Três

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Ele iria se arrepender de me trazer de volta. – pensei, enquanto subia as escadas para o segundo andar da cede.

Eu conhecia muito bem aquele lugar e costumava passar muito tempo presa aqui, no segundo andar, com Maitê do que em qualquer outro. Ela sempre foi minha melhor amiga, cursamos biologia juntas, trabalhamos por um bom tempo nas análises da cede juntas também.

E ela deve me odiar.

Eu não só fui embora sem me despedir dela, eu também trai sua confiança ao sair da cede.

Encarei May pelo vidro do lado de fora da sala de analises. Ela estava com uma ruiva que eu não conhecia, e com Christian. Pensei em sair e ir embora dali mas já era tarde para isso. Ela tinha me visto. Andou até a janela para então fechar a cortina na minha cara. Bufei.

Alguém aqui realmente perdeu a noção do perigo.

- Fala Sério, Maitê. Que infantilidade. – falei irritada entrando na sala – Oi, para vocês.

- Infantilidade Anahí? Você quer falar sobre quem é infantil aqui? Te garanto que não sou eu. Não fui eu que fiquei rebelde e traí meu próprio pai. Meu próprio clã, e minha melhor amiga! Vamos lá, você é melhor do que isso, Anahí. – debochou

- Eu não traí ninguém, Perroni. Eu apenas me cansei de viver na porra de uma mentira. É isso o que aconteceu. E me desculpa se eu fiz você se sentir traída. Mais como minha Melhor amiga, você deveria querer e apoiar o que é melhor para mim.

- Melhor para você? E o que é melhor para você do que ficar com sua família, Anahi? Transar com um policial? Brincar de Detetive por um dia? Isso é patético.

Revirei os olhos sabendo que Maitê não iria abaixar a guarda. Eu queria abraçar ela e dizer como eu havia sentido saudades, mas eu também não sabia dar para trás. E então me virei para sair da sala bufando e a ouvi dizer:

- Isso mesmo, Foge. É o que melhor você sabe fazer.

Ignorei a vontade de socar a cara dela e as lágrimas que vieram em meus olhos. A gente nunca havia brigado, e agora que o fizemos eu sabia o que era estar chateada com a “língua inteligente” de Maitê.

Minha volta á cede estava ficando cada vez mais difícil, e o pior de tudo, é que agora eu nem ao menos terei a chance de ter algum apoio por aqui.

...

Me sentei no auditório que ficava em frente ao campo de treinamento. Haviam 20 soldados ali, treinando tiros, e o Chefe deles gritava ordens, Alfonso. Ele usava uma blusa preta com um colete aprova de balas por cima, estava com o rosto manchado de suor. Malditamente sexy. E ele era bom, mirou em três alvos e em ambos acertou em cheio. O maldito era bom. Muito bom.

- Ele é bom não é ? – virei para o lado para ver uma garotinha loira e magra de aparentemente 12 anos, entrando no auditório – Eu costumo dizer que ele é o melhor.

- Desculpe, quem é você?

- Ah, eu sou Clair. Clair Herrera. Irmã do Alfonso, ali. -respondeu apontando – Você é a filha do chefe que voltou não é? Anahí.

- Sou sim. É um prazer conhecer você Clair.

- Você está sozinha, Any? Posso te chamar assim? Anahí fica muito grande e parece que estou dando uma bronca.

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