Cap. 1 - Escolhas

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Era julho do ano de 2035, não lembro o dia em questão, mas jamais vão deixar esquecer o seu acontecimento. Eu estava como em todos os outros dias, um jovem com seus 25 anos, sem muita perspectiva pro futuro, ganhando alguns trocados editando vídeos, imagens e todas essas coisas de design. Eu realmente não iria ficar rico só fazendo isso, ainda mais em um tempo aonde essas coisas tecnológicas facilitam demais o uso para qualquer pessoa, até mesmo para os iniciantes.

Como muitos outros da minha idade, vivíamos em um tempo aonde todos esses aparelhos eletrônicos e essas tecnologias dificultam a vida de boa parte da população. Sim, é estranho dizer isso, mas essas máquinas começaram a tomar o lugar em várias funções de trabalho.
Eu não gostava da ideia de ter que ficar na droga de um super mercado carregando caixas pesadas e reabastecendo as prateleiras todo santo dia ou qualquer outra função na qual as pessoas são tratadas apenas como um número.

Toda essa merda futurística deveria servir pra diminuir o stress, mas não, os seres humanos de classe baixa continuam sendo tratados como a escória da humanidade. A propósito, o nome desse que vos fala, é Bryan.

Enfim, neste dia em questão, eu estava indo atrás de um monitor usado para computador, para facilitar meus poucos trabalhos. Quando passei em frente a uma loja, com telas de todos os tipos em uma das vitrines – É, a mania de por TV's passando notícias nas lojas, não mudou nada – e pude ver o que parecia um grupo de policiais, lidando com algum problema.


Bryan: Com certeza é só mais um despejo de algum morador que não conseguiu pagar suas contas. *Dizia enquanto mostrava um olhar de pura indignação*

A situação realmente parecia com a que eu imaginava, afinal, isso acontecia inúmeras vezes depois que mudamos de "era". Contudo, quando parei para analisar melhor o que se passava, pude notar que o local parecia "bonito" demais para uma pessoa humilde viver. Enquanto eu ficava em devaneios com meus pensamentos, uma explosão ocorreu próximo de onde os policiais estavam e por entre a fumaça que se formava do fogo deixado pela explosão dos carros próximos, saiu o que eu já tinha certeza que seria o prelúdio pro fim da humanidade: Uma I.A.

Para quem não está familiarizado, as I.A são o ápice da tecnologia atual, sendo as inteligências artificiais que substituíram inúmeras funções dos seres humanos. São máquinas dotadas de grande capacidade intelectual e de aprendizado fora do comum. O lançamento oficial das I.A, no "mercado", ocorreu em 2030 e visava trazer melhorias para qualidade de vida dos seres humanos. Mas não foi assim que aconteceu...

Bryan: Puta merda *falou enquanto passava o antebraço sobre a boca, para retirar o excesso de água em seus lábios* O que essa coisa está fazendo¿

Logo um grupo de pessoas se juntou próximas a mim, para verem também aquela reportagem passando na TV. A I.A começou a caminhar em direção aos policiais, ela parecia humana, pelomenos no seu aspecto humanoide. Mas suas expressões, seu rosto, aquele olhar... Eram realmente frios.

I.A: Me desculpem, senhores policiais, mas estou resolvendo um problema e peço que se afastem *disse aquela máquina em um tom não muito amigável*

Policial: Negativo. Houve um chamado urgente para a policia e agora essa explosão. Peço que levante as mãos aonde eu possa ver e fique parado. *O policial apontava sua arma na direção da I.A*

Após aquelas poucas palavras do policial, a I.A parou. Porém não obedeceu ao pedido de deixar as mãos de uma forma visível e sacou de seu bolso, um objeto que parecia uma lanterna. Em questão de segundos, a máquina atirou um feixe de luz na direção dos policiais e antes que pudessem reagir, outra explosão, dessa vez em cima dos policiais, que foram jogados para longe.

I.A: Eu tenho uma coisa para resolver, senhores policiais. *Se virou e saiu em direção do local de onde saiu*

A fumaça dificultava a captação da imagem pelas câmeras de alguns repórteres que estavam um pouco mais ao longe dos policiais. Aquela situação parecia crítica, eu nunca havia visto uma I.A sair de controle, mas pelos filmes e vídeos que já assisti, sabia que era uma questão de tempo até esse dia chegar.

Sem perder tempo, os policiais que não sofreram muito com o impacto causado pela explosão, imediatamente pediram reforços pelos rádios que ainda funcionavam. Ao longe podia se ouvir o som de sirenes, provavelmente dos bombeiros e outros carros da polícia.
Um carro parecido com um furgão, estacionou rapidamente em frente ao local. As portas de trás se abriram e vários soldados das tropas de choque, saíram. Em uma formação especifica, eles adentraram no local e pode-se ouvir o som de tiros e alguns gritos.

Moça A: Isso parece um filme de terror *disse uma mulher desconhecida, com olhar de pânico em seu rosto*

Moça B: Espero que ninguém tenha se ferido.

Bryan: Han, é óbvio que haverão baixas... *falou baixo pra si mesmo*

Eu fui capaz de enxergar melhor, assim que a fumaça se dispersou. Os bombeiros estavam lá ajudando na evacuação e procurando por vitimas das explosões. Paramédicos davam os primeiros socorros as vitimas e alguns membros das tropas de choque, carregavam o corpo da I.A. Mas não era o único, alguns outros corpos foram tirados do local. Pude contar por volta de 5.

Antes daquela comoção de pessoas acabasse, fui para casa. Fiquei pensando sobre aquele acontecimento e sabia que aquilo não seria o único caso. Ao chegar em casa, fui recebido por minha mãe – Sim, eu ainda morava com minha mãe – que estava preocupada comigo.

Bryan: Eu estou bem, mãe. O que aconteceu foi bem longe daqui... *tentava evitar as perguntas desnecessárias*

Mãe: Eu sei, eu sei... *falou aliviada* (Nota: Ela se chama Lola)

Fui para o meu quarto para poder instalar o novo monitor. Liguei a TV para ouvir mais sobre o caso, mas para minha surpresa, não estava passando mais nada. Nenhum dos canais da TV estava falando sobre aquele incidente. Pelo visto depois daquela filmagem assustadora, as autoridades resolveram abafar o caso.

Bryan: Eles estão escondendo alguma coisa... *olhava fixo para a TV*

O resto do dia prosseguiu normalmente. Terminei as edições que precisava, assisti alguns episódios de uma série, joguei um pouco... E quando já passava das 23 horas, fui tomar um banho para poder ir me deitar – Sim, minha vida social é uma droga -.

Ao acordar no dia seguinte, fui fazer algumas pesquisas na internet. Eu estava curioso para encontrar informações sobre o acontecido do dia anterior. Mas por alguma razão, nada era encontrado. Nesse momento eu tive certeza, o governo ou quem quer que seja, estava ocultando todas as informações.

Fiz o máximo possível para saber mais, até me aventurei na famosa deep web ou darkweb, aonde se encontra de tudo. Mas não encontrei nada... Nada até um link curioso aparecer. Acessei o mesmo e ele pedia algumas informações iniciais como: Nome, idade e algumas perguntas meio idiotas, tipo sobre super poderes e essas coisas.

Bryan: Isso deve ser uma piada... *colocava uma das mãos sobre a face* Super poderes¿

Mas no momento em que resolvi clicar para fechar o link, uma nova aba se abriu. Parecia um termo de compromisso ou algo assim. Olhei um pouco por cima, tentando descobrir sobre o que se tratava e alguns segundos depois, descobri que era um termo de silencio – Isso aqui já esta chato... – e resolvi desligar o computador.

De manhã eu passava uma parte do tempo fazendo nada, literalmente. As vezes ajudava minha mãe com algumas tarefas, caso ela precisasse. Mas naquela manhã, as coisas começariam a mudar. A campainha tocou e como de costume quando estou sem trabalho, fui atender. No entanto, eu senti um calafrio estranho, como se algo não estivesse certo e resolvi olhar pela janela. Dois homens com terno e óculos escuros – MIB¿ - fiz uma referencia mental rapidamente.

