O que lhe aflige, Sicheng?

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Encontrar Aisha já havia virado um acontecimento rotineiro para Yuta, sempre que podia a pequenina insistia para que seu pai o levasse até a cafeteria para que pudesse comer torta de morango e matar a saudade do japonês.
Nakamoto chegou a criar certo afeto pela pequenina, e com a garotinha não era diferente, gostava muito de seu tio Yuta, da forma com que era divertido consigo e como sempre a agradava de todas as formas possíveis; Era algo novo para Aisha. Talvez novo não fosse a palavra certa, seria mais como algo que despertasse o sentimento de saudade em si.

Aisha fora adotada logo nos primeiros dias de casamento dos estrangeiros, eram uma família bonita, os dias pareciam ser sempre alegres para a família recém formada, a pequenina sempre pode ter tudo do bom e do melhor, mas nem sempre as coisas seguem como são, ou como teriam de ser.

Nakamoto seguia a rotina de mesmice, atendia clientes irritantes e ingratos, na maioria das vezes, mas não deixava de fazer isso com um sorriso no rosto e da melhor forma possível, afinal, queria espalhar gentileza, e não amargura. Não estava em um bom dia, sua cabeça parecia querer estourar a cada vez que ouvia o barulho estridente do sino tocar, avisando que teria mais clientes estressantes para atender. Só queria ir para casa e ficar em paz.
Naquele dia tudo parecia estar dando errado para si, mais cedo ao chegar na cafeteria um cliente desatento esbarrou em si, fazendo com que todo o café quente que jazia sobre a bandeja de metal virasse sobre si, o que causou leves queimaduras em seu corpo e uma leve irritação que iria carregar durante todo o dia.

E como se o mundo por alguns segundos parecesse estar ao favor de Nakamoto, a figura atraente e juvenil tão conhecida por si atravessou a porta do estabelecimento e um sorriso cresceu nos lábios do japonês, seus olhos pareciam brilhar diante de tal cena; Permaneceu com o olhar fixo na entrada do local, aguardando a figura tão esperada por si.

O sorriso de Yuta desapareceu, um suspiro decepcionado escapou de seus lábios e os ombros caíram, Aisha não estava lá, apenas os pais da pequenina. O tal "John" parecia estar estressado, suas palavras eram dirigidas a Sicheng de forma áspera, e o chinês apenas encarava suas mãos com o olhar baixo.
Sicheng tinha no rosto a mesma afeição cansada de sempre, olhos murchos e olheiras fundas, os lábios sempre um tanto pálidos e sem vida, o garoto aparentava estar exausto.

O que tanto lhe cansa, Sicheng?

Nakamoto queria poder ter o direito de o perguntar isso.

Isn't she lovely?Onde histórias criam vida. Descubra agora