Capítulo IV- A Entrevista parte III

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- Isa todas as perguntas você tem por opção não responder, mas nós gostaríamos que se possível você fosse sincera, tudo que for perguntado e respondido nessa sala não vai ultrapassar aquela porta – Carlos com toda a sua gentileza fez questão de esclarecer, pude notar que quando me explicava sobre as perguntas, que ele batia os pés no chão, como se estivesse nervoso e este gesto fosse uma válvula de escape, parecia que ele seguia ordens e não estava seguro quanto a isso, assim que acabou de falar, simplesmente levantou foi até a outra mesa e pegou seu notebook, e o trouxe para perto dele achei estranho.

- Desculpe Isa, é que acabei de lembrar-me que algumas das perguntas que programei para te fazer, estão aqui no computador – no mesmo instante Elaine olhou para ele de um modo acusador como se acontecesse algo que estava fora do contexto, pareciam que travavam uma batalha sem nenhuma palavra ser pronunciada.

- Vamos começar logo Carlos, pois temos mais entrevistas para realizar – quebrou o silêncio constrangedor a  Elaine.

- Com prazer – exclamou passando os dedos no canto da boca, como se estivesse saboreando algo.

- Porque você decidiu se inscrever para um reality show? – questionou Elaine.

- Na verdade eu não resolvi, eu amo TV e sempre assisti a diversos programas, este em especial assisti desde o primeiro , sou muito fã é não é demagogia da minha parte, vejo como uma oportunidade de autoconhecimento, é também por conta do prêmio que nesse momento da minha vida é um dos fatores de maior importância – suspirei aliviada por não ter gaguejado , Elaine mexeu nos cabelos e cruzou as pernas , querendo me intimidar

- Então Isabela posso dizer que aqui o interessante para você é o dinheiro – destilou todo o seu veneno, não me acanhei e tratei logo em responder de cabeça erguida.

- Não o interessante Elaine, mais o essencial para a sobrevivência da minha família, é tal fato não interfere no que penso e nem é o que me define. – Travamos nossos olhares, quando Carlos questionou-me:

- Isa você acha que todo mundo tem um preço? – Eu respondo sem pestanejar.

- Sim Carlos eu acredito que todo mundo tenha um preço – no mesmo instante quando eu ia dar continuidade na minha resposta Elaine me corta completamente

- Você está ouvindo isso Carlos, eu sabia essa garota só está aqui pelo dinheiro não vai contribuir em nada para o nosso programa, é mais um rostinho bonito e fútil – olha pra mim com nojo, apontando suas unhas vermelhas enormes na minha direção. – levanto e respondo sem me preocupar diante das suas acusações

- Elaine vou deixar uma coisa bem clara pra você, todo mundo tem um preço sim, isso não é necessariamente sobre o dinheiro, se é que me entende... – nesse momento ela também levantou, quis falar algo mas me adiantei -O meu preço é a felicidade e o bem estar dos meus filhos, e respondendo as suas acusações, não , nunca fiz programa, sempre trabalhei, porque julga as pessoas dessa forma? porque te incomodo tanto? -meu coração acelera e minha voz sai trêmula e completo -Essas atitudes só provam a tua futilidade como mulher... – meus olhos estavam prestes a derramar milhares de lágrimas, a raiva tomava conta de mim, estava prestes a desmoronar.

- Calma meninas, Elaine não leve as coisas por esse lado, você pode nos dar licença vá tomar uma água e por favor retome o controle, pode deixar que esta entrevista eu termino. – Elaine parou, na minha frente e olhou nos meus olhos e destilou todo seu veneno – Se depender de mim, você está fora – e saiu batendo o pé, a sua ira podia ser vista e sentida quilômetros dali, nesse momento uma lágrima rolou pelo meu rosto, tratei logo de enxuga-la, pois a minha fraqueza estava sendo presenciada e não queria demostrar a minha vulnerabilidade, eu sentei na cadeira e meus olhos involuntariamente abaixaram em busca de uma válvula de escape, me sentia derrotada, Elaine me provocou e eu cedi aos seus comentários.

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