Acordei totalmente sem sono, e comecei a cutucar a Sofia, que deu um muxoxo.
- Mmmhãmm.. Ronc.
- Haha, tonta! - eu disse, e me levantei para vestir a roupa. Coloquei uma calça jeans justa e amarrei um casaco xadrez na cintura. Coloquei a camisa da farda e amarrei meu cabelo num rabo de cavalo alto. Olhei para Sofia e ela já tinha acordado, mexendo no celular. Eram seis e dezessete e eu desci as escadas para comer. Vi meu pai saindo de casa para o turno matinal do trabalho.
- Vê se não se mete em encrenca na escola, não quero ser chamado lá de novo por culpa de vocês duas. - ele disse, dirigindo o olhar também a Sofia, que acabava de descer ainda de pijama. Amanda estava sentada na mesa se servindo de torradas com geléia.
- Bom dia, irmã. - eu disse, sem obter resposta. Tomei um copo de vitamina de banana e um misto quente. Sofia comeu uma fatia de bolo de laranja e pegou uma maçã. Escovamos os dentes e depois fiquei esperando a Sofia se vestir e fomos no carro da Amanda.
Tudo parecia calmo e silencioso. Apenas se ouvia o barulho das mordidas de Sofia na maçã. Comecei a pensar se o Pedro estaria lá na escola. O que diria a ela quando a visse. O carro parou e nós descemos na escola. Era grande e tinha uma escadaria de concreto que dava até três gigantes portas, pelas quais entravam vários alunos. Entrei com a Sofia e nos dirigimos à sala. A gente tinha recebido os horários uma semana antes, junto com a lista de materiais. A primeira aula era de português. A professora entrou. Ela era loira, jovial e se vestia muitíssimo bem. Uns dois caras a olharam boquiabertos.
- Bom dia, jovens. Meu nome é Talita e eu sou a nova professora de português. Façam o cabeçário da escola e depois, copiem o que eu escrever no quadro. Vamos falar sobre sintaxe.
Eu passei a aula inteira anotando e prestando atenção na aula. Mas quando tocou e a professora deixou a sala, eu percebi. Olhei para a minha frente, meio a direita, e lá estava ele. O garoto que eu tinha conhecido na festa.
Olhei boquiaberta para ele. Ele estava conversando com três garotos e rindo bastante. Um tinha o cabelo muito cacheado, o outro tinha o cabelo raspado e crescendo um pouquinho e a cara esquelética. Já o outro, tinha uma tatuagem no braço direito bastante grande.
O garoto de cabelos cacheados olhou para mim, e depois falou algo para o garoto da festa. Eu desviei os olhos para o caderno, fingindo escrever algo, mas senti olhares sobre mim.
Levantei-me e fui até onde a Sofia estava. Ela conversava com Beatriz, que conhecia desde o ano interior. Contava sobre o Pedro para ela.
- ... e aí eu gritei "sua vaca promíscua!" pra quem pudesse ouvir, que nojo dessa garota. - ela dizia.
- Sofia, posso falar contigo? - perguntei.
- Claro - ela falou, me puxando para um canto meio vazio da sala.
- Lembra daquele menino que tava tocando violão ontem?
- Na festa?
- Aham. Ele estuda aqui. Mas não olha!
Não adiantou falar. Ela olhou para ele e ainda indicou.
- Ahh, aquele!
Ele olhou para ela e começou a sorrir. De alguma forma, esse sorriso fez minhas entranhas se remexerem. Era algo diferente, nunca tinha passado por aquilo.
Eu virei a cara. O professor já havia chegado, corri até ele.
- Professor, posso ir beber água?
- Vá rápido.
Eu fui pro banheiro, soltei o rabo de cavalo e fiquei me encarando. Depois fiquei me perguntando o porquê de me preocupar com isso. Nunca liguei para minha aparência na sala de aula, sempre usei roupas simples mesmo tendo muitas opções. Senti-me boba e feia. Odeio ser tão magra. Voltei para sala triste depois de me olhar no espelho por uns 3 minutos e sentei. Era a aula de história. O professor era meio gordinho e tinha óculos meia lua que dava uma expressão de severidade ao seu jeito desastroso e andar pesado.
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Buscando razões
RomanceCarol é uma adolescente um tanto tímida, que tem amigos carismáticos. Em seu último ano na escola, ela conhece alguém que mexe com seus sentimentos e visão de mundo e descobre coisas que ela nunca imaginara. Seu mundo vira de cabeça para baixo. Será...