Naquela noite, seus olhos se abriram de madrugada, e você se sentia estranho. Suas mãos estavam ensaguentadas e havia um corpo próximo a ti. Como cheguei até aqui? Você pensou. Uma faca estava ao seu lado, mas o que você não entendia era o por que de alguns minutos atrás ter estado adormecido em meio a uma cena de crime e que o sangue em suas mãos não é seu, e sim da vítima loira ensanguentada no chão da sala de uma casa bagunçada.
Você se levantou e procurou o banheiro da casa, tanta coisa passava em sua cabeça, uma sensação estranha de medo, pavor e angústia te preenchia. Lentamente a torneira foi ligando e você colocou suas mãos na água, o pavor em si era tão grande que esqueceste de acender a luz. A água ia caindo até o ralo em vermelho, lágrimas caiam de seus olhos. Assim que saiu do banheiro você percebeu que após levar as mãos ao rosto, ainda estavam manchadas de sangue. Voltastes ao banheiro e assim que acendestes a luz, ao se olhar no espelho, percebeu que seu rosto estava ensaguentado, a vítima tinha lutado com você e havia algumas fagulhas de vidro em sua testa. Naquela noite, você matou alguém e sabia disto.Como? Sua cabeça vasculhava suas memórias, mas nada parecia fazer sentido. Seus passos eram apressados até a sala, o corpo estava lá, intacto no chão, com marcas de faca nas pernas, garganta, braços... Como poderia fazer isso? Não há sentido. Você andou até a faca e antes de pegá-la exitou, aquela faca poderia ter o DNA do assassino de verdade.
— Por que exitas? — Pergunto. Você se espanta ao escutar minha voz.
— Você sabe o que aconteceu aqui? Eu matei esta mulher? — Antes que pudesse me preencher com mais perguntas eu lhe interrompi.
— Você matou alguém, isso é óbvio. — Era hilário ver sua reação perante a isto tudo, as perguntas gritam sem ao menos você falar — No momento que estava enfiando a faca nesta mulher, você não parecia tão...
— EU NÃO A MATEI. — Seu grito me fez dar um passo para trás. Minha expressão de medo fez com que você se sentisse mal — Eu não a matei. — Desta vez sua voz saiu mais baixa, sem ao menos eu consegui ouvir direito, mas escutei.
— Então por que estás aqui? Por que está segurando a faca? — Você não percebeu que havia pegado a faca, mas agora que havia comentado, soltou-a em um abrupto. Rio alto.
— Por que você está rindo? Foi você que fez isso? — Perguntou a mim. Olho assustada com a acusação.
— Eu? — Levo a mão ao peito de forma dramática — Como ousas dizer que matei esta mulher, você nem sabe quem sou.
— Você a matou. Você quer que eu acredite que fui eu, mas não tem como... — Fico irritada na forma como me acusas.
— Não tem como? — Repito o que você falou — Você que escolheu estar aqui. Como ousas me culpar por atitudes suas? — Silêncio — Não me leve a mal — ando até sua direção, você exita e dar um passo para trás e olha para a faca novamente — mas você é a matou. — Seus olhos estavam tão abertos que pareciam sair de seu rosto. — Por que tanto medo de si?
— Eu não estou com medo de mim.
— Não está? Então por que acredita que matou esta mulher? Se acredita é porque sabe que poderia fazer isso, poderia? — Seu corpo falou por você mesmo, sua cabeça confirmou e as lágrimas começaram a cair, seu corpo começou a ceder lentamente e sentou-se no chão.
— Eu não a conheço.
— Ninguém conhece ninguém totalmente. Apenas nós mesmos nos conhecemos de verdade, só não aceitamos. — Me agachei e estávamos cara a cara. Sangue escorria de sua testa machucada. — Ela lutou pela vida, mas você estava contente com isso, não estava? Por que ainda tenta enganar o que você fez? Vamos, concorde comigo, VOCÊ MATOU ALGUÉM. — Grito — Esta mulher cuspiu sangue enquanto você cortava-lhe a garganta e não bastou só isso, enfiou a faca várias vezes em suas pernas, braços, barriga. POR QUE FIZESTE ISSO?
— CALA A BOCA. — Seu grito foi tão rápido e raivoso que fez você se levantar e vir pra cima de mim.
— Você matou esta mulher. — Falo, seus olhos estão cravados nos meus, seus dentes mordem fortemente seus lábios. Raiva saia de dentro de você — Ou estou mentindo? — Consegui sentir sua respiração em meu rosto de tão perto que estavas. Mais lágrimas surgem de seus olhos e você começa a bater em sua cabeça fortemente.
— Eu não lembro. Não consigo lembrar como cheguei aqui, como peguei a faca, como a matei.
— Então você confirma. Você a matou? — Observava suas costas manchadas do sangue de outra pessoa. — VOCÊ A MATOU?
— NÃO SEI.
— Como você não sabe? Olha a sua volta, olha tudo isto. Como você ainda tem dúvidas? OLHE PARA MIM. — Grito com você e minha atitude faz com que suas mãos batam mais forte em sua cabeça e depois em seus braços, você começa a se agredir.
— Por quê? Por que está fazendo isso comigo? Por que está me martirizando? Me torturando? — Suas atitudes agressivas consigo mesmo sessa e observo me olhar.
— Porque quero a verdade, você matou esta mulher caro leitor? Se sabia que a matou, por que abriu o livro. Por que quis a matar? — Naquele exato momento luzes de carro da polícia estavam brilhando atrás das cortinas da janela da casa. Você olhou para a janela e o desespero começou a lhe afligir novamente — Renda-se. Não tem como escapar, não deixarei você escapar. Você pode correr, mas eu posso lhe matar.
— Quê? — Nós dois escutamos alguém bater a porta, andei até lá e parei em frente a ela olhando para você — O que está fazendo?
— Pare de ler. — Falo, mas você continua, e a polícia irá te pegar, mas você não para de ler porque estar curioso. Você quer ser preso. Você quer ser pego. Porque você sabe que matou alguém. Começo a rir. O que faz você pensar que matou alguém? Fui eu que o coloquei aqui, fui eu que te fiz segurar a faca, fui eu que te influenciei ir até o banheiro e limpar suas mãos, fui eu que fiz você sentir essa sensação, fui eu que matei alguém, mas o fiz acreditar que foi VOCÊ que matou porque VOCÊ, abriu este livro.
FIM
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VOCÊ MATOU ALGUÉM E OUTRO CONTOS
ContoVocê abre o livro e começa a ler as primeiras linhas. De repente, percebe que a narrativa está em segunda pessoa. É como se o autor estivesse falando diretamente com você. A trama se desenrola em torno de um assassinato. Você é o protagonista da his...