Para sempre Spider-man

CAPÍTULO III

Peter acordou ainda mais sonolento naquela tarde de agosto, olhou para o seu reflexo no espelho enquanto lavava os olhos e reparou em como a sua situação estava ainda mais deplorável do que se lembrava. Os cabelos desgrenhados não eram frutos de apenas uma noite mal dormida, ele simplesmente não se lembrava a última vez que os havia lavado. Estava com olheiras tão fundas que seus olhos castanhos pareciam dourados no meio de tamanha escuridão. Seu rosto assumia marcas profundas derivadas de sua má nutrição. E, se perdendo em pensamentos sobre os últimos acontecimentos da sua vida, nem notou o celular vibrando insistentemente na sua cama.

Quando finalmente pegou o aparelho viu que tinha mais de quinze chamadas perdidas do Happy Hogan, e parecia que o motorista que o havia levado até a Alemanha estivera tentando contato desde a noite anterior.

— Oi... Happy — disse ele assim que conseguiu retornar a ligação. — Sou eu, Peter... Parker...

— Aonde você estava, garoto? — Happy parecia bravo na chamada, muito embora também despertasse um sentimento de culpa.

— Eu não sei, eu só tava...

— Eu sei, eu sei... Não tá sendo fácil pra nenhum de nós.

— Eu só queria... só queria... Eu queria pelo menos ter tido mais tempo, Happy. Se eu tivesse... Se eu...

— Ei, escuta! Nada disso é culpa sua, tá legal?! Não faria diferença, ele... fez a sua escolha.

— Eu não estou conseguindo mais, eu não sei se aguento. Não depois de tudo...

Happy suspirou fundo do outro lado da linha.

— Você consegue, garoto. Ele sabia que você consegue. Ele contava com isso. E, deixa eu te falar uma coisa: de tudo o que Tony já fez nessa vida, você foi o projeto mais ousado. Ele realmente acreditava em você. Nós acreditamos em você, Peter.

— Obrigado... Happy.

— Tá todo mundo te procurando, Peter: a Shield, Os Vingadores, todo mundo. Nós temos uma missão especial pra você.

O coração de Peter bateu mais forte a cada palavra até que finalmente conseguiu sorrir com a ideia de poder mudar um pouco de ares. Mesmo se isolando, vez ou outra ainda fazia patrulha pela vizinhança, afinal tentava não colocar os seus problemas pessoais acima da segurança da sua comunidade, mas aqueles bandidos que enfrentava não representavam nenhum desafio e, enquanto lutava contra eles, o garoto tinha tempo o bastante para pensar sobre a sua vida – coisa que jamais aconteceria se enfrentasse alguém à altura.

— Pra onde eu vou?

— Bahia, Brasil.