15 | Nunca Quebre As Poções Da Enfermaria, Pode Causar Sua Morte.

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POV WILL

Engraçado como o chão parecia realmente interessante aquele dia.

Claro, o fato de eu não conseguir tirar os olhos das pedrinhas espalhadas ao lado do meu sapato não tinha nada a ver com Reyna ter procurado por mim e Nico incessantemente esta manhã, tanto que até chegou a utilizar seus cachorros de metal, conseguindo assim nos encontrar. Vergonhosamente nus e adormecidos na tenda da enfermaria.

Eu ainda me lembrava de como Nico tentou me proteger usando o lençol da maca, tão assustado e envergonhado que o ato brusco acabou por derrubar vários frascos de poções que estavam nas prateleiras ao lado no processo. O que serviu apenas para chamar ainda mais atenção para a nossa situação.

Eu também lembrava da pele bronzeada de Reyna adquirindo aquele tom ruborizado ao que processava a cena e tentava conter uma risada escandalosa. Os cachorros, um dourado e outro prata, sabiamente viraram seus focinhos para o lado oposto ao que nós estávamos, como se estivessem constrangidos com nossa situação deplorável, ou apenas não suportassem continuar a assistir aquela vergonha alheia.

Reyna se virou de costas para nos dar privacidade, assim como seus fiéis companheiros metalizados, e enquanto ainda segurava o riso me avisou que partiríamos para a missão em trinta minutos e então saiu da tenda sem mais delongas.

Após sua saída, Nico ainda manteve a expressão petrificada, olhos arregalados, bochechas vermelhas e as mãos segurando fortemente o lençol branco contra nossos corpos, tentando esconder precariamente nossa nudez, embaraçado como eu nunca o tinha visto antes.

Agora, já fora do acampamento e entre as árvores altas e antiga daquela floresta esquecida no norte de Nova Iorque, Reyna ainda olhava para mim de lado e curvava os lábios franzidos para baixo, tentando conter a gargalhada que eu via por trás de seus olhos.

Thalia parecia não saber de nada, totalmente alheia ao acontecido hoje pela manhã, ela se mantinha totalmente focada em encontrar o monstro.

O acampamento havia recebido uma mensagem de alguns espíritos da natureza pedindo por ajuda para lidar com um monstro segundo eles pequeno, mas que de alguma maneira parecia estar sempre em dois lugares ao mesmo tempo.

Aparentemente, a coisa era venenosa e louca, além de muito, muito rápida. Não era nada demais para Thalia e Reyna, que aceitaram a missão apenas para sair do tédio. Fui convocado para o caso de alguém sair ferido ou encontrarmos um animal envenenado.

Nós ainda não sabíamos a natureza do veneno expelido por aquele monstro em particular, e devido a perca de alguns dos meus frascos de poções no fiasco desta manhã, se algo do tipo acontecer terei que me virar do avesso para conter os danos até que eu consiga identificar a procedência do veneno e então repor os suprimentos necessários para criar o antídoto.

- Ei, Thalia. – Reyna disse com um brilho maligno nos olhos.

- Fala. – Ela parecia bem concentrada em achar algum vestígios do monstro em meio a vegetação, mas também sentiu a malícia na voz de Reyna, o que facilmente aguçou sua curiosidade.

- Se você encontrar o monstro antes de mim, vou te contar um coisa muito interessante que vi hoje pela manhã.

Gemi em frustração. Era ridículo da minha parte esperar que ela não fosse contar pra todo mundo e perder a chance de zoar com a minha cara e a de Nico.

- Pelo visto tem a ver com os pombinhos. - Disse ela em seu típico tom malicioso - Ah, Reyna, você logo verá esse monstro virando pó. E você, Will, vai sofrer para caramba nas minhas mãos.

Conformado com o decair constante da minha dignidade, apenas concordei com a cabeça. Eu sabia que era verdade. Agora, elas estavam em uma competição silenciosa para encontrar o monstro e mesmo que Reyna quisesse falar, ela também não queria perder. E em segredo eu torcia para que ela encontrasse a criatura primeiro e me poupasse mais daquela vergonha que me tomava desde o instante em que acordei.

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