"Por minha conta ; )"

26 5 0
                                    

Dois dias se passaram desde o acontecido no parque. Nakamoto seguiu sua rotina normalmente, se levantou cedo, foi ao parque, voltou para casa e seguiu rumo para a cafeteria.

Como todos os dias do mês, as segundas-feiras eram os dias mais fracos na cafeteria, então tinha tempo livre para ficar a toa lendo livros, compondo, ou até mesmo jogando joguinhos ou assistindo séries no computador da área comercial. Naquele momento, Yuta recolhia os pratos de uma mesa vazia, que antes era ocupada por dois clientes que deixaram o local há pouco tempo, Nakamoto se perguntava como eles conseguiam sujar tanto a mesa apenas tomando café; ouviu o sino da porta soar enquanto seguia rumo para a cozinha, logo voltaria para atender os clientes, já que o outro funcionário estava em horário e almoço.

"Boa tarde, fiquem a vontade para olhar o car..."

E Yuta travou, sentiu sua perna ser agarrada e começou a se perguntar que tipo de criatura teria entrado por aquela porta para o matar. Respirou fundo, com muito esforço e com um dos olhos fechados com força, olhou para baixo e franziu o cenho ao ver a cabeleira lisa e negra, logo ouviu um "tio Yuta!" soar da pequena criatura.

"Puta que pariu, que susto. Olá pequena, o que faz aqui?"

Pronunciou baixo e acariciou os cabelos da chinesa, sorrindo para essa, mas logo seu sorriso se desmanchou e pode sentir um calafrio correr por sua espinha ao ver a afeição amarga no rosto do rapaz que o encarava do outro lado da cafeteria.

"Se a minha filha chegar em casa falando palavras de baixo calão, já vou saber a quem agredir. Aisha, largue ele, já lhe falei milhares de vezes que não deve falar com estranhos."

Viu a garotinha afastar-se de si com o olhar baixo, coisa que fez com que seu coração apertasse.

"Bem, acho que posso ser um conhecido, considerando que passei um dia com ela tentando o encontrar. Qual vai ser o pedido?"

Sorriu amarelo ao que seguia para de trás do balcão.

"Apenas um expresso, para viagem."

Pronunciou o chinês em um tom amargo, que entregou algumas notas ao japonês.

"Papai, eu quero torta de morango"

A pequenina pediu, puxando a barra da camiseta do pai para chamar sua atenção. Yuta se sentiu mal com a afeição chateada da pequenina ao ouvir seu pai dizer que não tinha dinheiro o suficiente, mas prometeu comprar na próxima vez. Nakamoto se dirigiu até a cozinha para preparar o café de seu cliente, e discretamente, tratou de colocar uma fatia da torta de morango junto ao copo de café dentro da sacola feita por papel, que disfarçaria a existência da torta ali.

"Por minha conta ; )"

Era o que dizia o pequeno bilhete que Yuta colara na embalagem do doce.







Isn't she lovely?Onde histórias criam vida. Descubra agora