Capítulo 7.

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Leia ouvindo "Look After You", do The Fray.

Robert.

Ele traiu ela?
É tudo que eu consigo pensar.
Quem é burro de trair uma mulher dessas?
Essa pergunta fica me rondando, sem parar.

Estou muito confuso e puto com tudo o que acabou de acontecer. Se ele não tivesse me pegado desprevenido e a Carol não tivesse interrompido, com certeza a situação teria ficado bem pior.

Estamos de mãos dadas saindo do prédio, mas estou tão puto que só me dou conta disso muitos minutos depois.

Ok, estamos de mãos dadas saindo do prédio.
Acabei de brigar com o namorado, quer dizer, ex namorado dela.
E ela disse algo sobre ter um encontro comigo.

"Nem sei por onde começar", ela olha para mim pela primeira vez desde que saímos do apartamento. "Eu sinto muito, muito mesmo que isso tenha acontecido", completa.
Seus olhos são tristes, sua voz é baixa e trêmula; bem diferente da mulher que estava lá dentro daquele apartamento, gritando a todos pulmões com o ex.
"Eu não sabia que ele ia aparecer, juro. Levantei da cama depois de dias, até tomei banho e me arrumei" ela faz uma pausa, franzido o nariz como se estivesse revelando um segredo. "Quer dizer, é claro que eu tomei banho esses dias..." ela deita a cabeça e então para de andar.
Paro junto com ela.
"Quer saber? Não vou mentir. Não tomei banho coisa nenhuma", ela assume, soltando os braços e consequentemente, descruzando nossas mãos.

De repente, me sinto vazio.
Me sinto vazio?

Estou atentamente olhando para seu rosto, tentando emitir mensagens mentais que digam "estou com você", "está tudo bem", "vai ficar tudo bem" e, sinto que ela entende o que quero passar, porque seus olhos me olham de volta e demonstram emoções demais, se enchendo de lágrimas.

E então ela pula em cima de mim.

Sabe aquele abraço que eu disse querer dar nela mais cedo? Pois bem, nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que seria bom assim.
Quer dizer, ela está péssima, soluçando no meu colo e agarrando meu pescoço como se fosse a única coisa que sabe fazer; mesmo assim, eu sinto que pela primeira vez estou completo, ao mesmo tempo em que uma pontada de dor me quebra o coração por vê-la nesse estado.

Merda. Eu não posso estar me apaixonando por ela.
Posso?

"Eu sinto muito" Ela diz em meio às lágrimas.
"Shhhh". Pela primeira vez eu falo, passando a mão em seu cabelo. "Não tem nada para me pedir desculpas, linda." E fico rígido assim que acabo a frase.

Parece que nos dois nos surpreendemos, porque ela afasta o rosto de meu pescoço, ao mesmo tempo em que suavizo meus braços ao redor de sua cintura; estamos nos encarando agora, os rostos com duas expressões confusas, mas ainda não nos soltamos.

"Você me chamou de que?" Ela pergunta.
Merda.
"Bia. Eu te chamei de Bia." Eu falo rápido demais.
Eu te chamei de Bia, Robert? É sério isso?
Sua sobrancelha se ergue e ela afasta o rosto ainda mais, me examinando cautelosamente. Fica alguns segundos assim e, cemisserando os os olhos, fala novamente: "você não me chamou de Bia. Você me chamou de 'linda'", enfatiza a última palavra e faz uma expressão de "eu ouvi o que você disse, não adianta fugir".

É claro que a Carol não é o tipo de mulher que deixa passar.
Ela não deixa passar nada.
E é claro que ela me ouviu, em alto e bom som, a chamando de "linda".

"Certo", eu assumo. "Te chamei de linda sim, porque você é."
A confissão parece a pegar de surpresa e sua expressão vacila.
Dessa vez, eu levanto uma sobrancelha. "Como se você não soubesse disso", digo balançando os ombros. "E a propósito, aquele cara é um babaca. Você merece coisa muito melhor. Eu, por exemplo". Completo, mas juro de coração que a última frase não era pra ter saído.
Ela da uma risada e, a essa altura, as lágrimas já cessaram.

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⏰ Last updated: Sep 17, 2019 ⏰

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