35 - A perda do Caçador!

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Um ano atrás - Edvar Sanders

Minha mulher terminou de servir o almoço e se sentou ao meu lado com o melhor sorriso que ela poderia dar, seus olhos claros sempre me fascinam, mas nesse momento o que chama atenção é o barulho que os animais começaram a fazer, me levantei junto a Kate que vai até a frente da casa e grita meu nome com certo medo na voz.

Logo que saio vejo sua égua Luz relinchando e andando em círculos me deixando agoniado por aquele movimento, mas quando me aproximo, ela se coloca atrás de mim me empurrando para algum lugar que eu não entendia e minha mulher somente me observava, até que ouvi relinchos do garanhão ao loge e minha pele se arrepia no mesmo instante.

Me viro para Luz e a vejo deitada a minha frente, minha mulher assente indicando que eu deveria aceitar e logo monto a sentindo se levantar e começar a correr no mesmo instante que agarro sua crina.

Não demorou muito para ouvir os relinchos de meu puro sangue cada vez mais altos e mais forte como se pedisse socorro por algo e meu temor era pior a cada instante, por saber que o garanhão não se separava de seu dono e se ele estava naquele estado, Demétrio estaria passando por perigo. Mesmo sendo impossível pois ter um cavalo como ele afastava qualquer animal do território.

Minha visão era a pior, logo que nos aproximamos de uma clareira, vejo garanhão circulando um corpo caído e pelas suas roupas sociais eu sabia que era o corpo de Demétrio. Logo que nos aproximamos, desci de Luz e ela foi ao encontro do Caçador que se afastou com ela e se acalmou ao seu lado.

Vi os pulsos dele cortados e o sangue estava começando a secar, observo envolta e vejo um punhal, me levanto para apanhar o objeto, mas seu cavalo se coloca a minha frente e não permite que eu o toque, então observei a lâmina ao longe e percebi que aquela foi a arma que ele usou. Me juntei a Demétrio, respirei fundo pois somente de ver seu corpo eu sabia que era tarde, mas seu animal continuava nos rondando e as vezes o via cutucar a mão do dono com o focinho me fazendo sentir as lágrimas me atingirem com força e finalmente encarei meu amigo.

Elevei os dedos devagar até seu pescoço e como eu já desconfiava não tinha mais vida, meus olhos se encheram de lágrimas e me apoiei em meus joelhos ao sentir que não conseguiria segurar, e finalmente chorei. Senti meu rosto arder enquanto eu lembrava do homem que foi como um filho para mim e era destemido, inteligente e defendia sua família com unhas e dentes, sem contar que tinha uma filha linda, que graças a sua mulher nunca pude conhecer.

Minhas orelhas sentiram um bafo sendo solto e vi Caçador próximo a mim, então o toquei no focinho e eu não sabia como eu poderia fazer-lo entender o que estava acontecendo, que seu dono não estaria mais ali para ele e nem para o mundo que o venerava por ter sido um dos homens com o mais alto QI nessa década.

"Ele se foi..." - um sussurro meu que atingiu Caçador de uma maneira inimaginável. Eu somente o vi se afastar, tocar a mão do homem mais uma vez e relinchar se empinando, o que fez Luz também fazer o mesmo e ele correu para longe entre as árvores do bosque e somente deixou seu relincho que podia ser ouvido de longe.

Horas após quando consegui me levantar e voltar para o casarão, contei a minha mulher, ela se encolheu no sofá e seus olhos travaram no horizonte onde ele sempre surgia quando chegava de carro para nos visitar. Liguei para a mulher dele e ela não ousou aparecer na fazenda, somente mandou a funerária buscar o copo de seu marido, o que me fez ferver o sangue e ainda fui proibido de ir no enterro dele.

Mesmo que naquele momento eu começava era me preocupar com o garanhão que não voltava e só foi aparecer três semanas depois magro e desnutrido, sendo preciso leva-lo a uma clínica para animais de porte grande pois o coitado entrou em depressão e não comia a dias me deixando com a vida na mão.

Kate começou a melhorar quando percebeu que o puro sangue precisava de atenção, e ela nunca conseguiu montá-lo, mas era a única que conseguia alimenta-lo e fazê-lo andar pela fazenda, mas quando a noite caía ele recebia carinho dela e sumia entre as árvores e somente aparecia pela manhã.

Aquele detalhe me deixava preocupado por não saber por onde ele andava durante a noite, e então apanhei a égua de minha mulher, e cavalguei no bosque até o local onde Demétrio foi achado por mim, e então parei no meio do caminho ao ver ao longe que Caçador dormia encolhido no lugar onde o corpo morreu me fazendo me afastar e não tirá-lo dali pois eu sabia que aquilo era a única coisa que ele tinha de seu antigo dono.

Depois de ver aquilo eu sabia que meu puro sangue não era o mesmo e comprovei quando ele se afastou de minha mulher e se afeiçoou a um cão que era treinado por nós para juntar o gado, e a amizade fez bem ao animal que voltou em algumas semanas a ser o mais forte de todo o meu haras e o maior sendo o que mais recebia propostas de compra, mas eu sempre neguei, pois aquele animal não merecia servir de troféu, e sim, conseguir viver após uma perda como aquela.

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Uma visão da morte de Demétrio!

Próximo capítulo amanhã!!!

Palpites para a reação de Hally?!

Bjs

Bad Boy por engano (ou não) - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora