01| Escapamos Por Pouco Da Fúria Brasileira de Paulo Montes

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POV NICO

Eu não era exatamente um amante da natureza, mas tinha que admitir que aquele dia estava muito bonito.

A preguiça me definia naquele momento, tanto que foi mais fácil admirar as folhas das árvores do que me atentar ao que realmente acontecia ao meu redor, quase dava para ouvir o canto dos pássaros através dos gritos de dor e agonia constantes.

Fazia cerca de 15 minutos desde que viajei pelas sombras para uma distância segura do confronto entre as equipes dos chalés de Hermes, Ares e por fim Apolo - minha equipe, por não ter outros do chalé de Hades com quem fazer a Captura da Bandeira -.

Infelizmente, parecia que meus colegas de equipe haviam me encontrado, não que eu fique muito surpreso, sorte e segurança é tudo o que um semideus não tem.

- Di Angelo, é melhor você levantar agora se não quiser uma dessas flechas atravessadas na sua garganta. - Will rosnou, me estendendo a mão.

- Não me mostre o seu lado maligno ainda, Will. Não se esqueça que você teria que cuidar de mim. - Eu disse, ainda relutante, enquanto me levantava do chão empoeirado e me agarrava à mão estendida do filho de Apolo.

Como eu disse, sorte é um dos privilégios que não são dedicados aos semideuses e assim que me levantei com a ajuda de Will senti me pé pisar em falso sobre uma raiz e acabei tropeçando.

A perda de equilíbrio foi obviamente à viagem pelas sombras e o total descaso do universo quanto a minha pessoa e não ao contato quente com a palma macia e bronzeada de Solace.

De jeito nenhum.

- Apenas corra Nico, estamos na dianteira. - Kayla gritou enquanto se afastava em um vulto de cabelos ruivos e verdes sendo seguida por um Austin com um arco carregado em mãos.

Já que eu não tinha muita escolha me concentrei em correr junto aos filhos de Apolo, Kayla e Austin corriam lado a lado, enquanto eu corria atrás de Will.

Em algum momento Will levou a mão à testa para tirar o suor acumulado ali, e olhou em minha direção, verificou se eu ainda estava respirando e não com uma flecha atravessada na garganta sangrando miseravelmente no chão daquela floresta.

Mas quando ele afastou os cabelos dos olhos e me encarou, foi como se algum anemoi¹ tivesse me atacado e sugado todo o ar dos meus pulmões.

Como a sorte nem o equilíbrio pareciam estar do meu lado, eu caí novamente, dessa vez sentindo uma dor nauseante no tornozelo esquerdo.

- O que foi agora, Nico? - Perguntou Austin, rindo. Um riso que sumiu de seus lábios ao me perceber caído no chão com as mãos segurando o tornozelo de forma vergonhosa.

- Eu acho que ele torceu. - Will que já estava ajoelhado analisando meu tornozelo, disse. - Ele não vai conseguir continuar assim... - Ele murmurou a última parte, mais para si mesmo do que para os outros.

- Não, eu posso continuar. - Meu tom era resignado. - Já passei por coisas muito piores. - Eu disse já tentando me levantar porém Will me segurou no lugar me olhando de forma acusatória.

- É exatamente por isso que não vou te deixar dar nem mais um passo. Você já usou a viajem nas sombras quando eu disse para não usar. Nem pense em me desobedecer novamente seu cabeça dura. - Ele disse autoritário e até arrisco dizer que um pouco bravo. Não me restava mais nada a não ser aceitar.- Vão e consigam a bandeira o chalé de Hermes não é lá essas coisas apesar de seu grande número, vocês dois conseguem sem tanto esforço... e evitem o chalé de Ares, vou cuidar de Nico e levá-lo para a enfermaria. - Will se dirigiu a Kayla e Austin com sua voz arrastada, como se ele estivesse frustrado com algo... provavelmente meu estado deplorável.

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