A ideia de passar a tarde inteira naquela inércia era inadmissível. Depois do almoço, corri pro meu quarto, peguei o meu celular que estava largado em cima do tapete roxo. Eu sinceramente adoro meu quarto. As paredes tinham desenhos meus, palavras e símbolos de coisas que eu gosto, tipo harry potter, Beatles...
Eu nunca tive camisas de bandas e nem cordões com as relíquias da morte. Minha mãe achava isso desperdício de tempo e dinheiro.
Ao pegar meu celular, disquei o número da Sofia e ela atendeu com a voz rouca e fungando:
- O que que éãa.. ãaa TXEMMN! - depois do espirro, ouvi várias fungadas e finalmente resolvi falar:
- Sofia, pode vir pra cá hoje?
- O que você acha? Com essa gripe eu duvido muito que minha bãe deixe.
- Passa o telefone pra ela.
- Tá, pera.
Logo tia Carla falou, e eu convenci ela dizendo que era o último dia de férias e tal. Depois de uns 15 minutos, ouvi a campanhia e fui atender.
Era a Sofia. Eu não a via desde o último dia de aula, mesmo ela morando no mesmo bairro que eu. Quando a vi, abri um sorrisso e fui abraçá-la. Sofia era muito parecida comigo. Tipo, mas não fisicamente. Ela tem o cabelo curto tipo o da Jessie J, bem liso e bem preto, com uma franjinha, e eu tenho o cabelo na cintura e cor de mel. Porém eu e ela adoramos ler, assistir documentários na History, ouvir Beatles e criticar a mídia. Depois do abraço eu falei:
- E então? Você sabe que eu tenho uma série de perguntas pra você.
- Você fala isso como se não tivéssimos nos falado durante todo o verão.
- Mas saber das coisas pelo celular não é o mesmo que pessoalmente, né.
- Então tá. Quer saber de quê?
- Primeiramente, você e o Pedro? Vai fazer 4 meses sexta né?
- Faria. - ela disse, enquanto sentava no sofá e olhava para o chão.
- Como assim faria, sofia?
- Eu sempre quis ter uma lareira. Acho tão linda a cor do fogo contornando o ambiente.. - ela falou enquanto olhava para a lareira.
- Não muda de assunto. O que houve, amiga?
- Digamos que ele era como um raio. Quando surgiu, parecia algo lindo, aquele feixe de luz que descia do céu, parecia até que fora mandado por Deus para me proteger. Mas aí depois o raio me atingiu, e eu senti o lado negativo dele. E depois, ele simplesmente se esvaiu no ar, e me deixou abalada.
- Mulher, pare de deprê e me conte o que de fato aconteceu. - eu disse. Não suporto essas metáforas da Sofia, de aspirante a poeta.
- Tá bem, tá bem. Antes de ontem, sabe, eu mandei uma mensagem pra ele. Quer dizer, mandei várias, mas ele não respondia. Daí eu liguei pra ele, e quem atendeu foi a Camila, a loira do primeiro ano, lembra? - ela falou, com uma expressão de repulso.
- Lembro sim! Nunca fui com a cara dela.
- Daí eu pedi para ela passar pra ele, só que aí ela disse "desculpa, mas ele está muito ocupado aproveitando o tempo que disperdiçou com você".
- Eu não acredito nisso. Não acredito que ele faria isso com você, nem vem. Com certeza ela fez alguma coisa pra pegar aquele celular.
- Enfim... Ele não falou mais comigo desde então, daí eu subentendi tudo.
- Você vai esquecer isso por hoje, amanhã você fala com ele na escola, tenho certeza que ele vai ter uma explicação.
E o resto da tarde foi demais. A gente primeiro foi assistir Catfish e depois um documentário das armas usadas na segunda guerra mundial. Depois fomos para meu quarto e ficamos conversando sobre relacionamentos à distância.
- Tipo, eu não namoraria com alguém pela internet. Que tosco! - eu dizia.
- Mas e se você namorasse um cara que conhece, e depois ele fosse morar em outra cidade, estado, país..? - Sofia falou.
- Ah, sei lá. Acho que eu fugia era de casa e ia junto! - nós duas rimos - mas as chances de tudo isso acontecer logo comigo são pouquíssimas.
- Concordo demais. Até porque, com essa sua cara feia, duvido que alguém te queira - ela falou rindo.
- Ah é? - eu disse, rindo, e joguei uma almofada na cara dela. - eu nunca encontrei ninguém que eu gostasse de verdade, tipo, que leia livros, e tenha bons argumentos sobre as coisas.. esse seria o cara ideal.
- Haha, quando encontrar me avisa! Se fosse assim, eu não teria me apaixonado pelo Pedro. Você precisa sair da fossa, amiga.
- Não gosto de romances.
- Como vai saber como é amar se não se permitir? Vamos fazer uma aposta. Eu aposto que nesse ano, você vai se apaixonar perdidamente por alguém.
- Eu duvido muito. O que eu ganho?
- Se eu perder, você pode ficar com meu vinil dos beatles original, ein!
- Sério que você tá apostando tão alto? Se eu nunca me apaixonei antes, as chances de acontecer esse ano são as mesmas do ano passado.
- Vai apostar ou não? - ela disse, impaciente.
- Tá bem. E se você ganhar, eu gravo um vídeo logo após acordar, cantando a música do elfo encantado, depois posto no youtube e instagram.
- Trato feito! Haha, amo você!
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Buscando razões
RomanceCarol é uma adolescente um tanto tímida, que tem amigos carismáticos. Em seu último ano na escola, ela conhece alguém que mexe com seus sentimentos e visão de mundo e descobre coisas que ela nunca imaginara. Seu mundo vira de cabeça para baixo. Será...