17. Despedida

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- Só queria dizer adeus, eu não conseguiria partir sem me despedir de você, assim como não consigo mais continuar aqui, não sendo o que me tornei. Diz Daniel frustrado

- Você não pode me culpar pelo que te aconteceu, você não pode me deixar pelo que se tornou, tem ao menos que aceitar, afinal, agora isso é o que você é. Diz Sally derramando lágrimas

- Você não vê? Não é sua culpa, você só queria me salvar, nunca imaginaria que ela te iludiria e muito menos que me mataria fazendo eu me tornar o monstro que me tornei, eu não escolhi ser assim, eu não queria ser assim, preferia morrer a me tornar o que me tornei. Grita Daniel

- Então é assim que você pensa? Que eu sou um monstro? Afinal, eu sou assim e sabe? Eu não sei o que é ser humana, o que é ser feliz, se sentir viva, eu não sei! Eu simplesmente nasci assim, nasci sendo esse monstro que tanto abomina e por dezesseis anos vivi de ilusões, vivi de mentiras, vivi de histórias, eu não escolhi ser assim você entende? Eu não pude viver como você viveu, não pude. Grita Sally frustrada

- Você quer ser humana é isso que quer? Eu posso resolver esse seu problema. Diz Daniel

- Como? Pergunta Sally curiosa

- Assim! Diz Daniel correndo rapidamente e enfiando uma estaca em seu coração

- O que você fez? Diz Sally congelando, sentindo seu sangue parando de percorrer por todo o seu corpo.

- Impressionante como você não aprende, bobinha. Diz Daniel

- Luma. Diz Sally observando sua verdadeira face com seus olhos entreabertos

Foi difícil entender, perceber e compreender que a sua vida estava acabando, que aquele era o seu fim, o seu ponto final, que a sua vida, a sua breve e por um lado infeliz vida finalmente chegara ao fim. Sally lembrava-se apenas da última cena que viu, Daniel, o seu amado, realmente viera lhe ver, porém foi tarde demais, e agora pôde presenciar aquela cena, encontrava-se deitada, com uma estaca em seu coração e lágrimas caindo sob seus olhos, seu sangue pouco a pouco parou de percorrer por seu corpo e tudo aquilo que via se tornou turvo e logo após negro, a vida da pequena Sally Orders chegava ao fim.

Cemitério Local, Malem, Inglaterra, 2013.

Pouco a pouco sua consciência vinha retornando, não se lembrava ao certo do que lhe havia acontecido e muito menos como era possível estar retornando, sabia apenas que sentia-se mais leve, mais livre, humana, sentia todo o seu sangue percorrer por seu corpo e cada leve batida do seu coração, tudo era mais calmo, inocente e possível agora, e sua respiração cada vez mais ofegante lhe fazia perceber que aquilo era real e precisava escapar, estava deitada, num caixote de madeira que mais se parecia com um caixão, algo fechado, escuro, úmido, estava encurralada, enterrada, sua lápide já havia sido feita, quanto tempo se passara, como aquilo era possível?

- Socorro! Grita Sally desesperada se debatendo no caixão de madeira que possuía a exata medida do seu corpo

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