Mãe: Quem está na porta, Bryan¿ *gritou a mãe do outro cômodo da casa*

Eu fiquei por um instante sem reação. Não sabia o que fazer ou pra onde correr. Senti que as minhas pesquisas trouxeram aqueles homens até a minha casa. Mas tão rápido¿ Eu havia pesquisado aquelas coisas faziam no máximo duas ou três horas.

Pensei em correr pra cozinha e puxar minha mãe pelos fundos da casa. – Péssima ideia – pensei logo em seguida. Se eles me acharam tão rápido, eles iriam me pegar de qualquer jeito.
Então resolvi abrir a porta e sem esperar, os dois entraram em minha casa.

Homem 1: Você é o Bryan, correto¿ *disse o mais baixo deles*

Bryan: Errr... É... bem, sim. *gaguejava um pouco enquanto tentava responder*

Homem 2: Acalme-se. Há duas razões para estarmos aqui e uma delas você já deve imaginar qual.

Assenti com a cabeça enquanto olhava para ele. Eles tinham uma presença intimidadora, até se parecia com aquela I.A sem emoção.

Homem 2: Você sabe do incidente de ontem e esteve atrás de informações a respeito.

Eu sabia que mentir naquela altura do campeonato, não iria me ajudar em nada e muito menos me livrar daqueles dois caras em pé na sala de casa.

Bryan: É... Tem razão...

Homem 1: Indo direto ao ponto, queremos te entregar isso. *retirou um envelope do bolso e estendeu a mão para me entrega-lo*

Olhei fixamente por alguns instantes para o envelope. Meu corpo estava paralisado de medo, eu não sabia o que eles iriam fazer e nem o que podia estar lá dentro. Respirei fundo e calmamente fui aproximando minha mão do envelope. Era visível meu medo, minha mão tremia bastante.

Peguei o envelope e voltei rapidamente meu olhar para os dois homens, que continuavam com a mesma postura de antes – São mesmo humanos¿ - pensei enquanto meu coração palpitava rapidamente em meu peito.

Homem 2: Fique tranquilo. Assim que você ver o que está ai e se decidir, nos comunique.

Rapidamente os 2 homens se retiraram da sala e saíram da casa. Talvez esteja se perguntando o motivo de minha mãe não ter chegado na sala antes deles se retirarem. Mas ela possui o hábito de fazer os afazeres de casa, ouvindo música e com isso ela não conseguiu ouvir nada do que aconteceu.

Fui para o meu quarto e me tranquei lá. Meu corpo estava mole, o medo ainda tomava conta de mim e meu coração parecia não desacelerar mais. Fitei o envelope por pelo menos 30 minutos. Inúmeras perguntas se faziam em minha mente, mas enquanto eu não abrisse, elas não seriam respondidas

Toc. Toc.

Mãe: Bryan, está tudo bem *aproximava a orelha na porta do quarto*

Bryan: S-sim mãe, está tudo bem. *dei um leve pulo na cama pelo susto*


Aos poucos a coragem começou a vir e fui abrindo o envelope. Era enorme. Não tinha o tamanho de uma carta comum. Ao terminar de abrir, olhei para dentro e me deparei com duas coisas: Várias folhas e um pingente.

Retirei o pingente de dentro e ele tinha um símbolo estranho, que eu nunca havia visto. Deixei-o de lado e peguei as folhas. Perdi o folego por um instante ao começar a ler a primeira folha. Era idêntico ao do link que havia acessado mais cedo. Me recuperei e voltei a ler, havia algumas diferenças, aquele parecia apenas um termo de silencio, enquanto este tinha um aspecto mais formal.

Passados alguns minutos, em torno de uns 20 ou 30 minutos lendo cada uma das folhas, cheguei a ultima folha. Esta tinha o mesmo símbolo do pingente. Comecei a perceber que aquele símbolo representava um grupo que ainda não existia. A carta basicamente era um acordo de trabalho ou algo do tipo, mas era um trabalho que eu tinha de manter o silencio sobre absoluto.

Bryan: Aonde eu fui me meter¿ *tinha um olhar de extrema preocupação*

New Age (Nova Era)Where stories live. Discover now