspirou, frustrada. — Ninguém sabe como é a aparência de Deplyz. A única coisa que se sabe é que ele possui olhos verdes.

— Mas e agora? Precisamos salvar o Icaro!

— Eu sinto muito, Mel, mas... Icaro provavelmente está morto agora. Deplyz não costuma dar 'pontos sem nó'.

— Meu deus... — A garota sussurrou enquanto fitava um canto qualquer de seu quarto. Seus olhos encheram-se de lágrimas ao ouvir as palavras de Hany. Seu único amigo estava morto, ela mal conseguia acreditar.

— Mel, você comentou que o Icaro deixou um pendrive com você, certo? Isso significa que ele quer que você continue investigando Deplyz.

— E-Eu não sei se é uma boa ideia... O meu pai é chefe de polícia, então eu poderia contar tudo isso para ele. Ele vai saber o que fazer!

— Não!!! — Hany exclamou, assustando Mel. — Se Deplyz descobrir que você o denunciou para a polícia ele irá matar você e o seu pai. É melhor deixar toda esta história em segredo, por enquanto.

— Mas... esse Deplyz é um sujeito muito perigoso! Ele deve ser preso!

— Sim, eu sei! Tudo o que eu mais desejo no mundo é que esse desgraçado pague pelas coisas que fez, mas não devemos agir de cabeça quente. Deplyz gosta de jogar e é extremamente calculista, então não devemos agir pela emoção.

— Ai, que droga... — Resmungou Mel, olhando para o teto ao falar. — até há algumas horas atrás eu era só uma garota com uma vida comum, mas agora parece que tudo virou de cabeça para baixo.

— Mel, o seu mundo está prestes a ficar bem maior agora. — Afirmou Hany em um tom de voz extremamente sério. — Você precisa me ajudar a continuar a investigação de Deplyz. Era o que o Icaro iria querer. Faça isso por ele.

— Eu... eu não sei. Isso é muito perigoso, não sei se tenho capacidade e nem coragem.

— Se o Icaro confiou esta missão a você, então significa que você consegue. — Rebateu. — Olha, eu preciso desligar agora. Mas assim que amanhecer vá até a delegacia e relate tudo, mas não conte nada sobre o Deplyz e a deep web. Diga somente que seu amigo Icaro foi raptado e possivelmente morto e que você não sabe de nada além disso.

— O que?! Hany, espera! Como vou saber se posso mesmo confiar em você?

— Digamos que você não tem escolhas, né? Você terá que confiar em mim de qualquer forma. — Riu levemente. — Mas não se preocupe, nós estamos no mesmo barco. Deplyz irá pagar pelos crimes que cometeu, falta pouco para isso acontecer, eu sinto. Enfim, até mais.

Antes que Mel pudesse dizer algo a mais, a ligação foi encerrada por Hany.

Mel jogou seu celular sob a cama, respirando profundamente em seguida. Naquela noite, a garota chorou durante horas e horas. Aquele traumático evento marcara sua vida para sempre.

Ao amanhecer, Mel foi direto para a delegacia. Ela relatara tudo aos policiais, mas ocultou a parte que envolvia Deplyz e a Deep Web. A garota se sentiu mal por ter mentido para a polícia, mas sua intuição dizia para ela seguir os planos de Hany.

Assim que Mel retornou para sua casa, deu de cara com seu pai na sala de estar. O homem de meia idade e de cabelos e barba levemente grisalhos correu em direção a filha assim que a avistou, abraçando-a.

— Filha, você está bem? Eu vim assim que soube o que aconteceu com você e Icaro. — Disse ele eufórico. Ao se desvencilharem do abraço, ele analisou-a dos pés à cabeça para se certificar de que ela não estava machucada.

O pai de Mel era um homem muito ocupado, e mal tinha tempo para ela. Desde o dia em que a mãe de Mel morrera, há anos atrás, o homem começou a se dedicar totalmente ao trabalho, talvez como forma de lidar com a dor. Mel se afundou na solidão desde então, e Icaro, que sempre foi seu único amigo, foi quem trouxe um pouco mais de alegria para a vida da garota.

— Eu estou bem... — Disse Mel, cabisbaixa ao recordar-se da noite anterior. Os olhos verdes daquele misterioso homem ainda a assombravam. — Mas o Icaro está morto pai. Foi horrível!

— Eu conversei com a mãe dele agora pouco... A família dele está arrasada, coitados. — Suspirou tristemente.

Aquelas palavras foram como um despertar para Mel. A garota ainda estava incerta se iria mesmo continuar a investigação para Icaro, mas ao lembrar-se da família do garoto, Mel comoveu-se. Provavelmente eles queriam justiça, e capturar Deplyz, o possível assassino de Icaro, poderia de alguma forma aliviar as coisas. Mel sentia que tinha esta obrigação.

— Pai, eu vou para o meu quarto agora. Preciso descansar.

— Tudo bem, querida. Se precisar de alguma coisa é so me chamar.

— Tudo bem. — Sorriu levemente.

Mel então subiu as escadas apressadas e se trancou dentro de seu quarto. Caminhou até a sua cama e pegou seu celular. Após discar alguns números para ligar, após o terceiro toque foi atendida.

"— Alô?" — Disse a voz do outro lado da linha.

— Hany, sou eu; Mel. Estou te ligando pois tomei uma decisão.

"— Prossiga."

— Eu vou continuar a investigação para Icaro. Tudo o que eu mais quero agora é que Deplyz pague pelas coisas que fez.

Hany sorriu satisfeita com as palavras de Mel.

"— Ótimo. Já tenho um plano em mente."

— Que plano?

"— Durante muito tempo estivemos escondidos e Deplyz sempre dando as caras, agora está na hora de inverter as coisas. Então você deverá se preparar."

— Me preparar para o que?

"— Para o seu primeiro ataque direto à Deplyz." — Afirmou Hany, sorrindo travessa.


Continua...

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