A Noite da Caçada.

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“A noite é fria e cheia de terrores.”

Greendale, Noite Da Courting

— Granger… — Draco me chamou depois de alguns minutos de silêncio. —Está acordada? — questionou e pude sentir que ele virou e agora encarava minhas costas.

Ainda estávamos na floresta, aparentemente iríamos ficar ali até o amanhecer, e tanto eu como ele não conseguíamos dormir, por alguma maldita razão não conseguíamos ficar em paz com a presença um do outro. Todo o meu sistema nervoso estava apitando enlouquecidamente por conta de toda aquela proximidade, principalmente depois de tanto tempo, tanto rancor. Suspirei antes de virar para Draco, antes de encarar seus olhos azuis tão de perto.

— Sim, estou… O que há?  — questionei olhando fixamente para ele, rogando para que minhas barreiras pudessem se manter mesmo que eu fosse lançada a todo o universo dentro de seus olhos.

— Por quanto tempo mais você consegue aguentar esse clima estranho? — quis saber, e mesmo com a pouca iluminação pude ver sinceridade em sua expressão.

— Pra ser sincera, posso aguentar a noite toda, se você me deixar em paz. — falei rude quando percebi que minhas barreiras estavam começando a desmoronar.

— Hermione… — ele chamou soltando o ar muito lentamente, enquanto eu retorcia o nariz.

— Não, Malfoy! — disse enfatizando o sobrenome dele para que ficasse claro que eu não queria aquela intimidade entre nós. — Tudo o que tínhamos para dizer já foi dito, não vamos entrar nisso de novo! — afirmei decidida.

— Tudo o quê, Granger?! — quis saber, indignado — Você nunca me deixou explicar a situação, nunca me permitiu esclarecer o porquê!

— Suas atitudes valem por suas palavras, Malfoy. — falei enraivecida, meu peito subia e descia com muita rapidez, e meus olhos já queimavam com as lembranças malditas — Não há nada que possa mudar o que você fez. Você me magoou. — conclui e virei-me para o outro lada.

Minha garganta ardia, e deixei que as lágrimas escapassem fora, mas chorei em silêncio. Não daria esse gostinho a ele, não deixaria que ele visse minha fraqueza, nunca mais.
Mas ele não estava disposto a ceder, não queria deixar para lá. Senti quando seus dedos gélidos tocaram minha costa parcialmente nua, um arrepio percorreu do meu pescoço até minha espinha e suspirei, minhas lágrimas parando instantaneamente.

— Olhe para mim, Hermione. — ele pediu com calma. Balancei a cabeça em negação, limpando os olhos com o dorso da mão. — Por favor… — disse ele, e nunca em toda a minha vida eu o tinha visto tão vulnerável quanto ele aparentava.

Diante do pedido, voltei a encará-lo e notei seus olhos tristes, e meu coração quebrou em alguns pedaços, mesmo que eu não devesse ter nenhum tipo de pena dele.

— Sei que vacilei com você, Hermione —  começou, olhando no fundo dos meus olhos, tão fundo que fiquei paralizada. — De todas as merdas que eu fiz, essa é a única pela qual me arrependo. Realmente me arrependo. — confessou com pesar, sua respiração era tão pesada quanto a minha, e logo seus dedos estavam tocando levemente a minha bochecha.

Desfiz-me de seus dedos, e balancei a cabeça em negação. Tudo o que eu sempre joguei naquele cantinho do meu coração para que pudesse entrar na Academia de Artes Ocultas livre e seguir em frente de repente parecia querer sair. Afastei-me um pouco dele, o máximo que a toalha esticada no chão me permitia, e suspirei uma outra vez.

— Acabou, Draco. — disse torcendo para que ele não sentisse o tom trêmulo da minha voz ou que eu mesma acreditasse nisso. — E ficou no passado.

Lupercália - Multiverso Dramione.Onde histórias criam vida. Descubra agora