Capítulo 1- Gazel sob a chuva

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Pânico, terror, destruição por todo o lado. O que era aquilo? Labaredas demoníacas devoravam vorazmente as casas e terrenos, gritos de agonia soavam no meio do caos, pessoas correndo pelas suas vidas desesperadas, porém em vão. Não! Não! O que estava a acontecer? Não! Pai, mãe, onde estavam? Não! Não podia ser.

Um perturbador silêncio invade o local apenas aconchegado pelo constante crepitar das chamas. Por fim, os gemidos e gritos cessaram, a agitação, o combate pela sobrevivência. Agora á sua volta um mero conjunto de corpos jazia, inertes, tombados já sem vida, empoçados num estranho fluido rubicundo. E as expressões que traziam cravadas, horrendas, de pavor, de medo, de sofrimento, de quem tinha encarado a Morte. Não!!!

Gazel acorda sobressaltado. A sua respiração era acelerada e um forte batimento de tambor ribombava no seu peito. Aquelas imagens ... aquela assombração... Gazel fecha os olhos por um momento e, após uma breve meditação, já mais calmo levanta-se. Tinha de esquecer aquilo, tinha de seguir em frente.

Gazel olha em volta. Uma verdejante extensão de terra estendia-se em seu redor ali, junto ao seu saco de cama debaixo de uma frondosa árvore, com o morno crepúsculo matinal a espreitar por entre as montanhas do horizonte distante. Ping, Ping, Ping. Gazel avança e fita o céu. Ainda envolto por um melancólico véu de penumbra lançava a sua dádiva sagrada sobre a vegetação. Ping, Ping, Ping, Ping. Missangas cristalinas desciam apressadamente atingindo Gazel no seu rosto claro e encharcando o seu semi curto cabelo espigado de breu. A chuva intensificava-se. Gazel retorna para a proteção conferida por aquela possante arvore e senta-se encostado ao seu tronco grosso e firme, contemplando alheiamente aquele espetáculo da natureza. "Pronto, já passara. Fora apenas um sonho" mentaliza-se enquanto observava o campo de erva que se desenrolava á sua frente, vibrando freneticamente sob a impiedosa torrente de água celestial que o atacava. Ping, Ping, Ping. Já passara. Ficaria tudo bem. Ping, Ping, Ping...

 Ping, Ping, Ping

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