11 - Como um trabalho de escola

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Acordo por volta de onze horas. Tomo um banho e enrolo até meio dia para me arrumar para ir até a escola de dança, passando para comprar uns bolinhos de arroz no caminho.

Chego lá por volta de uma hora e a recepcionista já está fechando o local.

- Calma - peço. - Eu estou trabalhando aqui agora, eu vou afinar o piano da sala de aula.

- Com autorização de quem? - pergunta.

- Da senhora Soon - digo.

- Só um minuto.

Ela some dentro da escola e alguns minutos depois volta e diz que posso ir mas que vai deixar a escola trancada até as duas, e, como não vou sair antes das três e meia, assinto indo até a sala.

...

Já afinei uma boa parte quando um grupo de garotos da minha idade, ou um pouco mais novos, entra na sala. Encaro o relógio percebendo que já são duas e cinquenta.

- Quem é você e o que está fazendo aqui?

- Um deles me pergunta.

- Não é da sua conta - digo e me concentro nos sons do instrumento.

- Como é que é, nanico? - outro fala. - Quem você acha que é?

- Alguém que trabalha aqui - digo ainda tentando afinar a nota.

- Claro, como se um idiota da sua idade trabalhasse aqui - o primeiro debocha.

Um deles vem para cima de mim e me empurra para longe do piano. Volto para onde estava e antes que ele possa me empurrar de novo um homem mais velho pergunta ao entrar na sala:

- O que está acontecendo aqui?

- Esse idiota está mexendo no piano e ainda disse que trabalha aqui - um deles fala e o encaro com desdém.

- É o senhor Min? - ele me pergunta e assinto. - A professora Soon não falou nada sobre ter você conosco hoje.

- Na verdade eu só vim afinar o piano - digo. - Está parado há muito tempo e desafinou - explico.

- E nós estamos atrapalhando? - pergunta e o garotos me olham com raiva.

- Não - falo. - Faltam duas notas, uns dez minutos no máximo.

- Certo, se alonguem sem música, cinco minutos - ele fala para os garotos. - Depois cem flexões.

- Por quê? - um deles questiona.

- Porque vocês estavam passando vergonha na frente do pianista - diz. - E assim aprendem a respeitar os funcionários da academia - seguro o sorriso de deboche que quer abrir.

Eles reclamam baixo mas começam a alongar.

O professor vem até mim.

- Eu sou o senhor Ahn - fala. - É um prazer te conhecer, minhas alunas mais novas falaram muito bem de você.

- Não sou tão bom assim, eu... - toco a nota e suspiro aliviado por ter conseguido afiná-la. - Eu sou novo nisso.

- Gostaria de ficar para a aula? - pergunta.

- Eu... - falo parando de afinar o instrumento. - Eu não sei se conheço as músicas das quais precisa - falo.

- Não preciso de uma música específica, eu posso só e pedir um allegro de seis oitos e você toca qualquer um que souber. Toca uma vez para ver se encaixa a coreografia e outra para eles fazerem - explica.

- Se você quiser eu posso tentar - digo um pouco envergonhado.

- Seria ótimo.

...

Forever - MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora