Uma garota há muito adormecida que de seu sono despertou. Pouco lhe resta de suas memórias, que insistem e surgir apenas quando lhe convém, e que lhe causa dor.
O continente de Olyrum está a beira da destruição, e ela sabe disso. Mas seria ela capa...
—Começou A jovem de sussurrou enquanto abria os seus olhos leitosos, o rapaz de alma afiada como o ferro se aproximou tocando suas costas com carinho, preocupação percorrendo suas feições e entortando a cicatriz de garras em sua bochecha. —O que começou Zahara? A líder dos clãs, Lanin, questiona sem piegas na língua, pois sabia que as palavras da sacerdotisa tinham peso e que era necessário ser direta para ter as respostas menos vagas possíveis. —Não ouvem? - a sacerdotisa comenta enquanto ergue o rosto para o céu e fecha os olhos, pendendo a cabeça para o lado - As plantas se aquietaram, os animais cantam a triste canção de ninar e os rios se tornaram mais preguiçosos. —Zahara... Dakini solta o nome como um aviso, nunca gostara muito de charadas e mistérios, apenas dificultava o que poderia ser simples, mas até ela sentiu um arrepio quando os olhos leitosos brilharam com as cores de um arco-íris quando se direcionaram a si. —O começo do fim. A jovem está chegando.
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Ela sabia como era o mundo. Nem sempre tivera os olhos leitosos ou a visão. Mas mesmo que mórbido, não podia deixar de ver a beleza naquilo. As árvores ao redor da cidade pareciam retrair suas almas para o mais proximo do núcleo possível ao invés de se espalhar por toda a sua extensão, e com isso, se curvavam para o lado, parecendo cansadas do peso de sua própria copa. Os animais que ali rondavam, carregavam consigo os pensamentos de uma última caçada ou como os pássaros e os insetos, uma última canção. Pois eles sentiam que a terra, que era seu lar, estava se exaurindo, tanto de força, quanto a magia. Pois era isso que ela via. Conseguia enxergar os traços da magia no mundo, e a mudança era tão grande que tinha tomado um choque ao acordar aquela manhã, se assustando ao ver que ninguém mais notará essa mudança no mundo. —Não devia vir tão longe Zahara. A voz feminina comentou de onde se sentava na pedra, seu vestido bufante de diversas camadas de saia espalhados ao seu redor como um botão de rosa, mas os olhos dourados, assim como as gavinhas de poder que giravam ao seu redor e de distanciavam, provava que ela estava sempre atenta. —Nao viria tão longe se compreendesse o que ocorre, velha amiga. —Não tem nada profundo minha jovem, o que ocorre, é o que vê. Zahara suspirou, deixando o silêncio cair sobre a clareira, apenas o som distante do rio e risadas carregadas pelo vento desde a vila. —Não tem nada que possamos fazer? A voz tensa da sacerdotisa fez com que a estranha pulasse de seu lugar na pedra e parasse a frente da mesma, tocando levemente sua bochecha. —Não. Não agora. Mas logo. Ela irá precisar de ajuda, de um guia, e eu não posso ajudá-la. Zahara entendeu em parte, mas mesmo assim acenou com a cabeça e a estranha passou por ela —Eu já não sou mais o sufiente, Zahara, não conseguirei tomar esse peso por muito mais tempo. E com essas palavras de despedidas jogadas por cima do ombro, ela desapareceu ao vento, e Zahara, sozinha na clareira, se irritava com sua imponência. Tinha consciência de que não podia fazer muito além de observar e as vezes guiar, mas não podia mentir dizendo que isso lhe agradava. Sim, era seu dever como sacerdotisa e "oráculo", mas não o seu prazer ver tudo aquilo que ama se movendo ao seu redor enquanto ela deve sentar e observar.