We, The Kings • drarry

Prólogo

Nossa história começa muito antes de você nascer, meu jovem amigo.

Numa época em que grifos vagavam pelos céus, dragões rondavam pela terra, a magia era a linguagem da vida, e a gênese da humanidade apenas começara nesta próspera terra. Uma época em que o Império ainda não havia sido estabelecido.

Foi nessa época que dois meninos nasceram. Apenas bebês, mas destinados a ser mais.

Desde a infância até a juventude, eles cresceram lado a lado, criando um vínculo de amizade tão estreito que pouco podia separá-los. Embora não fossem parentes do sangue, Godric e Salazar eram mais próximos do que irmãos.

Passavam o tempo todo juntos: montando cavalos selvagens através dos planos Nullius; lutavam com galhos de árvores afiadas na beira dos penhascos Haldor; e nadavam nas águas azuis e cristalinas do lago Sevan. Eles eram inseparáveis. Salazar, sendo um ano mais velho, resolveu cuidar e até ensinar a seu amigo mais novo coisas que Godric não sabia; coisas como a estranha capacidade de Salazar de falar com cobras.

Quando jovens, os dois amigos deixavam a imaginação correr solta. Eles criaram histórias de uma época no futuro em que ambos seriam reis poderosos de reinos ainda mais poderosos.

"Vamos chamar nossos reinos de Grifinória e Sonserina!" Salazar sugeriu com uma risada.

No início da idade adulta, os meninos haviam se tornado jovens bonitos, fortes e quase destemidos. Salazar, meio metro mais alto que o amigo, tinha cabelos pretos em cima de um rosto feroz e determinado, embora seus brilhantes olhos azuis quebrassem seu comportamento áspero. Godric, por outro lado, exibia cabelos castanhos e olhos cor de azeitona. Seu rosto era gentil e jovem, com uma linha masculina definida na mandíbula. Juntos, eles fizeram as jovens desmaiarem.

Seus nomes eram conhecidos não apenas em sua própria aldeia, mas também nas cidades vizinhas. Sua popularidade aumentou nos próximos meses e anos e logo eles receberam nobreza igual em suas terras.

Parecia que nada, ou ninguém, poderia ficar entre os dois.

Até que um dia alguém fez.

Não se sabe muito sobre sua história, mas a lenda passou de geração em geração, diz que uma mulher da mais rara beleza conquistou o coração do jovem Salazar. O nome dela era Ciara, das terras orientais.

A amizade entre Godric e Salazar tremia de instabilidade, enquanto Salazar passava seu tempo adorando Ciara, cortejando-a e prometendo-lhe o mundo. Ele proclamou seu amor eterno por ela.

O que Salazar não sabia era a atração semelhante de seu amigo por Ciara, embora Godric se calasse.

Godric e Ciara passaram as primeiras manhãs juntos, assistindo o nascer do sol e colhendo flores silvestres, até que ela voltou para a vila, para passar as tardes com Salazar.

O tempo passou dessa maneira, até que Ciara descobriu que um amor acendia em seu coração apenas os mais jovens dos dois amigos, embora deixasse seus sentimentos ocultos para Salazar. Ela descobriu que tinha muito mais tempo com Godric do que com Salazar.

Sob os olhos cegos de Salazar, os dois jovens amigos confessaram seu amor um pelo outro. Desprovidos de qualquer cerimônia tradicional de casamento, eles se comprometeram um com o outro, mas prometeram mantê-lo em silêncio.

Seu segredo, embora bem guardado, foi inevitavelmente descoberto.

Não planejada pelos dois amantes, Ciara ficou grávida. Quando seu estômago começou a se curvar com a maternidade precoce, o olho cego de Salazar se abriu. Sua raiva foi liberada como uma tempestade estrondosa. Godric pediu perdão, mas seus pedidos caíram em ouvidos surdos. Com intenso ódio e humilhação, Salazar lutou contra seu amigo.

Os moradores reuniram-se quando os dois homens mais fortes e temidos da terra declararam guerra. E em pouco tempo, aliados foram formados. Os cidadãos tomaram partido e formaram forças atrás dos dois homens. A batalha deles continuou, até que toda a terra foi dividida ao meio. A lenda diz que a batalha durou meses. Durante esse período sangrento, foram criados exércitos e foram estabelecidos os reinos com os quais os dois amigos de infância haviam sonhado, Grifinória e Sonserina.

Enquanto meses de guerra se arrastavam, Godric ordenou que uma espada indestrutível fosse feita por seus ferreiros. Foi entregue a ele no dia seguinte.

A arma era uma visão para se ver.

Mais longa que todas as outras lâminas, e com um punho incrustado de rubis vermelho-sangue, a Espada Vermelha golpeou o medo nos corações daqueles que ousavam se aventurar perto dela. A cada golpe, o aço cantava estridente. Convocando a Magia Profunda dentro dele, Godric infundiu a lâmina com poderes sobrenaturais, contendo dentro de seu metal a força para derrotar seu inimigo.

Com esta espada, ele lutou contra Salazar. Os mitos proclamam que, com cada impulso e golpe desta lendária espada, trovões retumbam e faíscas voam. Com todas as suas forças, Godric lutou com seu amigo.

Logo depois disso, no entanto, sua amada Ciara morreu ao dar à luz. Na véspera do ano novo, Alexander nasceu. Apesar das bênçãos da nova vida, Godric lamentou sua morte. Ele não conseguia encontrar dentro de si mesmo lutar contra seu inimigo naquele momento. Ele pediu um cessar-fogo, mesmo que por alguns dias.

Salazar, no entanto, não descansou. Ao ouvir o nascimento do filho de seu inimigo, ele planejou um plano perverso. Quando o sol se pôs na noite seguinte ao nascimento de Alexandre, os servos escuros de Salazar invadiram o castelo da Grifinória e capturaram seu herdeiro. O bebê chorão foi feito refém.

Godric, angustiado com a morte de Ciara e cansado dos intermináveis ​​meses de batalha, marchou para a terra de seu inimigo e fez uma pechincha com seu inimigo. Ele se sacrificaria, se Salazar deixasse Alexandre voltar para a Grifinória, e lá permanecesse.

Como todas as histórias que vale a pena contar, Salazar tinha outros planos. No momento de fraqueza de Godric, ele o golpeou com um golpe feroz, enfiando sua espada cruel no coração do inimigo. Ele pegou a Espada de Godric e a jogou no chão antes de seu cadáver, até que foi enterrada ao máximo. Naquele momento, ele declarou uma maldição sobre a Grifinória, juntamente com uma magia insondável.

"Eu declaro uma maldição nesta hora escura:

O grifinório, derrubado e despojado de poder.

Marque minhas palavras, pois ele foi morto,

Nunca mais meu inimigo reinará,

Para que esta espada não seja retomada,

Pelo mesmo sangue; sempre abandonado.

Só acontecerá então,

Enquanto Sonserina e Grifinória lutarem novamente. "

Com a Grifinória sem seu rei, a Sonserina prosperou. Alexandre, ainda bebê, foi declarado herdeiro da Sonserina. Salazar, bêbado com sua vitória, festejou e celebrou com folia embriagada, zombando de seu inimigo caído, enquanto os cidadãos da Grifinória estavam dispersos e tornados mais baixos que os escravos.

Para todos, parecia que a história terminou aqui.

E assim foi.

Até mil e quinhentos anos depois, quando um garoto descobriu um segredo esquecido.