metálica e animalesca

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Mais uma noite parada, em meio ao escuro...
Estou deitada em minha cama,
Minhas mãos suam,
Meus sentidos se aguçam para ver o que está atrás dessas paredes frias.

Ouço um chiado elétrico... Irritante!
Ele ensurdece meus ouvidos,
Faz zumbir por meu cérebro,
E estremece meus ossos numa onda sonora agoniante.

Sinto meus músculos doerem,
Meus olhos ardem,
Estou com sono,
Mas não quero dormir.

Minha cabeça dói,
As memórias estão voltando...
É como se minha mente estivesse brincando comigo,
Como se o formigamento em meus pés fosse um lembrete constate de que não posso mais voltar atrás.

Isso tudo é cansativo,
Porém já estou acostumada,
Sei como lidar desde o arder de meu nariz, irritado pela poeira, ao som elétrico que parece aumentar e comprimir minha cabeça,
Sim, eu posso fazer isso.

Me sinto oca por dentro,
Me sinto metálica,
Me sinto como uma condutora de sons,
Um elemento sem voz.

Sou como um animal guiado ao matadouro: fraca, cega, enganada...
Um ser que não faz idéia de sua situação, de seu destino...
Alguém que descobre sobre sua morte, que está caminhando calado e de bom grado para ela, apenas segundos antes de morrer,
Quando a perda já é inevitável...

meu emaranhado de eusOnde histórias criam vida. Descubra agora