c a p í t u l o d o i s

493 111 854
                                    

Summer sempre adorou ser o centro das atenções. E não se preocupava em esconder isso. Desfilava pelos corredores do colégio em seu uniforme branco e vermelho de líder de torcida com um sorrisinho de satisfação que deixava claro seu prazer em ouvir cochichos e olhares sobre ela. As pessoas gostavam de fofocar sobre a garota loira que sempre estava nas melhores festas, fazia as melhores viagens e ainda assim tinha as melhores notas do colégio. No fundo ela achava engraçado a admiração que as pessoas tem por gente com atitude. Porque era isso que fazia dela quem ela era, a confiança de Summer Lockwood era algo invejável.

Seus tênis brancos, combinando perfeitamente com o resto da roupa batiam no chão de forma atlética e ritmada enquanto andava em direção a sala do diretor.

Empurrou a porta dupla de madeira da sala de diretoria e entrou no cômodo, maior do que o necessário, onde apenas uma pessoa se encontrava atrás da bancada também de madeira que saía da parede no lado direito da sala e ia até o centro da mesma. O som das teclas do computador sendo tecladas pela secretária de trás da bancada, pareciam fazer parte da música ambiente que tocava em volume baixo.

— Oi Emy — Summer disse, esperando o rosto da mulher se contorcer em desgosto.

Emy era jovem demais para ser secretaria de um diretor fudido, como dizia Helena. A mulher estava sempre de mau humor e tinha um talento diferente para incomodar os alunos do colégio. Estava sempre de olho nas câmeras de segurança e se um aluno fizesse qualquer coisa fora das leis de conduta da escola, era Emy que ia dedurar para o diretor. A única coisa que os alunos sabiam sobre ela é que tinha terminado a faculdade de pedagogia há alguns anos e agora trabalhava exclusivamente para o diretor, que era velho ou preguiçoso demais para resolver seus assuntos sozinho.

— Então — começou, quando percebeu que não ia ter resposta da secretária — eu quero falar com o Franklin.

— Vai ter que esperar — mirou o olhar tedioso na garota e apontou para o sofá no canto do cômodo.

— Ok — Sum respondeu prontamente, se direcionando para o sofá marrom onde ao seu lado esquerdo se erguia uma estante de livros que seguia do chão até o teto da secretaria e do lado direito se encontrava porta que separava a secretaria da sala privada do diretor.

Sentou e cruzou as pernas, calmamente. O som que repercutia pela sala era tão ruim que Summer quis tampar os ouvidos por um momento. As músicas tocadas pareciam nunca se repetir, sempre que ia à sala do diretor era uma música diferente que tocava. Summer se questionava quem que escolhia aquelas músicas, será que o diretor tinha uma playlist de músicas ambiente para tocar ou Emy que escolhia todo dia uma música para deixar tocando?

A secretária se levantou e andou até o fax para recolher as folhas que estavam sendo imprimidas, seu olhar pousa em Summer, sentada do outro lado da sala com o tédio presente em cada poro de seu corpo. Summer ergue seu olhar para a mulher, que a encarava com uma cara de superior, e aperta os lábios para a mulher a olhando com descontentamento enquanto pontas duras e claramente descoloridas com água oxigenada do cabelo de Emy se erguiam do coque apertado, totalmente contra a gravidade. A mulher pega suas folhas depois de esperar alguns segundos para todas serem impressas e volta para o seu lugar atrás da bancada.

Summer passa uma mão, delicadamente pelo cabelo, arrumando uma mecha que estava fora do lugar ideal, enquanto matutava pensamentos em sua cabeça, se preparando para falar alguma coisa. Sabia que todos seus atos incomodavam Emy, então não pouparia esforços para incomodar ainda mais.

 — Sabe — começou, fazendo com que a mulher fechasse os olhos por um momento a procura da paciência, que parecia nunca ter tido — conheço uma cabeleireira ótima em Los Angeles, sério, ela é ótima! Especialista em cabelos danificados com tinturas mal feitas, já vi ela salvar cabelos que olha —, respirou fundo fazendo um gesto com as mãos como se tivesse querendo afastar da mente uma imagem horripilante.

Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora