Sem arrependimentos

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- Queria te chamar pra fazer alguma coisa... Qualquer coisa. _Dei uma pausa_ Na verdade só queria ver você.

Silêncio. Um longo e constrangedor silêncio. Por um instante não pude ouvir nada além de sua respiração leve do outro lado da linha, e as batidas de meu coração oscilando num rítimo rápido e descompassado. Senti minhas mãos suando frio. Um clima tenso no ar. Mordisquei o lábio inferior sentindo-me estranhamente ansioso e inseguro por a situação, e apertei os olhos pensando na potencial besteira que havia acabado de fazer. Sim, ela deveria estar me achando um completo idiota agora. Um completo idiota.

- Desculpe. - Pedi rapidamente mediante sua falta de pronuncias e a infinidade de pensamentos contrários que pertubaram minha mente - Ainda não são 9 da manhã e eu já estou enchendo você... Quero dizer, eu não quero que me ache desesperado... Ou louco... Mas e que sinceramente...

- Você está desesperado? - Ela questionou-me interrompendo-me sob um tom doce e ao mesmo tempo curioso. - Está? E pelo que estaria deseperado se é que posso saber?

Um novo silêncio. Um perturbador silêncio. Em um milésimo de segundos pensei em todas infinitas respostas que poderia lhe dirigir sem parecer novamente um idiota. Um grande idiota.

- Eu... Eu não sei ao certo Maria... Mas não minto quando digo que quero ver você. Muito mesmo.

Nos calamos.

Ouvi uma breve risada através do fone plugado ao celular. Não era qualquer risada. Era uma risada de satisfação e divertimento, e isso havia aliviado-me instantaneamente. Ela havia gostando da idéia. Havia gostado do que eu havia dito o que me fez pensar que existia reciprocidade neste desejo. Era uma vontade em comum. Esboçei um meio sorriso mediante a positividade minhas constatações. Algo em meu semblante iluminara-se.

_Bom, obrigado por a honestidade de suas palavras Bernardo. Mas... e que eu não entendi muito bem um ponto. -pausou- Você quer ou queria me ver? Existe um abismo de diferenças entre a duas colocações, logo, sugiro que repense o que disse e se expresse de uma forma como eu poderia dizer? Assertiva.

- Eu quero muito. _Me apressei em lhe dizer _ Mais do que normalmente eu costumo desejar ver uma mulher... Não que este desejo me desperte corriqueiramente em muitas mas...

Ela riu novamente interrompendo-me.

- Tá bom... - Disse-me cantarolando as palavras- Eu entendi que não quer parecer... Galinha a meus olhos.

Assenti.

- Eu realmente não quero. - Dei uma pausa- Mesmo porque esta seria uma ótica completamente distorcida da minha pessoa, e... Eu sou um bom samaritano. Acredite.

- Ah! Claro que sim! - Dissera-me em um tom claramente debochado - É um excelente samaritano ! Com uns defeitinhos pois bem mas, um ótimo samaritano ainda assim. - pausou_ Olha Bernardo, não quero julgar vossa samaritanesa mas... Estava bem animadinho em um círculo de garotas na Laico's antes de me conhecer... Estava praticando todo seu senso humano com aquilo? Eu olhei para você a noite toda. E se quer notou isso. Foi bem triste.

- Não olhou não. - Me defendi prontamente.

- É claro que olhei. -Assinalou- Você não pode falar por meus olhos Bernardo. Afinal de contas, estava muito mais interessado em seus amigos e nas loiras siliconadas. - Deu uma pausa- Mas não posso negar que você tem um considerável bom gosto. Eram gatas.

Sorri.

- Só não mais que você. - Constatei

Ela riu.

- Não... Nem se quisessem seriam. Mas... Tudo bem, acho que já superei o fato de você ter discaradamente desfeito de mim a noite toda. E então... Eu tive que inventar a história das tatuagens...

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