c a p í t u l o q u a t r o

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Abril - 2018

Já era fim de tarde quando Helena saiu da residência dos Dawson naquele dia, carregava seu casaco em mãos mesmo com os últimos ventos do inverno ainda soprando em Malibu. Helena gostava de sentir o frio na pele. Ela desceu pelos extensos degraus que iam da entrada da casa até o fim da residência sem pressa. Ao lado dos enormes degraus, se é que aquele detalhe arquitetônico poderia ser chamado de escada, ficava a garagem aberta onde três carros de cores chamativas estavam estacionados. Helena não precisou virar o rosto para ver de canto de olho o homem encostado em um dos carros a observando.

— Perdeu alguma coisa na minha cara Trevor? — perguntou em tom sarcástico, sem olhar diretamente para ele ou esperar uma resposta, continuando seu caminho.

Trevor Dawson não se surpreendeu com a fala repentina da garota, pelo contrário, ao a encarar ele parecia já esperar alguma atitude da parte dela. Seu semblante se iluminou em satisfação quando a ouviu, como se ela tivesse feito exatamente o que ele desejava.

— Boa tarde pra você também, Campbell — respondeu, ainda seguindo os passos dela com o olhar. — Vim falar com o meu irmão.

— Interessante, Dawson — Helena responde, parando na frente da entrada da casa e se permitindo olhar para o garoto que agora se encontrava um pouco atrás dela. Ele tinha o olhar fixo nela, sem se preocupar se estava parecendo estranho ou se envergonhar de ser pego a observando tão atentamente. Trevor era seguro de si de uma forma que parecia nunca se preocupar com o que os outros pensavam dele e de suas atitudes. Mas para Helena ele era apenas um prepotente com uma boa aparência.

— Brandon tá aí? 

— Adivinha — respondeu sarcástica.

— Tá passando tempo demais com a Summer.

Helena continuou esperando sua carona sem se importar com o comentário. Trevor estava querendo puxar assunto pela primeira vez em anos. Sempre foi o irmão mais velho do seu amigo, o que ela via poucas vezes e nunca trocou mais do que algumas perguntas e respostas. Trevor soava estranho para ela. Não só pela aparência diferente que chamava atenção pelos traços marcantes e olhos excêntricos, mas também pelo seu jeito calculista e pensativo de ser. Mesmo conhecendo-o a um tempo considerável e estando sempre próxima a ele de alguma forma, Trevor sempre seria alguém desconhecido. Era uma pessoa interessante. Mais interessante do que Helena gostaria de admitir. Gostaria menos ainda de admitir o seu interesse platônico por ele guardado a sete chaves.

— Vem, eu te dou carona até em casa — Trevor se oferece do nada, deixando a garota surpresa mas não o suficiente para aceitar.

— Você não ia ver ser irmão? —Pergunta, se virando para o encarar.

— Eu posso voltar aqui depois.

— Meu uber já tá chegando. — Era mentira, faltava quase dez minutos para o carro chegar.

— Sério que você prefere ir de uber do que no meu carro? — Trevor pergunta, com um sorriso prepotente no rosto, indicando o carro.

Helena analisa o carro de luxo que ela não fazia idéia de qual era e ri consigo mesma.

— Ganhou do papai e da mamãe e quer se exibir?

Trevor vira a cabeça para o lado fitando a paisagem e soltando um singelo riso sarcástico e se desencostando do carro. enquanto girava um chaveiro com algumas poucas chaves em sua mão.

— Sua vida não vai acabar se você aceitar uma carona até em casa Helena. — Seu olhar se fixou em Helena ao falar isso, tentando mostrar uma convicção clara do que havia dito, mesmo que para Helena aquilo fosse só uma figura de linguagem para a convencer, Trevor não parecia partilhar da mesma idéia. Mas não importava, ele sempre parecia estar falando sério, talvez sempre estivesse mesmo. Mas Helena não poderia imaginar isso, não por inocência, ignorância ou qualquer coisa que o valha. Mas porque era só uma carona.

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