Capítulo 3 - Festival de Máscaras Parte I

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A voz de Katherine ecoava irritada e estridente pela ampla praça da cidade, ainda adormecida numa vagarosa manhã de sábado.

_Falhou de novo? Alguém me pode explicar o que está a acontecer?

_Talvez seja um problema com o microfone ou a coluna de som. _ sugere o bem-parecido adolescente a seu lado, Dorian _ O que achas Prescila?

_Bem, não tenho bem a certeza. Da última vez que chequei tava tudo ok. Vou dar aí uma olhada _ declara uma voz feminina que se aproximava á distância

Katherine suspira em aborrecimento. Aquele ensaio não estava correr, de todo, bem. Katherine e Dorian eram irmãos gémeos e juntos preparavam-se agora ali, sobre aquele enervante palco de madeira acompanhados por um falacioso sistema de som para a sua performance como duo. Afinal, o festival anual de máscaras de Bey city aproximava-se galopante e, como de costume, a Mistic Claw tinha de apresentar um bom show. O festival de Máscaras era uma comemoração tradicional daquela pequena cidade costeira, a mais importante e aguardada por todos. A sua génese, embora um pouco enubulada pelo avançar dos tempos remetia para uma antiga celebração, na qual os cidadãos, mascarando-se de diversas formas, procuravam agradar os deuses e atrair carma positivo.... Ou algo do género. Nada de muito relevante. O que importava era que iria haver muitas pessoas, comida, bebida, dança, música e animação. Era algo realmente em grande e, como dueto musical representante da guida de magos esse ano, falhar não era uma opção. As espectativas eram altas e o par teria de as satisfazer, o que não parecia estar a ser fácil.

Prescila, a jovem assistente da performance, um membro novato da Mistic Claw que apenas havia ingressado á um meio-ano, sobe por fim ao palco e, fazendo uso da sua perspicácia tecnológica, começa a inspecionar as colunas de som, ligando e desligando cabos. Katherine aperta com força o microfone que segurava na mão. Estava receosa. Dorian, apercebendo-se, poisa a mão no ombro da irmã e, fitando-a com o seu complacente olhar de natureza esverdeada tenta tranquilizá-la:

_Não fiques assim. Vai tudo correr bem.

Katherine encara-o. A rapariga trazia um elegante vestido felpudo branco que lhe tombava pelo joelho em combinação com o terno do irmão e, na sua bonita face elegantemente maquilhada e emoldurada pelos cabelos castanho-claros aos canudos, uma vincada expressão de frustração residia:

_Não vai nada correr bem Dorian! Tudo porque a idiota desta Prescila decidiu arranjar os aparelhos em segunda mão.

_Ei! Eu não sabia que era em segunda mão princesinha. E, além disso, o problema não é esse. _ impõe-se Prescila vigorosamente. _ Acho que é este fio que está mal conectado.

_Então porque não resolveste o problema mais cedo inteligência. Sabes quantas vezes tivemos de parar o ensaio? _ remata Katherine elevando o tom

_Da próxima vez tu e o teu maninho desenrascam-se sozinhos, ok? Estou a fazer-vos um favor e a dar o meu melhor. _ retorque a assistente, tirando o seu inusitado cabelo pintado de verde da testa enquanto manuseava uns cabos elétricos

_Chega! _ corta Dorian. _ Acalmem-se e vamos dar o nosso melhor

_É o que estou a fazer. _ termina Prescila

Katherine desvia o olhar num amuo um tanto engraçado e, de braços cruzados, contempla o horizonte de mar azul e gaivotas que se abria ali a seu lado, por entre os telhados encarnados das rasteiras casas. Prescila acocorada, também num silencio desagradado, terminava de configurar o aparelho de som e Dorian, no meio das duas, tentava encontrar uma solução para apaziguar o pesar da atmosfera que se instalara.

_Pronto! _ anuncia por fim Prescila. _ Deve estar tudo bem agora. Se não é melhor trocar mesmo as colunas. Vou ligar!

_ Já não era sem tempo. Vamos lá! _ diz Katherine

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